A Cargo X, que já foi apelidada de Uber da logística ao conectar caminhoneiros e cargas, antes de mudar seu modelo de negócios, virou um unicórnio. Mas não da forma que você está pensando.
Na verdade, quem ganhou o status mítico foi a Frete.com, uma holding criada para a abrigar a união da Cargo X, que em meio à pandemia se transformou em uma fornecedora de tecnologia para transportadoras, com a FreteBras, plataforma de fretes que tinha investidores em comum com a Cargo X. Além das duas, foi incorporado um negócio recém-criado, a FretePago, uma espécie de MercadoPago com serviços financeiros para transportadoras e caminhoneiros.
Cada empresa vai operar de forma independente, com sua própria gestão e equipe. Federico Vega, fundador da Cargo X, passa a responder pela Frete.com.
Novo status
A “promoção” a unicórnio – sem o valor exato de quanto a companhia passou a valer, só com a menção de ser mais de US$ 1 bilhão – aconteceu com um aporte de série F US$ 200 milhões recebida pela companhia. A rodada, que também contou com uma parcela secundária significativa, mas, que não teve o valor divulgado, foi liderada pela SoftBank e pela Tencent. É a 2ª grande movimentação do grupo chinês no país nas últimas semanas. No fim de outubro ela anunciou sua participação na rodada mais recente da Omie.
Também entrou na rodada da Frete.com a Reinvent Capital, que tem entre seus sócios Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, e que nunca tinha investido em uma empresa na América Latina.
Ainda participaram Valor Capital, LightRock, BTG Pactual, o conglomerado de infraestrutura Pattac, os multi-family offices OIKOS e PIPO e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID Invest) e investidores pessoa física, como Henry Kravis, um dos K´s da gestora KKR e Jeb Bush, ex-governador da Flórida (EUA). O BofA Securities atuou como assessor da Frete.com.
Segundo Federico, a ideia de criar a holding veio da proposta de criar um ecossistema de ofertas, um one-stop-shop que ataca diferentes dores de um mercado que é muito fragmentado. “A maior empresa de logística da região [a Júlio Simões] tem 0,5% do mercado”, diz.
Planos
De acordo com ele, a nova rodada chega no momento em que a companhia não precisa de caixa, já que nem gastou os US$ 80 milhões da captação feita no começo do ano passado.
A ideia é usar os recursos para promoção da nova marca, a Frete.com, e também quase triplicar a equipe até o fim do ano que vem, passando dos atuais 1,3 mil para 3,5 mil.
Grande parte dessa ampliação do quadro virá do processo de expansão internacional que vai começar pela Argentina (terra natal de Federico). “Já temos muitos caminhões indo pra lá ou para o Paraguai e voltando vazios e demanda de empresas desses países para vir para o Brasil também”, diz.
Segundo ele, a internacionalização acontecerá majoritariamente de forma orgânica, já que não há grandes competidores a serem integrados para dar escala ao negócio. As aquisições, no entanto, não estão descartadas, especialmente na área de fintech, mas devem seguir o modelo de acqui-hire (ajudando a trazer talentos e conhecimento para a equipe). “Somos uma empresa que constrói, não que compra. Quando você constrói a cultura corporativa fica mais forte”, diz.
Perguntado se essa seria uma rodada pré-IPO, Federico diz que a companhia tem porte para tal, mas que ainda não dá para dizer se esse será o caminho escolhido ou não. “Se for melhor para captar recursos essa será a opção”, diz.