Negócios

Com nova startup nos planos, Stéphanie Fleury desenvolve carreira portfólio

Depois de vender sua empresa para o Bradesco, empreendedora estreia programa de TV e desenha uma nova ideia de negócio

Stéphanie Fleury, apresentadora do Projeto Upload na CNN Brasil - Startups
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Às vésperas de estrear seu primeiro programa na TV, Stéphanie Fleury se vê em um dos momentos mais interessantes de sua trajetória. Orientada pelo conceito de “carreira portfólio”, a empreendedora explora novas frentes de trabalho e começa a traçar o início do que pode se tornar sua próxima startup.

Ao longo dos últimos meses, Stéphanie encarou um trabalho totalmente diferente de todos os que já havia feito até então. Em novembro de 2021, foi anunciada como uma das novas contratações da CNN Brasil, para apresentar um programa que vai falar sobre as pessoas por trás da inovação nos negócios, empreendedorismo e transformação digital. A primeira temporada do Projeto Upload estreia neste domingo (10), às 22:30 na grade do CNN Soft, bloco de programação de entretenimento da emissora.

Em entrevista exclusiva ao Startups, a empreendedora falou sobre seus projetos e o que tem feito desde o final do ano passado quando deixou o Bradesco, que em 2020 comprou a DinDin, carteira digital que ela fundou. Comentando sobre o que a fez abraçar o projeto, a fundadora goiana diz o projeto foi uma espécie de chamado. “Desde que saí do banco [em outubro de 2021], considerei atividades como dar aula, mas o elemento da comunicação sempre esteve muito presente em mim e eu sentia que era algo que precisava aflorar”, conta.

A aproximação entre a empreendedora e a emissora aconteceu em agosto do ano passado, através de Bruna, companheira de Stéphanie, que já conhecia a CEO da CNN, Renata Afonso. O convite para apresentar o programa não tardou a surgir, mas a decisão de sair do Bradesco para abraçar o projeto só seria tomada meses depois:

“Sempre fui muito low-profile, nunca procurei estar à frente dos holofotes, meu Instagram sempre foi fechado. O programa envolveu todo um aspecto pessoal que precisou ser considerado, incluindo a questão de exposição, que é algo que não tem volta”, ressalta.

“Por outro lado, foi uma um período que me dei, para realmente gozar a venda [da DinDin] depois de tantos contratos e negociações nos últimos 5 anos. Costumo dizer que este é um sonho não sonhado, que foi surpreendentemente realizado”, diz a empreendedora, que contratou a Mynd8, agência de influência de Preta Gil, para apoiar a construção de sua persona pública.

Aprendendo na raça

Por outro lado, recomeços e reinvenções são conceitos familiares para Téti, como a fundadora é conhecida. “Essa coisa do aprendizado é muito latente em mim, que não conhecia nada de telecom, mas atuei como executiva no setor por dez anos. Fundei um banco digital, sabendo zero sobre o assunto”, conta, acrescentando que sua mais recente atividade na TV seguiu nesta mesma linha. “Fui aprendendo enquanto ia fazendo. Foi tudo tão intenso que a ficha só vai cair quando eu puder relaxar, tiver os meus ao meu lado e puder assistir aos episódios com eles.”

Em relação aos temas do novo programa, Stéphanie diz que teve liberdade para desenvolver os assuntos que serão tratados ao longo de dez episódios. O programa vai trazer as pessoas por trás de empresas das áreas de games e metaverso, e vai falar de temas como a experiência do empregado no contexto da “Great Resignation”, diversidade na liderança e as competências das carreiras na economia digital.

“A ideia é furar a bolha para explicar a bolha. Quando comecei, essa sopa de letrinhas da inovação era uma total novidade para mim, e não existiam programas que desmistificassem isso. Acredito que falar destes temas de uma forma que seja acessível para qualquer pessoa seja possível e é isso que busquei fazer,” ressalta a empreendedora e agora apresentadora, que entrevistou personalidades como o economista Ricardo Amorim, e Nathália Arcuri, CEO da plataforma de educação financeira Me Poupe.

Apesar de ter tido que aprender como operar no showbusiness “na raça”, Téti diz que a multiplicidade de suas próprias vivências a ajudou a ter uma visão holística da inovação. Consequentemente, isso aumentou seu repertório, o que acaba ficando evidente no trabalho atual. Um dos destaques neste sentido é o período de quase 1 ano e meio como diretora no Bradesco, algo que a empreendedora descreve como uma “experiência antropológica”.

“É comum ouvir que uma grande empresa é um transatlântico enquanto nós somos, no máximo, um jetski. Mas só estando lá dentro [de uma grande empresa] é que você passa a entender de fato por que as startups tem sucesso, e a importância da ferramenta de aquisição como forma de fazer uma corporação ganhar velocidade, sangue novo, o pensar fora da caixa”, ressalta.

Novas ideias

Em meio às gravações do programa, Stéphanie foi mordida mais uma vez pelo bichinho do empreendedorismo depois de concluir um episódio que aborda meio-ambiente, social e governança (ESG).

“A ideia é atuar no E do ESG, com créditos de carbono. Já fiz o logo, o pitch, estou montando a equipe e muito provavelmente, entre a primeira e segunda temporada do programa, vou completar o time e levantar um investimento”, revela, sem abrir o nome da nova empresa. No entanto, a fundadora diz que também está recebendo propostas para atuar como executiva em startups já formadas, e em breve deve decidir se volta para o mercado, ou se empreende novamente.

Porém, Stéphanie sabe que se for criar uma nova startup, as coisas serão bem diferentes desta vez. “Quando saí [do Bradesco] e aceitei o convite [para o programa] a ideia era justamente pensar sobre o que eu queria fazer. Sei que construí um nome e que isso é um ativo, pois enfrentei muitas dificuldades para levantar capital por não ser conhecida”, pontua.

Além do programa e dos planos de um possível novo negócio, a vida de Stéphanie teve outras novidades, que incluíram uma primeira incursão no mundo dos investimentos a partir de um convite de Juliana Hadad, cofundadora da DinDin e atualmente diretora de relações com investidores na Norte Ventures. Desta aproximação com o fundo de venture capital, surgiu a oportunidade de participar em uma rodada de R$ 66 milhões na startup de segurança Gabriel, liderada pelo SoftBank em outubro do ano passado.

“Me encantei com os fundadores e tomei a decisão de começar [a investir] por ali”, diz a empreendedora. No entanto, ela diz que, apesar de este primeiro aporte ter sido uma questão de oportunidade, a intenção é investir mais em startups lideradas por mulheres.

Com o programa entregue e uma segunda temporada no horizonte, o próximo passo será decidir a próxima construção. Nos planos imediatos, está o casamento com Bruna – que acontece na semana que vem, depois de ter sido adiado por conta da pandemia – e uma pausa de dois meses.

“Sei que quero algo com mais propósito”, diz Stéphanie. “Estou ouvindo as pessoas. Vou encontrar muitos amigos que trabalham na área no meu casamento, e isso será importante para definir o futuro.” Uma empreendedora é sempre uma empreendedora.