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Inclusão é um tema que segue no topo da lista entre as prioridades das empresas na gestão de suas pessoas. Contudo, conduzir e implementar políticas com este objetivo não é algo assim tão simples. Neste cenário, a Cubic, uma pequena startup gaúcha, está conquistando grandes clientes, utilizando uma proposta diferente para endereçar este desafio: criando games.

Nascida há menos de um ano na cidade de Novo Hamburgo (Grande Porto Alegre), a Cubic surgiu de forma repentina. A fundadora e CEO Liziane Quadros trabalhava no setor bancário e era desenvolvedora de jogos nas horas vagas. Porém, encorajada por um professor, ela resolveu participar do Game Jam, competição de jogos realizada pela Campus Party.

Na competição, Liziane criou um jogo chamado Empathy, com três personagens que precisam interagir, cumprir seus objetivos e trabalhar em conjunto: um cego, um cadeirante e uma pessoa com deficiência auditiva. O jogo acabou levando o primeiro prêmio, e desde então a vida de Liziane mudou. “Hoje tenho empresas e órgãos públicos me procurando direto para desenvolver ideias. Minha rotina está uma correria, mas uma correria boa, este ano”, aponta Liziane.

Nos últimos meses, a Cubic já desenvolveu games web (que rodam no navegador do PC) para marcas como Yara Fertilizantes, Dell, e hoje tem uma parceria com a Magalu Games, publisher que a gigante varejista lançou um mês atrás. “No caso da Magalu, trabalhamos em dois games de conscientização em relação à violência contra a mulher. Um para o público interno da empresa e outro para o público em geral”, explica.

Além disso, a Cubic também está trabalhando em projetos B2G, desenvolvendo games de temática inclusiva e de diversidade para prefeituras como as de Manaus, Belém e o governo do Rio Grande do Sul.

Melhor que um PPT

De acordo com a fundadora da Cubic, os games tem o objetivo de engajar muito mais do que as atuais políticas utilizadas pelos RHs. “Tanto para a educação dos funcionários, quanto para o onboarding de um colaborador com deficiência, o material geralmente é um PPT. Um jogo pode fazer isso de forma mais atrativa e participativa”, explica Liziane.

Porém, só fazer um jogo não resolve tudo. Para seus projetos, Liziane e sua equipe – hoje formada por cerca de 10 colaboradores fixos e outros profissionais freelancers contratados de acordo com as demandas – se informam sobre as empresas que buscam a Cubic. “O jogo precisa se alinhar com a política que a empresa tem. No caso da Yara, criamos um game alinhado com a cultura que o negócio está trabalhando, trazendo temas como pessoas com deficiência e liderança feminina”, diz.

Liziane Quadros Cubic
Liziane Quadros, fundadora e CEO da Cubic Jogos Digitais (Foto: Divulgação)

Com a proposta, desde janeiro (mês em que a Cubic foi fundada) o negócio já faturou mais de US$ 120 mil, e Liziane estima que este número tem chances de aumentar rápido, triplicando até o final do ano. “Hoje tenho uma ou mais empresas me procurando toda semana, mas o plano é dar uma desacelerada para estabelecer melhor nossos planos”, revela a CEO.

Próximos planos

Enquanto a Cubic vive a correria boa de trabalhar com diversos projetos, Liziane já vislumbra os próximos passos para o estúdio. Um deles envolve um projeto com a Dell, em que o estúdio desenvolveu uma parceria com a empresa paulista EquipaGroup para criação de games imersivos utilizando óculos 3D. A empresa parceira entra com o hardware, a partir do reaproveitamento de MDFs utilizados em estandes de evento.

A demanda B2B da Cubic é grande, mas Liziane já pensa em levar seu estúdio para um caminho mais autoral, passando a desenvolver projetos para o público em geral. “Estamos indo para um caminho de ser um estúdio que faz games ‘de prateleira’, mas estamos vendo como equilibrar estas diferentes frentes”, avalia.

A ideia da fundadora se alinha com a de outras produtoras brasileiras, como a também gaúcha Aquiris, que desenvolve adgames para diversas marcas nacionais e internacionais, mas também tem seus sucessos comerciais como o game Horizon Chase. “Nosso plano é seguir por um caminho semelhante, trazendo mais storytelling, animações”, explica.

Para dar os novos passos, a startup já pensa em buscar possíveis parceiros ou investidores, mas ainda está observando o mercado antes de fazer um movimento concreto nesta direção. “Estamos explorando possibilidades, e por enquanto temos várias empresas querendo explorar este mercado conosco, então seguimos no bootstrapping”, pontua.

Contudo, Liziane faz questão de frisar que as temáticas de inclusão e diversidade seguirão sendo os norteadores para as ideias do estúdio. “Um dos planos é trazer mais as empresas neste plano de criar games para o público final. O ideal é conseguir trabalhar tanto o público interno quanto o externo de forma unificada”, finaliza.

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