Não sei se Eric Acher e Israel Salmen são fãs de Smashing Pumpkins, mas, se fossem, imagino que devam estar cantando os primeiros versos da música “Today”. Talvez gostem de U2, o que traz “Beautiful Day” para a vitrola – ou melhor, para a playlist do Spotify.
Seja como for, os dois têm motivos para comemorar já que daqui a pouco, a Méliuz, uma das investidas da Monashees, vai estrear na B3. É o primeiro IPO da gestora que foi uma das primeiras a apostar no mercado de venture capital no Brasil.
É também um marco importante para o mercado como um todo, já que mostra que empresas que seguem o ciclo completo de investimentos no país têm espaço para ter no mercado de capitais uma opção de saída para seus investidores – e no segmento principal de listagem, olha que maravilha! Desculpa Bovespa Mais.
Mas como disse Fernando Cirne, da Locaweb. A jornada não termina ainda. Voltando mais uma vez aos Smashing Pumpkins, “The End is the Begining is the End”.
A Méliuz nasceu e se fortaleceu no mundo online. O que é bom por conta do impulso que o comércio eletrônico ganhou nos últimos meses. Mas não resolve já que o varejo offline vai continuar sendo 90% do total por um bom tempo.
Desde 2016 a Méliuz vem tentando se estabelecer também no mundo físico. Mas ainda não conseguiu estabelecer o efeito de rede que é necessário para realmente se declarar vencedor nesse mercado.
A vida ficou um pouco mais difícil com chegada de um competidor forte nas últimas semanas: o Stix, o programa de fidelidade criado por meio de uma parceria entre Pão de Açúcar e a Raia Drogasil.
Um caminho para a Méliuz – e que certamente animou os investidores – são as teses de fintech e marketplace, se tornar uma carteira digital. Mas é bom lembrar que ela não está sozinha nessa disputa. São mais de 600 carteiras disponíveis no Brasil. Como se diferenciar?
O IPO da Méliuz saiu precificado na ponta mais baixa da faixa definida pelos bancos: R$ 10 – mas saiu, diferentemente da Wine que acabou desistindo da oferta, o que já é um sinal positivo.
Tipicamente, as ações das companhias sobem na faixa de 10% a 20% nos primeiros momentos de negociação – Snowflake foi um caso beeeem a parte. A ver se a euforia do mercado dos últimos dias irá se manter ou se algum outro fator externo vai colocar água no chopp da comemoração.
Jornalista com mais de 15 anos de experiência acompanhando os mundos da tecnologia e da inovação, com passagens pelo DCI, Sebrae-SP, IT Mídia e Valor Econômico. Fundador e Editor-Chefe do Startups.com.br.