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Adiantado em 1 ano por conta da aceleração no comércio eletrônico trazida pela pandemia, o IPO da VTEX deve servir de vitrine não só para a companhia, mas também para o Brasil e para a América Latina dentro da economia digital global.

A ideia é que as agências digitais que atuam conectadas ao ecossistema construído pela companhia ganhem projeção na medida que as tecnologias desenvolvidas por ela ampliem sua adoção ao redor do mundo. “Assim como a Itália está para a comida, a região está para os serviços digitais. O Brasil tem mais de 300 agências digitais.  O fuso horário atende bem os EUA e a Europa. E a região é muito complexa para quem atua no varejo, o que torna o mercado resiliente e pronto para o mundo”, diz Mariano Gomide, cofundador da companhia, ao Startups.

Segundo Mariano, a ambição da VTEX é se tornar a plataforma básica para o comércio eletrônico global, algo como o sistema operacional Windows se tornou no mundo da computação.

A tarefa não é nada simples já que nesse caminho ela precisa concorrer com gigantes como Oracle e SAP e também com plataformas de comércio eletrônico que grande projeção, como a Magento. Mariano garante que a VTEX é diferente – nunca vi ninguém falar que o filhote é igual aos outros. “As outras empresas são empresas de software. Nós somos gestores de comércio eletrônico. Conhecemos o negócio com profundidade”, reforça.

A estratégia de diferenciação influenciou, inclusive, na escolha da bolsa onde a companhia listou suas ações. Ao invés da Nasdaq, a queridinha das empresas de tecnologia, a VTEX escolheu a NYSE. “A NYSE tem mais presença no mundo real, no varejo e a VTEX está nessa categoria”, diz.

Quero ir para a bolsa

A VTEX começou a falar de IPO nos idos de 2019. Naquela época, quando ela ainda rodava com dinheiro próprio, sem sócios além dos fundadores, a companhia estava começando a acelerar seu processo de internacionalização e o plano era fazer uma listagem em um prazo de até 4 anos. De acordo com Mariano, foi a aceleração trazida pela pandemia que fez a companhia antecipar os planos.

Em 2020, os clientes da VTEX transacionaram US$ 8 bilhões. Ela é remunerada por um percentual das vendas feitas pelas companhias.

O adiantamento parece ter valido a pena. A ação da companhia foi precificada em US$ 19, o topo da faixa indicativa, com ela avaliada em US$ 3,5 bilhões. Mais que o dobro do valuation de sua última rodada de investimento antes do IPO. Ontem, na abertura do pregão, o papel chegou a registrar alta de 32%, valendo US$ 4,7 bilhões. No fim do dia, o papel fechou cotado a US$ 22,143, alta de 18%. Hoje a alta registrada está na casa dos 16%, depois de uma abertura com pequena queda.

O 4 principais investidores da companhia, Tiger Global, SoftBank, Constellation e Long Pine, estiveram entre os compradores, o que é visto como uma demonstração de confiança na operação. Mariano diz que ainda não teve acesso ao livro de ordens, então não dá para saber como a participação das gestoras ficou.

A valorização das ações no 1º dia de negócios está em linha com o pop, como é conhecida a estilingada que uma ação dá no IPO, que tem sido registrado pelas empresas que têm se listado nos EUA nos últimos meses – na casa dos 30%. Dizem as más línguas que isso é uma estratégia dos bancos de investimento para que investidores fiquem satisfeitos aos registrar ganhos rápidos por participarem de um IPO.

Rotas de crescimento

Para Mariano, a VTEX vai surfar duas ondas: a 1ª é o crescimento do comércio eletrônico na América Latina e a 2ª é o avanço da companhia nos EUA.

Aqui na região o crescimento das vendas online tem ficado na faixa dos 36%, superando a Ásia. A participação do bolo total do varejo, no entanto, ainda é baixa, na casa dos 6%, abaixo da média mundial, que é de 18%. E a expectativa é de um avanço ainda mais acelerado nos próximos anos. A previsão de Mariano é que o percentual possa chegar a 20% nos próximos 2 ou 3 anos.  Nos EUA, a operação que tinha 20 pessoas e 5 clientes tem agora 80 funcionários e 50 clientes. Segundo ele, o compromisso de longo prazo da VTEX é de ter uma margem bruta de 75% sobre a receita recorrente.

Uma bela virada para uma companhia que, por pouco não fechou as portas nos idos de 2007 e por pouco nem existiu para contar essa história.

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