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Depois de se estabelecer como a plataforma de seleção e recrutamento de algumas das maiores marcas do Brasil, a 99jobs quer entrar de cabeça no amplo segmento de contratações em volume. Para impulsionar estes planos, a startup deve buscar sua primeira rodada institucional no segundo semestre de 2022.

A proposta de valor da HRtech inclui serviços de consultoria e um sistema ATS (Applicant Tracking System) por assinatura chamado Eleven, cujo objetivo é a simplificação do processo de recrutamento. Com uma carteira de clientes que inclui nomes como Itaú, Smart Fit, Carrefour e Magazine Luiza, a 99Jobs já viabilizou a contratação de mais de 150 mil profissionais e tem uma base de talentos com mais de 9 milhões de pessoas.

Além de permitir o setup de contratação da empresa em 11 minutos – daí o nome da plataforma – a startup busca promover a cultura inclusiva e o match de valores entre organizações e candidatos. Este mercado endereçável, no qual outras startups como a Gupy e a Pipefy também estão de olho, é vasto. A 99Jobs estima que cerca de 17 milhões de empresas brasileiras poderiam fazer uso de sistemas de ATS, mas 95% delas ainda dependem de processos manuais para gerir seus processos de contratação.

“Se pararmos para fazer uma fotografia do mercado de contratação, veremos que há grandes players com muitas oportunidades e vagas divulgadas na internet. A questão passa a ser como levar as melhores pessoas para aquelas vagas? Enxergamos uma grande oportunidade em ajudar estas empresas a fazer uma gestão de conhecimento para gerar boas contratações e conseguir amarrar a retenção dessas pessoas”, diz Diego Ximenes, co-fundador da 99Jobs, em entrevista ao Startups.

Como a 99jobs automatiza contratações

Com sua abordagem de automatização de processos, a 99jobs promete uma redução de custos em contratações de até 80%, bem como reduzir o tempo de triagem de currículos de um mês para cerca de 10 dias. Do ponto de vista da empresa, o sistema filtra as candidaturas com base em um conjunto de critérios pré-estabelecidos, e envia uma seleção com os candidatos mais “quentes”, que já recebem um convite para a entrevista via WhatsApp.

Após a entrevista e aprovação, os dados da pessoa candidata são enviados para o sistema de gestão de folha da empresa, que efetua a contratação. “A gente tira um processo manual de papelada da frente e faz conexões, possibilitando um tempo de contratação muito rápido”, explica Diego. A plataforma tem a “cara” do cliente com experiências que diferem de acordo com o perfil da vaga (a empresa foca em oportunidades de trainee até o nível intermediário de senioridade) e a startup também cuida de aspectos como criação de marca empregadora, com conteúdos que informam candidatos sobre os valores da empresa.

Em relação a experiência dos candidatos, Diego diz que a plataforma da 99jobs vai na contramão da experiência sofrida de busca de emprego online, em que não raro pessoas precisam se candidatar várias vezes para a mesma vaga. A startup usa um modelo de inteligência de inscrição, em que dados de candidatura são reaproveitados. Por exemplo, uma pessoa em busca de uma vaga de estoquista pode ser conectada com não só uma, mas todas as unidades de uma varejista que esteja contratando, e finalistas em processos podem ser redirecionados para outros processos de recrutamento em andamento na plataforma.

Segundo Diego, a startup faz imersões em clientes antes de começar os trabalhos, para mapear os valores da empresa em questão, e atua junto a empresas para remover exigências que possam inviabilizar candidaturas. “Hoje o mercado fala muito sobre escassez de mão de obra qualificada, mas ao mesmo tempo, acreditamos que a grande maioria das vagas não tem visibilidade. Além disso, muitas oportunidades exigem qualificações que a pessoa não vai usar no dia a dia e aquilo pode ser um fator de eliminação do processo”, pontua.

Como a plataforma por trás dos processos de trainee como o da Magazine Luiza, uma das pioneiras em programas deste tipo para pessoas negras, a startup também preza pela diversidade em seu próprio time. Dos 140 funcionários da HRtech, 56% são negros. A diversidade racial também está presente no alto escalão, com Jandaraci Araújo como chief financial officer, e Viviane Elias Moreira, que também é co-fundadora da edtech Plurie BR, como chief product officer da startup.

“Os filtros [utilizados na plataforma] são pensados por uma equipe muito diversa. Os produtos são desenvolvidos de uma forma mais humana e realista, e ao mesmo tempo considerando as dores do mercado”, ressalta o fundador.

Segundo Diego, ter um time diverso importa por motivos que incluem a necessidade de mudança nas práticas do mercado de recursos humanos. “A gente entende que hoje o RH talvez seja a área mais preconceituosa do mercado. E se a gente conseguir mudar esse lado da empresa que é o de colocar as pessoas para dentro, é uma oportunidade de ganho muito grande”, pontua.

Planos de captação

Para o próximo ano, a 99jobs deve focar em empresas que fazem um alto volume de contratações, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. “Nossa estratégia para o próximo ano é entrar principalmente no varejo, que é um setor em que já temos crescido bastante”, diz o empreendedor, acrescentando que o Eleven atualmente é focado muito mais nas grandes corporações, mas a ideia é também mirar nas organizações de médio porte, que tenham uma consistência mensal de contratações.

Com este novo posicionamento, a empresa espera aumentar sua base de clientes de 200 para mais de 2 mil empresas usuárias de seu ATS e aumentar o faturamento em 150%. Para impulsionar estes planos, a 99jobs deve buscar sua primeira rodada institucional. “Entrar nesse mercado de venture capital é uma intenção nossa, dado que o nosso crescimento precisa ser alavancado”, aponta Diego.

Sem abrir muitos detalhes sobre a atual configuração do captable, Diego diz que apesar de terem recebido investimento de anjos, ele e seu cofundador Eduardo Migliano continuam majoritários. Os empreendedores pretendem focar em gestoras nacionais em um primeiro momento, mas não descartam falar com fundos internacionais.

Em relação a atual cautela do mundo de venture capital, o fundador não se abala. “O dinheiro vai continuar existindo para bons negócios. Hoje somos uma empresa que chegou no break-even, tem uma base de clientes fortes e uma estrutura de gestão muito consolidada, com profissionais de peso na liderança. [Captar investimentos] não vai ser tão fácil como era antes, mas [a atual retração do mercado] não é algo que me preocupa”, conclui.

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