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Avaliada em US$ 2,2 bi, Loft levanta US$ 425 mi e prepara caminho para IPO

Avaliada em US$ 2,2 bi, Loft levanta US$ 425 mi e prepara caminho para IPO

Ainda com dinheiro da série C feita no começo de 2020 em caixa, a Loft fechou uma nova rodada de US$ 425 milhões. A série D avaliou a companhia em US$ 2,2 bilhões (post money) e pode ser considerado um pré-IPO pelo perfil dos investidores que participaram.

O aporte foi liderado pelo fundo de hedge americano D1 (que investe em companhias como Instacart, Robinhood, Snowflake e SpaceX). Também entraram o fundo de pensão canadense CPPIB, o fundo soberano de Cingapaura, o GIC, e os fundos Advent International, Altimeter Capital, Tiger Global, Silver Lake, DST Global, Soros e Tarsadia Capital.

Andreessen Horowitz, Caffeinated Capital, Fifth Wall Ventures, Monashees, QED Investors, Vulcan Capital e Zigg Capital, que já tinham investido na companhia anteriormente, acompanharam. Nesta fase, investidores costumam deter pelo menos 70% de uma companhia.

Em entrevista ao Startups, Mate Pencz, co-fundador e presidente da Loft, diz que a rodada foi “oportunística”, já que a companhia não precisava de recursos neste momento. “Ainda temos uma boa parte da série C, então quando os fundos vieram nos procurar no 2º semestre, estávamos em uma posição confortável”, disse ele, explicando que, por conta da pandemia, a Loft segurou os gastos e se planejou para “esticar” o que tinha em caixa por um prazo de 2 a 3 anos (assim como fizeram a maior parte das startups). Somando o que ela levantou na rodada atual ao que ainda tinha da série C, o caixa disponível fica na faixa de R$ 3 bilhões, diz Pencz.

Uso dos recursos

No curto prazo, o objetivo é acelerar o que a companhia já vem fazendo: ganhar relevância nos bairros e cidades onde atua e ampliar sua atuação para novas cidades. Até o fim do ano a Loft vai entrar em mais 3 capitais, dentre elas Porto Alegre. Hoje ela opera apenas no Rio e em São Paulo. No médio prazo, o plano é avançar no projeto de expansão pela América Latina. A companhia ensaiou uma entrada no México no começo de 2020, mas não chegou a avançar nessa frente por conta da pandemia.

A Loft nasceu em 2018 com o modelo de compra e reforma de imóveis para revenda, o chamado ibuyer, e depois adicionou as opções de anúncios (marketplace) e também de aluguel. De acordo com Pencz, a operação de marketplace está no centro da estratégia hoje por permitir maior escala de atuação. “O ibuyer é estratégico, é uma boa isca que acende o interesse pelo marketplace. Mas com o marketplace você consegue atingir 100% do mercado e a gente quer ter uma proposta abrangente, atuar em todos os bairros e capitais da América Latina”, disse.

Perguntado sobre o IPO, Pencz disse que ainda não há uma data prevista e que a companhia pode fazer mais uma rodada antes de buscar este caminho – o que é o mais provável já que ela ainda precisa ganhar mais escala e colocar à prova sua tese de player latino-americano.

O mercado imobiliário ficou praticamente congelado no 2º trimestre do ano passado por conta da pandemia, mas voltou a crescer no 3º e no 4º. A Loft não abre detalhes de suas finanças. Diz apenas que tem 15 mil anúncios ativos em seu site. Há um ano, eram mil. “Com o caixa adicional a gente ganha um colchão para poder fazer uma nova rodada. Mas o caminho de um IPO e temos os parceiros para isso”, disse.

Em entrevista ao Valor em dezembro/19, a companhia disse que até outubro daquele ano, ela acumulava R$ 610 milhões em volume bruto de vendas (GMV), com 800 transações de reforma e venda. A meta era chegar ao fim do ano com uma carteira de imóveis à venda (métrica conhecida no setor imobiliário como valor geral de vendas, ou VGV) de R$ 2 bilhões. Naquele momento o indicador estava em R$ 1,4 bilhão. Na época ela ainda não atuava como marketplace.

Com a série D, a Loft chegou a US$ 700 milhões levantados em 4 rodadas. Ela também tem R$ 500 milhões em fundos imobiliários usados para financiar sua operação de compra de imóveis. Seu modelo de negócios é baseado na comissão que ela recebe pela intermediação de operações como a venda dos imóveis, as reformas feitas neles, a liberação de crédito, contratação de seguros, etc.

Para Pencz, essa proposta de plataforma, onde o comprador pode resolver todas as etapas do processo (incluindo a emissão da escritura), quase como um site de comércio eletrônico tradicional, é o que diferencia a Loft de concorrentes como a OLX, que comprou o grupo Zap, e o Quinto Andar. Sobre possíveis aquisições, o executivo diz que é possível agora pensar em negócios de maior porte, “transformativos”. A Loft fez três aquisições pequenas: Spry, Decorati e Uotel (as duas primeiras do portfólio da Canary, gestora co-fundada por Pencz e seu sócio Florian Hagennbuch). A ideia é olhar para áreas complementares à atuação da companhia, mantendo o core (marketplace) com crescimento orgânico.