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A área de RH das empresas é sofrida. Leva porrada o tempo todo com críticas de ser lenta, burocrática e pouco antenada. A avaliação tem um fundo de verdade, claro – se não, nem existiria – mas isso tem mudado nos últimos tempos com o avanço das startups voltadas especialmente para produtos e serviços para RH, as hrtechs.

Mas com o aumento da oferta, aumentou também a complexidade. Adotar novas tecnologias e serviços para os colaboradores virou sinônimo de gerenciar um punhado de fornecedores. “hoje em dia o RH tem que ficar negando reunião”, diz Eduardo del Giglio, cofundador e presidente da Caju.

A startup que nasceu em 2019 para atuar no segmento de benefícios, com um cartão que pode ser usado de forma flexível, enxergou essa demanda e está evoluindo seu modelo para ser uma espécie de cola de serviços para o RH. A ideia é que o um funcionário, uma funcionária, tenha, de forma simples e rápida, dentro da Caju o “tíque” alimentação e refeição, mas também opções como seguros, previdência e serviços financeiros. Eles poderão ser oferecidos por meio de parceiros ou criados pela própria Caju. “Estamos tendo conversas em todas as frentes. Queremos oferecer serviços ao colaborador, não só o benefício colocar as soluções no centro para ele”, diz Eduardo.

A companhia já vem colocando o plano em prática com a oferta de seguros com a 180º e uma opção para que o RH marque eventos para colaboradores, como um happy hour, e já coloque o compromisso na agenda deles, junto com um crédito no cartão. Essa funcionalidade desenvolvida internamente.

Mas a ideia é acelerar a estratégia. Para isso, ela acaba de fechar uma rodada de série A de R$ 45 milhões. O investimento foi liderado pela Valor Capital e pela Caravela Capital e coliderado pela Volpe Capital, do ex-SoftBank André Maciel. Este, aliás, é o 2º investimento feito pela gestora lançada no fim de 2020. O 1º foi na UOL Edtech, junto com a SoftBank. Também entraram Picus Capital, FJ Labs e Clocktower Technology Ventures.

Há 1 ano, a Caju tinha recebido uma série A de R$ 13 milhões coliderada pela Valor e pela Canary. A Canary, aliás, foi o berço da companhia. Depois de sair da McKinsey, Eduardo passou uma temporada por lá como empreendedor em residência – posição que prevê a incubação de gente e ideias -, período em que formatou a proposta da Caju.

Ano passado quando começou a se falar muito sobre as startups de benefícios flexíveis, circulou no mercado um murmurinho de que a o negócio teria sido criada com base no modelo proposto por uma outra companhia depois que investidores se sentiram escanteados por não terem entrado na rodada que ela fez. Eduardo rebate a história. “Você acha que esses investidores fariam isso? For que, se te desse a apresentação de uma empresa, você faria exatamente o que aquela empresa é?”, questiona.

Hoje com 40 pessoas no time, a Caju pretende dobrar o número até o fim do ano. O incremento tem como objetivo suportar a meta de chegar a 1 milhão de funcionários atendidos em 2022 na América Latina. Perguntado sobre a base atual, Eduardo diz que o número não é revelado, mas que a companhia atende companhias “legais” como Loft, Rappi, Wildlife, Olist e Pipefy.

O foco em empresas de tecnologia foi natural para a Caju pela proximidade com esse mundo e também pelo interesse mais premente delas em ter diferenciais para seus funcionários. O esforço agora é romper a barreira do mundo tech e avançar mais rapidamente em nomes mais tradicionais. Hoje ela já atende nomes como SKF, Armac e Bemol. Segundo ele, os grupos de WhatsApp de pessoas que discutem questões de RH são o principal canal de vendas para a companhia.

Sobre competição, Eduardo usa o clássico argumenta de que o mercado é grande e suporta vários players. Ele acrescenta que cada empresa tem sua oferta, sua especialização, não são todas iguais. Para ele a disputa entre as startups não será uma questão de o mais capitalizado leva tudo. “Capital não é mais uma vantagem competitiva. Todo mundo tem acesso. Mas o que esse dinheiro vira é que faz a diferença”, avalia.

Ele também diz acreditar que os grandes nomes do setor de benefícios – Alelo, Sodexo, Ticket e VR -, que têm se movimentado para se adaptar aos novo tempos e demandas, vão continuar tendo dificuldades. “É como os bancos e as fintechs. Os bancos copiaram várias coisas, mas ninguém conseguiu copiar de verdade. Copiar produto é fácil. Difícil é copiar time, cultura”, diz.

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