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Com dólar alto e SoftBank, Igah Ventures (antiga e.Bricks) conclui captação de novo fundo com R$ 750 mi

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A Igah Ventures concluiu em janeiro a captação de seu 3º fundo, com R$ 750 milhões (US$ 130 milhões). Com o fechamento, a gestora entra para o “clube do bilhão” entre as gestoras que fazem venture capital no Brasil, somando R$ 1,5 bilhão em recursos sob gestão. Na lista também estão KPTL, Monashees, Valor Capital, Redpoint eventures e Kaszek.

“Criamos um grupo de investidores-âncora, com cheques de R$ 5 milhões para cima – duas instituições e 12 family offices -, sendo algumas com R$ 10 milhões e uma média superior a R$ 5 milhões. Isso é impressionante, representa a consolidação dessa classe de ativos. Ela está no radar dos investidores e o Brasil também”, diz Pedro Melzer, cofundador e managing partner da gestora. Entre esses investidores âncora está a SoftBank, que investiu em uma empresa do portfólio da Igah, a Conexa Saúde.

Segundo Melzer, o objetivo do fundo 3 é fazer cheques preferencialmente em uma faixa de US$ 5 milhões a US$ 7 milhões, liderando rodadas de série A. Mas há espaço para fazer cheques menores, de US$ 1 milhão, se o projeto for muito interessante, ou mesmo maiores, de US$ 10 milhões em uma série B se a avaliação for que ainda há potencial de crescimento. “Podemos colocar uma parte pelo fundo e chamar os investidores e criar um veículo específico. Temos essa prática de coinvestimento”, diz ele.

Segundo Melzer, não há uma “rigidez de setor” para os investimentos. Mas áreas como serviços financeiros, educação, saúde e atendimento direto ao consumidor (D2C) serão olhadas com mais afinco.

Desde que lançou seu primeiro fundo, em 2014, a Igah soma mais de 56 investimentos e 14 exits. Na lista de investimentos estão nomes como GuiaBolso, Labi, Tembici, Dr. Jones, Bcredi (vendida para a Creditas) e Vérios (vendida para a Easynvest). O primeiro fundo, de R$ 100 milhões, apresenta uma TIR de 30% e um retorno de 4 vezes o capital aplicado (cash on cash), segundo Melzer. O segundo fundo, de 2017, ainda é muito jovem, mas tem se mostrado promissor, diz.

A gestora começou a falar do novo fundo em meados de 2019, quando ainda era e.bricks. O plano inicial era levantar US$ 100 milhões, podendo chegar a US$ 130 milhões (hard cap) por conta da demanda. Com o câmbio da época, o valor a ser levantado em dólares correspondia a quase R$ 500 milhões (R$ 486 milhões).

A captação acabou só começando de fato em janeiro de 2020. Investidores chegaram a colocar US$ 20 milhões, mas o processo foi interrompido com a chegada da pandemia. No fim de agosto, Melzer diz que começou a receber uma “demanda maluca” e a captação foi retomada. No fim de novembro, começo de dezembro, a meta já tinha quase sido atingida. Em 9 de janeiro o processo foi encerrado.

De acordo com ele, dois movimentos ajudaram a avalorizar o portfólio da gestora e, consequentemente, a acelerar os planos do fundo 3: o aporte da SoftBank na Conexa Saúde e a fusão com à Joá Investimentos, dando origem à Igah Ventures.

Segundo Melzer, os sócios da Joá (Luciano Huck; Gilberto Sayão, da Vinci Partners; Rodrigo Xavier, ex-presidente do Bank of America e Luis Felipe Magon) queriam institucionalizar a operação, para investir mais em venture capital. Com as duas casas já tinham relacionamento, fez sentido a união. “A Joá traz muito acesso a empresas B2C, que vendem direto para o consumidor”, diz Melzer.

Um dos primeiros resultados da fusão foi, na verdade, um exit. Em outubro, a marca de roupas foi vendida para a Arezzo. Os R$ 715 milhões pagos representaram um múltiplo de 15 vezes EV/Ebitda após sinergias.

Em 2020, os investimentos em venture capital no Brasil superaram o volume aportado em empresas por fundos de private equity pela primeira vez na história em 2020. Foram R$ 14,6 bilhões em transações, ante R$ 9 bilhões do segmento de private equity, segundo dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e a KPMG.

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