O seguro automotivo é a modalidade de proteção mais contratada pelos brasileiros. Mesmo assim, seu uso é baixo: menos de 30% dos proprietários de veículos têm uma apólice. O processo de contratação é burocrático, os preços são altos e a qualidade do serviço e do atendimento…
E o que esses 3 fatores somados abrem as portas? Exatamente respeitável leitora, honorável leitora, para o surgimento de startups com escritórios e logos coloridos e propostas de mudar o mundo para melhor – e claro, ganhar dinheiro no caminho!
Nessa pegada um trio bem eclético se juntou para criar uma insurtech que quer tornar a contratação de um seguro automotiva mais justa, a…. rufem os tambores: Justos.
A proposta é baratear o custo do seguro recompensando os bons hábitos no volante. E não é uma questão de não levar multa, como já é feito atualmente. Com um aplicativo instalado no celular do usuário, a Justos vai usar os sensores do aparelho para medir aceleração, freadas bruscas etc. e assim pontuar o estilo de direção do cliente. Cultivando bons hábitos, a proposta é reduzir em até 30% as apólices.
Segundo o indiano Dhaval Chadha, cofundador da companhia, a ideia é olhar com bastante atenção para públicos hoje pouco atendidos, como jovens e carros mais antigos. “Tem uma faixa do público que não vai nem olhar pra gente. Mas dentro desses grupos considerados de maior risco tem gente que dirige bem e pode pagar mais barato”, avalia.
Nascimento e planos
O trio de fundadores formado por Dhaval, o mexicano Jorge Soto Moreno e pelo espanhol Antonio Molins, que se conheceu no Vale do Silício há 6 anos, teve a ideia de montar um negócio na área de seguros em agosto de 2020. O insight foi resultado de um esforço anterior que envolveu conversas com mais de 20 fundos brasileiros e americanos e com usuários para entender que mercado estava “mais quente”, mas palavras de Dhaval. “Pensamos em saúde, mas os 3 principais fundos da região já investem em empresas nessa área. E nós queríamos um nome de peso como investidor”, conta.
Com o mercado definido, a estruturação da empresa aconteceu entre setembro e outubro e, em novembro, eles fecharam a 1ª captação com uma rodada liderada pela Kaszek.
A captação de R$ 15 milhões contou ainda com a participação da Big Bets e de investidores-anjo como Assaf Wand, da Hippo Insurance; Fritz Lanman, da Classpass; o onipresente Brian Requarth; Patrick Sigrist, ex-iFood, atual Nomad e investidor do Neon; David Vélez, que está montando uma carteira interessante de startups na área de seguros e assistência, com nomes como a Alice; Sergio Furio e Carlos Garcia, da mexicana Kavak.
Notou uma coisa? Boa parte dos investidores pode, em algum momento, virar canais de distribuição dos seguros oferecidos pela Justos no Brasil e na América Latina. E a companhia ambiciona fazer essa expansão. E não só regional, mas também para mais longe, na Ásia. “Eu sou indiano, então tenho essa pretensão. Além disso, o mercado lá é bem parecido com o que temos e a penetração do seguro de carro também não é tão grande”, diz Dhaval.
Use of proceeds
Os recursos da rodada estão sendo investidos no desenvolvimento do produto e em contratações. A companhia tem atualmente 20 pessoas, que incluem ex-executivos de seguradoras e outras fintechs.
O seguro ainda não pode ser contratado porque a companhia não fechou contrato com a seguradora que será sua “barriga de aluguel” nesse início de operação. A ideia é, no futuro, partir para uma oferta própria, como já fizeram outras insurtechs como ThinkSeg e Pier.
Dhaval não dá um prazo exato para o início das vendas dos seguros, diz apenas que o plano é estar no ar até o fim do ano.