A BRX Finance, joint venture criada pela Transfero e a Fuse Capital, fechou uma parceria com a startup Jobis para a criação de uma plataforma que permite que trabalhadores autônomos antecipem seus ganhos por meio de crédito em blockchain. A ideia é facilitar a gestão da renda mensal desses profissionais que recebem de forma fragmentada.
Funciona da seguinte forma: o profissional baixa o aplicativo “Jobis – Salário para Autônomos” e cadastra seus clientes, informando quanto irá receber de cada um. O valor final do salário é calculado de acordo com a quantidade de clientes que o profissional autônomo tem naquele determinado mês. No dia 1 de cada mês, o profissional então irá receber um Pix com o salário total. Para isso, é cobrada uma taxa de gestão de 10% sobre esse valor.
Por exemplo, uma psicóloga que possui 10 clientes que pagam, cada um, R$ 100 por mês, passa a receber de maneira antecipada já no primeiro dia do mês um total de R$ 900. Esse valor já considera a taxa de gestão de 10%, ou seja, de R$ 100.
Esse tipo de antecipação já era oferecida pela Jobis, mas agora ganha vantagens com a tecnologia blockchain da BRX. Isso porque, sem o blockchain, esse tipo de operação teria que ser feita por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), o que torna os pagamentos mais engessados, com depósitos apenas aos dias úteis, por exemplo. Agora, o valor cai sempre no dia 1, mesmo que seja durante o fim de semana ou feriado.
Custos mais baixos
Além disso, João Zecchin, sócio fundador da BRX Finance, explica que o custo das operações com blockchain são mais baixos. Se a operação fosse feita com FIDC, o custo seria em torno de 15%, em vez dos 10% cobrados atualmente. “Essa taxa engloba o custo de capital e a estrutura operacional. Não é uma taxa barata, mas quando se compara com operações com o mesmo nível de risco, tem um custo mais baixo”, aponta João, em entrevista ao Startups.
Para reduzir os custos da operação, a Jobis trabalha apenas com profissionais que tenham algum tipo de comprovação dos recebíveis, como notas fiscais. O nicho atendido pela empresa são prestadores de serviços recorrentes e de fácil interrupção, como psicólogos, terapeutas, professores particulares, personal trainers, transporte escolar, entre outros, o que corresponde a um grupo de cerca de 2 a 3 milhões de profissionais no Brasil.
Segundo João, a ideia é ampliar esse serviço para trabalhadores informais no futuro. “A estruturação de crédito sem lastro nenhum encarece a operação, mas estamos desenvolvendo uma metodologia para tornar isso possível”, afirma.
Matheus Pessanha, fundador e CEO da Jobis, conta que pretende aumentar a oferta de produtos para além da antecipação do salário, entrando no segmento de seguros, por exemplo.
“Esse é o nosso primeiro produto. Pensamos em construir outros, e tudo que fizermos a partir de agora será via blockchain e De-Fi (finanças descentralizadas), que aumentam muito o nosso poder de escala e nos permitem internacionalizar mais rapidamente”, diz.
Além disso, o fundador da Jobis destaca que a parceria com a BRX permite alcançar novos perfis de investidores para os produtos de crédito. “Para mim, enquanto fundador, é muito bom que exista alguém como a BRX, porque eu consigo fazer contato com investidores que estão acostumados a investir via blockchain e que talvez não estivessem interessados em um FIDC. Isso torna meu custo operacional mais acessível”, acrescenta.