Em sua 3ª rodada de captação a rede de anjos BR Angels conseguiu um comprometimento (soft commit) adicional de R$ 20 milhões de membros atuais e novos.
O montante é quase a metade do que a rede conseguiu em seus dois batchs anteriores, e deixa a BR Angels com um total de R$ 45 milhões disponíveis para investir. “Abri 100 posições e tenho 131 reservas. Estamos selecionando quem vai ficar”, diz Orlando Cintra, idealizador e presidente da rede. De 60% a 70% dos interessados são de pessoas novas para a rede. Com isso, a BR Angels chega a 150 associados.
Neste 3º batch, o objetivo é fazer de 8 a 12 investimentos em empresas com atuação B2B com cheques entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões. O alvo é mais alto que a faixa de R$ 300 mil a R$ 1,5 milhão que a BR Angels buscou nos batches anteriores. “Conseguimos reconhecimento no mercado e várias startups passaram a nos procurar buscando cheques maiores. Os associados também passaram a querer investir mais”, diz Cintra.
Desde que começou a operar em, 2019, a BR Angels fez 7 investimentos que somaram R$ 10 milhões. Na lista estão Chiligum, Dialog, Homeagent, iRancho, Mindminers, NVoip e Vuxx. Até o fim do ano, o objetivo é ter um total de 20. “Estamos com 3 investimentos em negociação, sendo 1 em assinatura e mais 2 em 30 dias. A maquininha se provou”, diz. Ao contrário do que ele esperava inicialmente, a pandemia aumentou o interesse pelos investimentos em startups e as reuniões remotas fez com que mais associados participassem das conversas. O engajamento no presencial ficava na faixa dos 60% e subiu para 80% da base.
A BR Angels não definiu um prazo para abertura de rodadas de captação, mas eles têm acontecido em intervalos de 6 meses. “A filosofia não é varejo, fazer volume. Acreditamos na qualidade. A gente não consegue fazer o smart no volume. Temos que nos concentrar”, diz.
Perguntado se há interesse em estruturar um fundo propriamente dito, Cintra diz que isso pode vir a acontecer no futuro, mas não é o objetivo por enquanto por conta das diferenças nas dinâmicas de funcionamento de um fundo e de um grupo de investimento. “Um fundo toma as decisões em nome dos investidores, e no BR Angels as decisões de investimento são dos associados. Com isso entendemos que usamos a inteligência coletiva e conseguimos aplicar melhor a dinâmica das mentorias”, diz.
De acordo com Cintra, a ideia é olhar para fintechs, edtechs e healthtechs em especial, mas não há preferência por segmentos específicos. Um preceito é não investir em companhias que sejam concorrentes. Outra proposta é criar um ecossistema, com empresas que podem vir a ser fornecedoras umas das outras.
Segundo Orlando, o diferencial da rede é trazer, de fato, o poder de conexão e mentoria dos executivos que participam como anjos. Dos associados, mais de 70% são presidentes, sócios-fundadores ou membros de conselhos de companhias como Movida, HP, Stefanini, Vale, Bayer, Delta e Hidrovias do Brasil.
A ideia de criar a BR Angels veio de Cintra. No começo de 2019, o então executivo da SAP, que já investia em alguns grupos de anjos, acionou 6 amigos com a ideia de formar um pequeno pool para investir em startups. O nome foi dado por ele em caráter provisório, mas acabou pegando e nunca foi trocado. O grupo de 6 pessoas cresceu para 10, depois para 30, 50, 100 e agora 150. A associação é sempre feita mediante indicação.
Quem está no grupo se compromete a investir pelo menos R$ 200 mil em um prazo de 2 a 3 anos e a contribuir com 3 a 4 horas de mentoria por mês para as startups. “Aqui não é raspadinha de rico. O associado/associada que achar que vai ficar na janela só olhando vai ficar para trás. Eu sei exatamente quem faz e quem não faz”, diz. Segundo Cintra, no batch 3, por exemplo, ele diz que tem preferência a trazer pessoas novas, que possam ajudar as startups, do que permitir novos investimentos de associados que não têm sido muito ativos com os negócios do portfólio.
A saída de membros é baixa, mas quem precisa deixar o grupo deve nomear um/uma substituto/substituta. Falando em questão de gênero, Cintra diz ter buscado ativamente ampliar o número de mulheres. “Temos mais no 3º batch do que nos dois anteriores. Foi um trabalho proativo que deu muito efeito”, diz.
Jornalista com mais de 15 anos de experiência acompanhando os mundos da tecnologia e da inovação, com passagens pelo DCI, Sebrae-SP, IT Mídia e Valor Econômico. Fundador e Editor-Chefe do Startups.com.br.