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Um grupo de atores do ecossistema de startups está se movimentando desde o mês passado para criar uma organização sem fins lucrativos que vai levantar pelo menos R$1 milhão em 2022 para endereçar problemas sociais e ajudar startups a avançar seus esforços nesta frente.

O movimento em torno da criação do Instituto Startups 4 Good é encabeçado por Michel Porcino, ex-Kria e SP Negócios, e um dos fundadores da comunidade paulistana de founders ZeroOnze e atualmente diretor do Sebrae for Startups, no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Em conversa com o Startups, Michel falou sobre a iniciativa, que nasceu de um desconforto em relação ao posicionamento do segmento a respeito dos problemas sociais do país.

“Me sinto muito mal em ver as coisas acontecendo [no ecossistema], tudo dando certo, unicórnios surgindo e constatar que, fora dessa bolha, tantas pessoas estão passando fome. O objetivo da Startups for Good é furar a bolha da prosperidade”, diz Michel, acrescentando que fundadores dos negócios da nova economia não tem dado a ênfase necessária a iniciativas de impacto social, mas que há uma crescente abertura para o diálogo e ação nesse sentido.

Quem está por trás

A iniciativa é liderada por voluntários do ecossistema e conta com a participação de embaixadores e fundadores de startups. O grupo de articuladores inclui Matheus Bombig, fundador da lawtech Invenis; Nara Iachan e Thiago Brandão, fundadores da Cuponeria; Luisa Cusnir e César Terrin, da startup de nutrição online N2B; Lilian Natal, do Distrito; Daniel Gomes, da fintech Nexoos. Ingrid Barth, do banco digital Linker, Andre Chaco, da plataforma para fotógrafos Fotop e Fabio Carneiro, da plataforma de ofertas Promobit, além de Danilo Picucci, da Abstartups, também são embaixadores do projeto.

O projeto captou mais de R$100mil em termos de receita anual recorrente estimada antes mesmo do lançamento oficial da campanha, previsto para 1 de fevereiro, e prevê mobilizar mais de R$ 1 milhão paras as causas até o final do ano. Até o momento, mais de 60 atores do ecossistema – incluindo os articuladores do projeto e outros executivos de startups e organizações – se comprometeram a fazer contribuições mensais. O grupo de mantenedores inclui a rede social TikTok, os unicórnios Quinto Andar, Loft e Creditas, outras startups como a Delivery Direto, Alura, Quicko, Leapfone, as aceleradoras Darwin e Ventiur, os hubs CUBO e Idexo, da Totvs. O grupo também inclui fundos como a Domo Invest e a Indicator Capital, bem como a plataforma de investimento anjo Investidores.vc, a empresa de inovação corporativa The Bakery, a associação Abstartups, e a agência de relações públicas PinePR.

No dia a dia do projeto, as tarefas relacionadas às campanhas do grupo se dividem entre um squad composto por Michel e Ronan Gabardo, da Invenis, Felipe Maruyama, do hub de inovação do governo de São Paulo IdeaGov, Isadora Azzalin, da edtech Dara. O grupo também inclui Natália Kirsten, da Creditas, além de Fernanda Carpinter e Anayara Viviane. Áreas de foco para o instituto, que está em meio aos trâmites de formalização, devem incluir outras mobilizações e orientação para startups em pautas relacionadas a meio ambiente, social e governança (ESG).

Causas urgentes e ações de longo prazo

Em paralelo ao processo de abertura da ONG, a arrecadação de fundos para apoiar causas como o combate à fome coexiste com ações de mobilidade social. Através da iniciativa Startups contra a Fome, conduzida em parceria com o G10 das Favelas, 300 famílias lideradas por mães pretas solo e desempregadas de Paraisópolis, favela da zona sul de São Paulo, receberão R$300 mensais para comprar alimentos no comércio local por um ciclo de 6 meses, que pode ser renovado. Ao mesmo tempo, a iniciativa deve atuar em projetos focados na geração de renda e empregabilidade junto às startups participantes da campanha.

“Queremos não só atuar nas questões urgentes, mas também dar suporte para que as famílias saiam de uma situação vulnerável”, diz Michel. A ideia é ofertar às famílias assistidas uma espécie de “cardápio” de capacitação, em que as pessoas poderão ter acesso a treinamento em profissões ditas tradicionais, mas também desenvolver competências procuradas por startups, como programação e outras funções sem um componente explicitamente tecnológico, como vendas.

Projetos nesta frente incluem iniciativas com a Fotop, na formação de profissionais da área. A Programadores do Amanhã, de Cleber Guedes, também deve contribuir para o projeto na formação de programadores no público atendido pela campanha da Startups 4 Good.

“Vamos fazer um diagnóstico para entender as necessidades e demandas, para então expandir as parcerias”, diz Michel, que tem grandes expectativas para os próximos meses em relação a iniciativa. “Espero poder ver, em breve, pessoas compartilhando histórias sobre as oportunidades que foram criadas”, conclui.

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