A bxblue, um comparador de empréstimos consignados para servidores públicos e pensionistas, recebeu uma rodada de R$ 38 milhões. A série A da fintech foi liderada pela Igah Ventures (antiga e.bricks) e contou com a participação da Iporanga, do FundersClub e de anjos que já investiam na companhia. O FJ Labs, do fundador da OLX, Fabrice Grinda, também entrou. Com o aporte, a bxblue soma R$ 43,2 milhões captados em 4 anos de vida.
O valuation da companhia não foi revelado, mas estimativa feita pelo Startups indica um valor na casa dos R$ 160 milhões, para uma receita na faixa de R$ 20 milhões.
Na foto: Os fundadores da bxblue: Fabrício Buzeto (à esq.), Gustavo Gorenstein e Roberto Braga
Desde sua fundação a bxblue intermediou R$ 500 milhões em empréstimos. Atualmente ela atua com 4 bancos bancos em seu marketplace, com juros que começam em 0,99%. Para 2021 o plano é chegar a 10 parceiros e passar de R$ 1 bilhão em volume de empréstimos gerado para os bancos. Com isso, a companhia pretende multiplicar sua receita por 5.
Segundo Gustavo Gorenstein, cofundador da companhia, a bxblue atingiu o tão buscado product market fit, o que abriu espaço para a nova captação. Segundo ele, os bancos parceiros têm compartilhado informações de custo operacional e inadimplência com a companhia e as instituições estão começando a procurá-la para se integrar ao seu marketplace (inclusive se dispondo a pagar por esse processo). Do lado dos clientes, a satisfação tem atingido níveis altos. “Os economics estão começando a funcionar também. Em 2020 tivemos meses com cash flow positivo, o que nos colocou em uma boa posição na negociação da rodada”, diz. Segundo ele, a geração de caixa foi uma surpresa para a companhia que chegou a crescer 50% em alguns momentos do ano por conta da demanda por empréstimos em meio à pandemia.
Com os recursos captados, a bxblue pretende contratar cerca de 70 profissionais em todas as áreas, chegando a 120 pessoas no fim do ano. A ampliação da equipe dará mais escala à operação e ajudará a criar novas ofertas, como a portabilidade do crédito entre instituições, que não está disponível hoje. “Só furamos a bolha, ainda estamos no piso do que pode ser feito”, diz Gorenstein.
O mercado de consignado público tem R$ 400 bilhões emprestados no Brasil e tem sido pouco explorado pelas fintechs. A MeuTudo, que ano passado recebeu uma rodada de R$ 12 milhões da DOMO Invest, também está no consignado público, e começou originar os próprios empréstimos. Mas a competição está mais acirrada no segmento privado, com nomes como Creditas (cujo fundador, Sérgio Furió, é investidor anjo da bxblue) Facio e atacando este filão. “Espero que elas entrem no público também para ser mais opção para o nosso marketplace”, diz Gorenstein. Segundo ele a bxblue pretende manter seu foco no segmento público e não em entrar no crédito privado no próximos dois anos, pelo menos. Sobre gerar os próprios recursos como a maior parte das fintechs tem buscado fazer também está fora dos planos. “Acho que estamos na melhor parte da cadeia. Entendemos bem o usuário, o que ele precisa e o mercado já tem boas opções de empréstimos a custo baixo”, diz.
Na avaliação de Márcio Trigueiro, sócio da Igah responsável pelo aporte na bxblue, a companhia não precisa reinventar o mercado de consignado para ser um negócio grande por conta do tamanho da oportunidade. Para ele, o grande competidor da companhia hoje é o pastinha. “Se o mercado crescer para R$ 500 bilhões em 5 anos em uma estimativa conservadora e a bxblue pegar 5%, são R$ 25 bilhões. E se ela ficar com 2% disso, um número também conservador, quanto vale um negócio desses?”, comenta. Segundo ele, o fato de os três fundadores terem relação com o setor público – a bxblue nasceu em Brasília e os fundadores são casados ou têm parentes no setor público – deixa a companhia em uma boa posição para conhecer e entender as demandas desse mercado.
O primeiro aporte da Igah na bxblue aconteceu logo no início da companhias, com a compra de uma fatia mito pequena, de cerca de 1%, segundo Trigueiro. De lá pra cá, o desenvolvimento do negócio foi sendo acompanhado, o que facilitou as conversas para a série A. A rodada foi fechada em cerca de 3 meses. “Ela se encaixa muito bem na nossa tese de usar tecnologia para atacar ineficiências do Brasil”, diz Trigueiro.
Jornalista com mais de 15 anos de experiência acompanhando os mundos da tecnologia e da inovação, com passagens pelo DCI, Sebrae-SP, IT Mídia e Valor Econômico. Fundador e Editor-Chefe do Startups.com.br.