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Depois de uma pausa em seu programa de aceleração ocasionada pela pandemia, a Bauducco retomou seus trabalhos com startups no maior gás. Com foco em negócios digitais, a maior fabricante de panetones do mundo está conduzindo um novo ciclo de projetos piloto para impulsionar a geração de receita e sua transformação digital, e ao mesmo tempo fomentar o ambiente de startups nacional.

Lançado no segundo semestre de 2019, o programa de aceleração B.Lab foi desenvolvido em parceria com a Liga Ventures, que também está liderando o ciclo atual da iniciativa. Para a empresa fundada pelo imigrante italiano Carlo Bauducco no bairro paulistano do Brás há 70 anos, os objetivos do programa incluem a modernização da marca e uma aproximação ainda maior com consumidores.

“O programa tem a função de aportar valor para o ecossistema de inovação aberta e startups, ao passo em que também traz oportunidades de negócio e oxigena a forma em que trabalhamos”, aponta Luis Fernando Iannini Gomes, gerente de marketing da Bauducco e um dos sponsors do programa, em entrevista ao Startups.

Cerca de 380 startups se inscreveram para participar do programa ao longo de dois meses, e 16 startups foram selecionadas para a final, que aconteceu no fim de junho na sede do Yahoo! Em São Paulo. A alta gestão da companhia participou do evento, bem como os gestores de áreas de negócios envolvidas diretamente com o programa de aceleração, que tem foco em startups early-stage bem como companhias que já estão ganhando escala.

Para a segunda fase do B.Lab, a Bauducco selecionou quatro empresas: a plataforma de shopstreaming Mimo Live Sales; a Bornlogic, que permite a vendedores produzirem campanhas de marketing para lojas; a Postmetria, que desenvolve uma plataforma para análise de satisfação do consumidor e a Wiboo Company, de engajamento online.

A duração do programa é de quatro meses. Durante este período, as empresas trabalharão em projetos piloto de negócios digitais da companhia, com o acompanhamento e mentoria dos executivos da empresa, que tem seis unidades fabris e sete centros de distribuição, atende a mais de 180 mil pontos de vendas no Brasil e exporta seus produtos para mais de 50 países.

Foco estratégico

Na primeira onda do programa, o foco da Bauducco no trabalho com startups era generalista. A empresa considerou startups de área como supply chain e indústria, tecnologia de alimentos e embalagens, inteligência de mercado e marketing, além de iniciativas que usassem abordagens inovadoras e voltadas ao negócio de franquias da Casa Bauducco.

Dentre as selecionadas na primeira onda, estavam a Novidá, de gestão de equipes operacionais, e a Pixforce, que usa visão computacional para contabilizar itens a partir de uma imagem, utilizando smartphones ou câmeras instaladas em linha de produção.

Segundo Luis, três dos quatro projetos piloto desenvolvidos com startups foram bem-sucedidos, e duas das startups que participaram da primeira onda do B.Lab seguem como fornecedoras da companhia. Na segunda etapa, a empresa decidiu adotar um foco em e-commerce voltado ao B2C, investigando formas de aperfeiçoar a forma em que se comunica com seu público-alvo, além de acelerar sua digitalização interna.

Luis Gomes, gerente de marketing da Bauducco, no evento da segunda edição do B.Lab (Foto:Divulgação)

A decisão de reformatar o programa com um foco específico é diretamente relacionada a área que a companhia acredita ser mais promissora. “[A escolha por trabalhar com projetos de negócios digitais] vem de um foco estratégico da companhia sobre o que é o terreno mais fértil de oportunidades e drivers de crescimento”, ressalta o executivo.

Desde a primeira onda da aceleração, a empresa tem colhido bons frutos. “O programa gera negócios, traz um entusiasmo para as áreas internas, apresenta novas tecnologias e formas diferentes de trabalho e dissemina uma cultura de inovação muito bacana na companhia”, diz Luis.

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Lições aprendidas

Por outro lado, o gerente da Bauducco ressalta que o trabalho com startups também trouxe aprendizados importantes. “É preciso ter uma cadência e uma recorrência de projetos conduzidos em um modelo ágil, além do envolvimento da liderança diretamente nos projetos”, ressalta o executivo, acrescentando que, uma das novidades na segunda onda do B.Lab é a estruturação do trabalho da alta gestão junto as startups ao longo do programa, algo que anteriormente era feito de forma mais pontual.

No novo formato, quatro sponsors (apoiadores internos de diversas áreas de negócio) estarão envolvidos no programa. Cada startup terá um sponsor da alta liderança, além de gerentes e pessoas conectadas ao programa que vão acompanhar e guiar as aceleradas para garantir a aderência das inovações ao negócio da companhia, e garantir as contrapartidas para as startups. “Teremos o envolvimento da alta liderança, diretores e gerentes executivos em cada um dos projetos, que vão manter contato frequente para garantir alinhamento e o terreno necessário para que as iniciativas prosperem”, aponta Luis.

Ao refletir sobre as lições desde a primeira onda do programa de aceleração da Bauducco, Luis diz que a aceitação foi imediata, assim como o apoio da gestão para fazer a iniciativa acontecer, mas que a empresa também aprendeu sobre a necessidade do acompanhamento. “Há uma animação muito grande [em relação ao trabalho com startups] mas entender como fazer disso um sucesso e entender que as soluções não vem prontas e que há um processo envolvido foram alguns dos takeaways positivos”, diz o executivo.

Apesar da complexa situação macroeconômica atual, Luis ressalta que a Bauducco aposta no trabalho com o ecossistema de startups para co-criar projetos escaláveis para a fabricante de panetones, e ao mesmo tempo oferecer as condições para que as empresas cresçam e se tornem cada vez mais lucrativas. “Nossa intenção é manter o programa, que inclusive vai atravessar toda a turbulência do segundo semestre. Estamos sempre atentos e acompanhando [as condições de mercado], mas com otimismo”, finaliza.

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