Ter uma conta no exterior era algo quase impossível para brasileiros até uns 3 anos atrás. Mas isso já deixou de ser um luxo, algo restrito aos ricos e famosos e hoje ganha mais uma opção com o lançamento da Broad. Se bem que na conjuntura econômica atual, o luxo mesmo é ter dinheiro para tal…
Em fase de piloto desde o fim de 2021, o neobanco oferece um cartão de débito Mastercard e a possibilidade de manter saldo em 3 moedas: dólar, euro e libra. “Queríamos lançar já com as 3 e não ir crescendo as opções porque elas representam mais de 50% dos gastos dos brasileiros no exterior. E nossa proposta é ser abrangente”, diz Marcos Pileggi Filho, fundador e presidente da Broad. Além de compras, a conta pode ser usada para receber e transferir dinheiro entre países da União Europeia e também na Inglaterra.
Nascida em 2019 quando Marcos estudava na terra da rainha, a fintech tem como cofundador e diretor de tecnologia Juliano Alves. Entre janeiro e março de 2021, ela passou pelo programa de aceleração da Y Combinator. Além da YC, ela recebeu dinheiro de outros investidores, mas Marcos não revela seus nomes nem valores envolvidos. “A Broad está resolvendo um grande problema para brasileiros que têm gastos no exterior. O Marcos e o Juliano entendem bem essa questão e estou muito animado de vê-los colocando essa solução no mercado”, disse Dalton Caldwell, Managing Director da Y Combinator, em comunicado.
Competição acirrada e diferenciais
A lista de opções de contas internacionais para brasileiros está variada. Nela estão nomes como Nomad, Avenue e Passfolio. Stake e Sproutfi também estão na briga pelo (cada vez mais) suado dinheirinho dos brasileiros, mas de olho mais no público investidor, sem opção de conta corrente (pelo menos por enquanto).
O C6 tem cartões em moeda internacional e XP e Warren já anunciaram que terão opções de contas em breve. O Itaú entrou na onda, mas ainda restrito a clientes endinheirados. “O problema dos gastos internacionais é uma dor gigante, por isso a gente enxerga de forma positiva que haja competição”, diz Marcos.
Segundo ele, para se diferenciar, a Broad chega com a proposta de praticidade e economia com taxas, mas também com um componente de comunidade. Uma das funcionalidades é a possibilidade de dividir despesas durante uma viagem.
Precisa rachar a conta do restaurante ou do hotel? É só mandar o valor a ser dividido para quem está viajando com você e a transferência acontece na hora por meio da conta da Broad. A ideia é que esse componente social ganhe mais opções com o tempo e gere um efeito de rede que vai ajudar a fintech a ganhar mais clientes. Marcos não quis abrir nenhuma expectativa de crescimento. “Estamos em beta desde o final do ano passado e por isso estamos muito felizes de anunciar nosso lançamento hoje”, afirma.
O modelo de negócios da Broad está baseado na tarifa de intercâmbio recebida da Mastercard de acordo com o volume de uso do cartão e no spread no câmbio cobrado feito pelos clientes nos seus depósitos. De acordo com Marcos, a proposta é de não cobrar mais do que 2% nessa modalidade. O fundador não abriu valor exato que será cobrado, nem se vai haver algum programa de benefícios que reduz o percentual em virtude do uso, como a Nomad faz.
No Brasil, a Broad tem como parceira de câmbio a Ourinvest (divisão que não foi comprada pelo BTG já que a negociação de 2020 envolveu só a distribuidora de títulos). Na Inglaterra, a estrutura de banking é oferecida pela Paynetcis.