Há 4 meses, a martech do Rio Grande do Norte AutoForce recebeu um seed de R$ 2,3 milhões dos grupos de anjos BR Angels e GV Angels. Desde então, o aporte abriu a porteira para novas e muitas conexões. Embora Tiago Fernandes, presidente da empresa, e os 4 sócios ainda não terem tocado na grana.
“Para nós, mais importa o smart do que o money. Com o dinheiro recebido, pretendemos, no início de 2022, contratar profissionais mais seniores para a área de produto”, conta Tiago. Em um cálculo mais prático, 60% será investido em produto e 40% em marketing e backoffice.
Na foto: (da esq para à dir) os sócios-fundadores Clênio Luiz, Isa de Mendonça, Tiago Fernandes e Emanuel Campos
Essa é a primeira captação da AutoForce. Até então, o único investimento feito foi um bootstrap de R$ 20 mil do próprio fundador (R$ 15 mil da venda de seu carro e R$ 5 mil emprestados pelo seu pai).
Fundada em 2015, a martech desenvolve tecnologia e soluções de marketing digital para o segmento automotivo. Seu modelo de negócio é do tipo SaaS, com mais de 550 concessionárias em todo o país utilizando a sua principal solução, o criador e gerenciador de showrooms digitais Autódromo. A plataforma CMS permite às concessionárias gerenciar o conteúdo dos seus sites, landing pages e portais por conta própria, sem precisar de programação.
VTEX das concessionárias
Segundo Tiago, foi em 2019 que a empresa virou a chavinha para atuar de fato como uma startup. Isso foi logo após ser acelerada pelos programas Inovativa Brasil e Endeavor Scale-up. Foi nesse ano também que a AutoForce iniciou o projeto de sua 2ª solução, o AutoCommerce. A partir daí, o objetivo da empresa era claro: ser uma VTEX das concessionárias.
Com a rodada seed de R$ 2,3 milhões, o AutoCommerce teve o empurrãozinho que faltava para ser lançado, em 2021. É o primeiro e-commerce para venda de veículos 100% on-line do Brasil que permite a criação de uma loja virtual personalizada. “Queremos tornar as vendas complexas em experiências únicas, conectando compradores e vendedores de veículos pelo comércio eletrônico, e tornar concessionárias, revendedores e montadoras mais ágeis e eficientes”, comenta Tiago.
A concessionária se cadastra, importa seu estoque, configura as formas de pagamento aceitas e como o comprador receberá o veículo: retirar no local ou receber em casa. Todas as vendas podem ser administradas pelo gestor de pedidos da solução. Cada CNPJ paga uma mensalidade de R$ 99 e 0,3% do valor de cada carro vendido pela plataforma. Em breve, a plataforma permitirá a venda de acessórios e serviços.
Tiago ressalta que a falta de chips para produção, o aumento da demanda por veículos e a valorização dos usados, fizeram com que concessionárias, revendas e montadoras priorizassem o desenvolvimento de novos negócios e a digitalização das suas atividades. “Diariamente vemos casos de clientes que comercializam seus veículos 100% on-line, realizando margens de lucro que nunca fizeram antes. Há aqueles que estão montando operações de carro por assinatura, locação, consórcio e apenas usados. O mercado está superaquecido e aqueles que se organizarem agora vão colher bons frutos em 2022”, avalia.
A projeção da martech é de fechar o ano com crescimento de 64%, o que equivale a adicionar R$ 1,7 milhão em receita recorrente. Mais para frente, em meados de 2024, a AutoForce vislumbra um novo aporte, em uma série A.
Bolsa para formação de desenvolvedores
Para além do seu portfólio, a AutoForce também coordena o Programa AutoForce Academy – em parceria com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
O programa é destinado a alunos dos cursos de graduação ou técnico das áreas de tecnologia e desenvolvimento de software, do estado do Rio Grande do Norte. O objetivo principal é formar os futuros desenvolvedores da AutoForce. Os aprovados recebem uma bolsa mensal de R$ 900 durante 6 meses, tempo para evolução de um estagiário para o nível trainee.
“Natal possui excelentes universidades, mas o pessoal tem sido assediado mundo afora. A escassez está grande e a concorrência também, por isso queremos apoiar na formação de profissionais de tecnologia”, conclui Tiago.