Foodtech

Com cogumelos, Typcal mira novo mercado de proteínas alternativas

Foodtech quer ser 1ª empresa da América Latina a produzir proteína de micélio em larga escala

Micélio
Micélio Typcal. Crédito: divulgação

Enquanto a maioria do mercado nacional de proteínas alternativas ainda fala em plant-based, a Typcal está de olho em um novo caminho: a foodtech chega ao mercado com uma tecnologia própria, baseada em cogumelos, para lançar um novo produto no mercado nacional.

Chamada de “mush-based”, a nova categoria de produtos traz cortes inteiros, como o primeiro peito de frango à base de micélio. Daí você pode perguntar: o que é micélio? É um proteína extraída a partir da fermentação de biomassa de micélio, ou seja, a base de um fungo/cogumelo comestível, fruto de cerca de 2 anos de pesquisa dentro da foodtech.

“A proteína vem da raiz do cogumelo, enquanto o cogumelo é o fruto”, explica o cofundador e CEO da companhia, Paulo Ibri. Ao ser fermentado em um biorreator, em ambiente controlado de alimentação, temperatura e umidade, o micélio assume a textura que se assemelha em 99% ao de um filé de frango de origem animal.

De acordo com o fundador, a expectativa é que a novidade esteja disponível para venda até agosto deste ano, em restaurantes parceiros da marca. “Assim teremos um contato mais forte com o consumidor final, promovendo e popularizando esta novidade”, explica o executivo, em entrevista ao Startups.

Quanto ao longo prazo, a foodtech projeta que, em 5 anos, os produtos à base de micélio (mush-based) custem o equivalente, ou até 15% a menos, que um produto de origem animal, se tornando uma alternativa mais saudável que os já conhecidos produtos plant-based.

Paulo Ibri e Eduardo Sydney_Typcal
Paulo Ibri (CEO) e Eduardo Sydney (CTO), cofundadores da Typcal (Foto: Divulgação)

“Muitos produtos plant-based são processados, utilizando cerca de 15 ingredientes na sua composição, e carregam um alto teor de sódio para compensar o sabor residual da soja. O micélio é uma matéria-prima mais neutra e absorve melhor o aroma”, explica Paulo.

Além disso, segundo explica Paulo, a maioria das proteínas a base de plantas ainda vem em formatos que não espelham os hábitos diários do consumidor. Enquanto muitos produtos plant-based vem como empanados ou burgers, o novo produto da Typcal tem o objetivo de substituir o peito de frango, se assemelhando na textura e na nutrição. “Replicamos um peito de frango utilizando 3 ingredientes. 98% é micélio puro, rico em proteína e fibra, com zero gorduras”, afirma.

Expectativas da foodtech

Com a nova frente de produto, a Typcal também espera quintuplicar seu faturamento até 2025 e avançar na disputa pela preferência do consumidor. Fundada em 2019 como 100 Foods, a empresa começou como uma empresa de condimentos, depois entrando no segmento plant-based em 2021.

A busca por um produto diferenciado veio de uma inspiração de fora, que está começando a ganhar tração nos Estados Unidos. O micélio é um mercado que a nível industrial só existe nos Estados Unidos, encabeçado por nomes como a foodtech Meati.com, de Denver (Colorado). Entretanto, segundo afirma Paulo, as grandes companhias ainda não entraram neste segmento.

“Queremos ser a primeira empresa da América Latina a produzir este tipo de proteína em larga escala”, dispara Paulo. “Queremos dobrar de tamanho de forma geral este ano, mas o grande plano para os próximos 5 anos é o micélio. Ano que vem, queremos abrir uma nova rodada para construir nossa planta fabril e escalar a produção”, afirma o CEO.

Até o momento, a Typcal já captou R$ 4 milhões em rodadas semente – para o ano que vem, o plano é mirar alto, buscando um funding de R$ 30 a 40 milhões.

Entre os investidores atuais, a Typcal já possui um nome conhecido. Bernardinho, o técnico bicampeão olímpico de vôlei, entrou para o quadro de sócios no ano passado, em uma rodada liderada pela Futurum Capital, e com a participação de seu filho (e jogador de vôlei) Bruninho.

Para o novo produto, o plano da Typcal envolverá contar com o investidor famoso como garoto-propaganda. “Introduzir uma nova categoria de alimento para o público envolverá um trabalho de educação. Será muito importante contar com alguém como o Bernardinho para isso”, finaliza Paulo.