Menos de um ano depois de receber uma rodada série A de US$ 10 milhões, a colombiana La Haus, que atua na compra e venda de imóveis na Colômbia e no México, fechou uma nova captação.
O aporte de US$ 35 milhões foi liderado pelo fundo americano Greenspring Associates (Alibaba, App Annie, DocuSign, Roblox, Quibi, entre outros), que entrou no captable, e foi acompanhada pelos fundos Acrew Capital, Kaszek (que também investe no QuintoAndar e na Creditas), NFX, IMO Ventures e a Hometeam Ventures. Spencer Rascoff, cofundador da Zillow, site americano de compra e venda de imóveis no qual a La Haus se inspira, também participou.
Na foto: Rodrigo Sánchez-Rios (à esq.), Jeronimo Uribe, Thomas Floracks e Santiago Garcia
Outros investidores pessoa física, como David Vélez (Nubank) e Brian Requarth (Vivareal, Latitude) não acompanharam porque não havia espaço para eles, segundo Rodrigo Sánchez-Rios, presidente da companhia. “Começamos a rodada com um alvo de US$ 25 milhões e ampliamos para US$ 35 milhões por conta do interesse de novos investidores e da atual base com direitos de participação pro-rata”, diz ele ao Startups.
Por que tão rápido?
Sánchez-Rios conta que a companhia ainda não gastou todos os recursos da série A e que o plano inicial não era fazer uma rodada tão rápido. A ideia era levar os 18 meses que tradicionalmente separam as captações. Mas o desempenho da companhia mesmo sob o cenário de pandemia, gerando receita e fluxo de caixa, chamou a atenção dos investidores, que se mostraram dispostos a fazer mais uma injeção de capital – que a La Haus decidiu aceitar. “Com isso conseguimos trabalhar no formato ideal de companhia que imaginávamos, sem nos preocuparmos com recursos. Meu sonho é que essa seja a última captação. Que possamos nos tornar rentáveis e não tenhamos que levantar mais dinheiro. Não gosto de diluição”, brinca.
A companhia fundada em 2017 por Sánchez-Ríos, Santiago Garcia, e os irmãos Jerónimo e Tomas Uribe, filhos do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, soma US$ 51 milhões captados até agora. Ela nasceu dentro da Jaguar Capital, empresa de desenvolvimento imobiliário fundada por Sánchez-Rios e Jerónimo Uribe e que permanece em operação.
A La Haus soma 4 mil transações intermediadas na Colômbia em o México. Em 2020, a companhia cresceu 4 vezes na comparação com 2019, segundo Sanchez-Rios. No México, onde a companhia entrou em 2019, o avanço foi de 5 vezes. O país de origem de Sánchez-Rios agora representa um terço das operações da companhia.
Apesar do crescimento, a companhia precisou fazer ajustes para reduzir a queima de caixa e chegou a reduzir a equipe em 15%, para 175 pessoas. Agora, ela está em um patamar próximo ao do fim do 1º trimestre do ano passado, com 240. “Mas com mais receita e mais margem bruta. Ficamos mais eficientes, assim como o Airnbnb”, destacou Sánchez-Rios.
Planos
O planejamento da companhia, no entanto, não levanta em conta que toda a eficiência capturada nos últimos meses será mantida mais adiante. A tendência é que haja um retorno a patamares anteriores, um “soft landing”. “O ano de 2020 foi o melhor da história para a venda de imóveis na Colômbia. Isso não vai se manter. Mas tem tendências fundamentais que vão se manter”, disse ele, destacando os juros baixos nos países da região e o aumento no uso de produtos e serviços digitais.
Sobre os planos de crescimento, Sánchez-Rios diz que o objetivo é continuar investindo nas melhorias do produto, um dos principais focos da rodada do ano passado. Em junho do ano passado a companhia contratou Thomas Floracks, que foi cofundador e vice-presidente de crescimento do VivaReal, para liderar essa área. “Agora ele pode fazer todas as contratações dos sonhos dele. Posso autorizar sem ter que pensar. E elas podem ser de qualquer lugar no mundo porque somos uma empresa 100% remota”, diz ele ressaltando a decisão tomada em meio à pandemia.
Em termos de área de atuação, Sánchez-Rios diz que não há planos de entrar em mais nenhum país. Perguntado se o Brasil não estaria nos planos por um acordo de cavaleiros com Gabriel Braga, um dos fundadores do brasileiro QuintoAndar, que foi colega de classe de Sánchez-Ríos e de Jerónimo Uribe no curso de MBA na Universidade Stanford entre 2012 e 2013 (turma da qual Davi Vélez também fez parte), ele diz que não, e que o foco é ampliar a atuação onde a companhia já está presente. “Mas os planos estão sempre em avaliação. Ainda mais com a pandemia, que mostrou que os planos que você faz podem mudar todo o momento. O mais importante são as ideias, cenários traçados durante o processo de planejamento”, diz.
Fun fact: Na alta gestão do QuintoAndar, são 4 executivos com formação em Stanford: CEO, CTO, COO e CFO (valeu pelo toque, João Ventura)