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O empreendedor social Celso Athayde formaliza hoje (8) o lançamento do Favelas Fundos, veículo com target inicial de R$ 50 milhões como parte de uma estratégia para acelerar o desenvolvimento de negócios de base tecnológica nascidos na favela.

O fundo de venture capital, cuja criação foi adiantada pelo Startups há algumas semanas atrás, deve apoiar startups de diversas áreas de atuação e níveis de maturidade com capital e capacitação. O fundo será administrado por Evanildo Barros Júnior, investidor e empreendedor com negócios atuantes em áreas incluindo tecnologia, dados e pesquisa – como o Instituto Locomotiva, empresa da qual é co-fundador. Assim como Celso, Evanildo também investirá no veículo como pessoa física.

Esta não é a primeira incursão de Celso em investimentos. Depois de ter vendido sua participação na empresa de microcrédito Avante, o empreendedor e fundador da Central Única das Favelas (CUFA) aportou R$ 2,5 milhões em 2017 nas empresas do grupo inicial da Favela Holding, conglomerado que hoje conta com 22 negócios em diversas áreas de atuação. Segundo Celso, ganhador do Prêmio de Empreendedor de Impacto Social e Inovação pelo Fórum Econômico Mundial em 2021, o novo fundo é uma evolução:

“Mais uma vez, estou saindo do modelo convencional, de buscar recursos nas famílias, nos fundos. Meu compromisso é que este fundo exista”, diz o empreendedor social, em entrevista ao Startups. “Por outro lado, este novo veículo tem o sentimento, conhecimento territorial combinados a uma gestão profissional, a voz de Harvard: trata-se de um fundo poliglota, que fala inglês, português e favelês.”

Além de Celso e Evanildo, o grupo de investidores do Favelas Fundos inclui 13 empresas da Favela Holding. O grupo inclui a Comunidade Door, agência de comunicação liderada por Leo Ribeiro, que fechou 2021 com um faturamento de mais de R$26 milhões e tem entre seus clientes a Natura, Globo e as quatro maiores empresas de telefonia do país. Outras empresas da Favela Holding e seus respectivos sócios que estão entre os apoiadores do fundo são a Data Favela, empresa de pesquisa criada por Celso e Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, e a empresa de telefonia Alô Social, liderada por Evandro Bei.

Segundo Celso, a ideia é empenhar os primeiros R$20 milhões em um primeiro grupo de startups. Cada uma das companhias da Holding que se comprometeram a entrar fizeram reservas para compor o restante do capital, que será disponibilizado imediatamente após o empenho do valor inicial.

A capacidade de investimento dos negócios da Favela Holding é, por si só, uma demonstração do potencial dos negócios da favela, diz o empreendedor social. “É como se tivéssemos feito um teste, um fundo piloto que não sabíamos muito bem como fazer, mas que deu certo – a ponto de ter as próprias investidas apoiando este novo veículo,” diz o empreendedor, sobre os frutos gerados pelo seu investimento inicial há cerca de seis anos atrás.

Próximos passos

O fundo criado por Celso já tem uma nova fase no horizonte. Em seu próximo momento, o Favelas Fundos já terá entendido a demanda por investimentos e demonstrado as oportunidades de negócios de tecnologia da favela; neste ponto, o fundo deve expandir para acomodar a demanda de agentes externos, que poderão entrar com capital e expertise em desenvolvimento de negócios.

“Entendemos que não precisávamos buscar capital fora para convencer [investidores] de que isso é um negócio diferente num primeiro momento”, diz Celso. “Há uma certa dificuldade de entender que [fazer negócios na favela] não é como operar em um shopping center que tem suas regras estabelecidas e nada muda: existem ações, conflitos e peculiaridades envolvidas, e empresas não necessariamente querem se envolver nisso. Quando [o asfalto] vê que negócios ali dão certo apesar dos percalços, o jogo muda.”

Segundo o empreendedor social, o anúncio do fundo é parte da estratégia em torno do lançamento da ExpoFavela, convenção com o objetivo de aproximar a favela e o asfalto, prevista para os dias 15, 16 e 17 de abril, no World Trade Center, em São Paulo. A expectativa é que o evento atraia cerca de 15 mil pessoas em sua primeira edição.

Além das cerca de 380 startups que serão selecionadas para expor no evento, a programação deve incluir palestras, debates, shows e uma trilha de workshops, bem como reuniões entre empreendedores e fundos. “Muitos querem investir [em negócios da favela] e não sabem como. Nosso fundo se posiciona como uma interface entre os fundos e as oportunidades”, diz Celso.

“Neste terceiro momento, esperamos que os grandes fundos e empreendedores, entendam que existem muitos negócios interessantes na favela, que existe um lugar estruturado para que estes negócios sejam apresentados e recebam investimentos, gerando mais prosperidade – tanto para a favela quanto para quem nela investe,” conclui.

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