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A Trashin quer ajudar empresas a implementar ações de ESG no seu cotidiano. Para isso, ela desenvolve projetos de logística reversa e gestão de resíduos 360° para clientes como iFood, Havaianas, P&G, Movida, Unimed e Parque Ibirapuera.

O negócio foi criado em Porto Alegre, em 2018, por Renan Vargas, Rafael Dutra, Daniel Petersen e os irmãos Sérgio e Gustavo Finger. “Todos nós queríamos ter um negócio de propósito, que gerasse valor para a sociedade”, diz Renan, diretor comercial e sócio-fundador da Trashin. No começo, eles pensavam em trabalhar com as escolas municipais ou condomínios da capital gaúcha, mas amadureceram a ideia até chegar em grandes empresas de diferentes setores.

“As corporações são um caminho até o consumidor final; uma forma de apoiarmos a sociedade indiretamente, porque muitos são consumidores das marcas com que trabalhamos”. Com essa proposta, a cleantech cresceu 7 vezes em número de clientes entre 2019 e 2020, ano em que também triplicou de tamanho e faturou R$ 820 mil.  Depois de crescer 10 vezes nos últimos 2 anos, a startup, que já está presente em 12 estados brasileiros, pretende faturar R$ 8,5 milhões em 2022.

Renan Vargas, Sérgio Finger, Gustavo Finger e Rafael Dutra, cofundadores da Trashin. Foto: Carlos Macedo
Renan Vargas, Sérgio Finger, Gustavo Finger e Rafael Dutra, cofundadores da Trashin. Foto: Carlos Macedo

Soluções eco-friendly

A ideia da gestão de resíduos 360º é conectar todas as pontas da cadeia, dos geradores de lixo às cooperativas de reciclagem, até chegar nas indústrias da transformação. Para garantir a destinação correta dos resíduos, a startup realiza coletas organizadas, treinamento dos funcionários, sinalização clara das lixeiras e, por fim, o transporte e descarte dos materiais.

O serviço inclui a certificação de toda a operação, entregando dashboards e relatórios interativos com informações sobre o impacto socioambiental gerado no processo. “Todo o local onde a Trashin entra para fazer a gestão de resíduos se torna absolutamente mensurável”, diz Renan. “A gente sabe exatamente o quanto é gerado de plástico, metal e papel no Parque Ibirapuera, por exemplo, quais dias o volume de resíduos é maior e até em quais meses consome-se mais coco no parque. Com a tecnologia, isso fica totalmente mensurável.” Só em dezembro de 2021, a parceria entre Trashin e Movida permitiu que 4.299,5 kg de resíduos fossem coletados, economizando cerca de 122,5 kg de petróleo e evitando a emissão de 1.667,1 kg de gás carbônico na atmosfera.

Para a logística reversa, a companhia cria pontos de coleta personalizados de acordo com a identidade visual de cada cliente. No caso da Havaianas, por exemplo, os consumidores podem descartar os chinelos que não usam mais para que a matéria-prima seja reciclada e reaproveitada para a fabricação de novos itens. Quando cheios, um sensor de preenchimento avisa a equipe da Trashin que a coleta do material precisa ser feita.

Segundo a empresa, há um aproveitamento de 74% dos resíduos coletados e um aumento de renda de 25% para as cooperativas. Mais de 1.615 kg de material são recolhidos pelos pontos de coleta.

Investimentos ESG

A Trashin faz parte dos ESG Enablers, como são chamadas as startups que levam os pilares ambiental, social e de governança para dentro das empresas. Na última década, esse grupo já captou mais de US$ 1 bilhão em investimentos no Brasil, de acordo com o relatório “Inside ESG Tech Report 2021”, realizado pela empresa de inovação aberta Distrito em parceria com a KPMG.

Segundo o levantamento, a categoria ambiental é a com o maior número de startups (289), seguida pelo social (272) e governança corporativa (241). “As pessoas estão cada vez mais exigentes em termos de sustentabilidade e querem se relacionar com empresas eco-frinedly. Estamos muito otimistas com o movimento que vem acontecendo”, diz Renan.

Ainda assim, em termos de aportes recebidos nos útlimos 10 anos, a ordem do setor é inversa. Startups do segmento ambiental receberam o menor volume de investimentos (US$ 149.1 milhão), enquanto o social levantou US$ 710.4 milhões – cerca de 70% do total. “O país já avançou muito em termos de reciclagem e logística reversa, mas ainda tem um longo caminho pela frente”, afirma o empreendedor.

Segundo Renan, levar informação para os consumidores é a peça-chave para o setor crescer ainda mais. “Como vou pedir para as pessoas separarem o lixo corretamente se muitas delas não sabem que garrafa PET é reciclável?”, questiona. Depois da informação, diz o executivo, o próximo passo é oferecer a infraestrutura necessária. “A pessoa sabe o que é reciclável, faz a separação, mas se não houver a coleta seletiva, uma lixeira perto da casa dela ou um local para onde destinar os materiais, não adianta.”

Para apoiar as operações, a startup está preparando uma rodada de captação para o primeiro semestre de 2022. Parte dos recursos será usada para consolidar as operações no Brasl, com projeção de crescer 3 vezes em 2022, e dar início à expansão internacional no próximo ano. “Gostaríamos de começar pelos Estados Unidos, mas ainda não está definido”, diz Renan.

Esse será o 4º aporte feito na Trashin desde a sua criação. O primeiro foi uma rodada pré-seed de R$ 150 mil liderada pela Ventiur Aceleradora, em 2018. No ano seguinte, colocou mais R$ 1,1 milhão no caixa via plataforma de equity crowdfunding CapTable e, no ano passado, mais R$ 1 milhão, também pela CapTable.

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