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A Beenx inicia hoje as operações em todo o país com a missão de ser um one-stop-shop para a negociação de energia elétrica, certificados de energia limpa e produtos financeiros. A companhia afirma ser a primeira infraestrutura de mercado de energia em blockchain na América Latina, oferecendo integração de ponta a ponta com um modelo de gestão de backoffice, de riscos e outros serviços ligados à operação de trading.

A startup nasceu das iniciativas de open innovation de grandes empresas brasileiras. A partir de 2019, a AES Brasil e a Fohat Corporation, companhia de inteligência energética, se uniram em um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criação de  solução para a negociação de energia e certificados de energia limpa. No ano seguinte, a Eneva, empresa integrada de energia, juntou forças em outra iniciativa de ferramentas para integração do backoffice ao pós-trading das comercializadoras.

“Queríamos endereçar essa esteira de problemas porque o mercado livre de energia [ambiente competitivo no qual empresas geradoras, comercializadoras e consumidoras podem negociar livremente o fornecimento de energia elétrica] está expandindo”, explica Igor Ferreira, CEO da Beenx e fundador da Fohat, em entrevista ao Startups. A empresa nasce como um spin-off da Fohat, que converteu recursos de P&D em ações da Beenx. Ao mesmo tempo, a startup foi ao mercado com um processo tradicional de captação.

Para a fundação, a companhia contou com um investimento inicial de R$ 10,5 milhões, somando os projetos de P&D e aportes de fundos de investimentos. A rodada seed, que ainda está em captação, já conta com o Açolab Ventures, fundo de corporate venture capital da produtora de aço ArcelorMittal que injetou R$ 3,5 milhões no projeto, e com o Goodz Capital, fundo early stage que fechou um cheque de R$ 1 milhão para a iniciativa.

A proposta é oferecer aos compradores e vendedores mais segurança, transparência e isonomia na composição de preços, além de reduzir os riscos de inadimplência e custos operacionais. Na prateleira de serviços, a plataforma oferece contratos físicos de compra e venda de energia, centralização de documentos e uma esteira de contratação de seguros.

Além disso, companhia está providenciando o International REC Standards (I-RECs), certificado global que possibilita o comércio de certificados de energia renovável e ajuda empresas com suas metas de ESG, e fechando uma parceria com um player do setor de gás para oferecer contratos de compra e venda na plataforma.

De acordo com a Beenx, empresas que negociam no mercado livre de energia correspondem a quase 40% da energia consumida no Brasil. Essa participação deve aumentar a partir de janeiro de 2023, quando novas regras para a migração ao modelo se estenderem para uma nova parcela de clientes livres, e também janeiro de 2024, quando todos os clientes pertencentes ao Grupo A, de alta tensão, poderão migrar para o mesmo ambiente.

Igor Ferreira, CEO da Beenx
Igor Ferreira, CEO da Beenx (Foto: Divulgação)

Perspectivas de mercado

A Fohat é a principal controladora da Beenx, mas sua participação deve diminuir a cada novo aporte. “Vamos diluindo o controle à medida que fizermos outras captações e trouxermos novos investidores”, explica Igor. Segundo o CEO, um dos pilares da companhia é a governança corporativa compartilhada. “O setor elétrico é composto por diferentes agentes – comercializadoras, geradoras, clientes e outros. Todos podem fazer parte do negócio entrando nas rodadas, ajudando a escalar a startup e ganhando participação na governança da empresa”, pontua.

O executivo enxerga no mercado atual muito mais oportunidades de colaboração do que concorrência. Os players que se destacam são a B3, que em janeiro lançou uma plataforma para negociação de balcão em energia, e o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), que atende aos interesses das comercializadoras. “A Beenx surge como alternativa junto aos grandes consumidores de energia. Não vejo neste momento uma relação direta de concorrência; O mercado ainda está se abrindo e os players têm posições e segmentos diferentes. Vejo muito mais possibilidades de fazer parcerias”, analisa Igor.

Os parceiros ArcelorMittal, Eneva e AES Brasil já operam na plataforma. Para março de 2023, a expectativa é ter pelo menos 50 empresas negociando por lá. Metas internas de volume de energia negociada ainda não são divulgadas. A companhia tem sede em São Paulo e já nasce com operações em todo o Brasil, com uma equipe de cerca de 15 pessoas dedicadas à infraestrutura de suporte e tecnologia. 

A Beenx visa endereçar questões como a política 3D (Digitalização, Descentralização e Descarbonização) e a necessidade do setor produtivo melhorar o seu ranking ESG. Segundo Igor, a startup também está de olho nas tendências em outros países latinos e já está monitorando os americanos no Chile e na Colômbia.

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