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Com perda de US$ 21.6 bi, SoftBank anuncia um de seus piores resultados

Megafundo sofre duro golpe no primeiro trimestre fiscal, vende posições e prevê demissões

Crédito: Canva
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O que está ruim, pode ficar pior. Quem está aí para provar é o megafundo SoftBank, que já vinha apanhando nos últimos meses e reportou hoje (8) um dos piores resultados de sua história com perdas de 2.93 trilhões de ienes (US$ 21,6 bilhões) em seu primeiro trimestre fiscal.

O Vision Fund da gigante japonesa registrou uma perda de 2,93 trilhões de ienes (US$ 21,68 bilhões) no período de abril a junho deste ano. Isso contribuiu para um prejuízo líquido de 3,16 trilhões de ienes no trimestre para o SoftBank contra um lucro de 761,5 bilhões de ienes no mesmo período de 2021. Essa é uma perda trimestral recorde para a empresa.

Lançado em 2017 com foco em empresas de tecnologia, o Vision Fund tem sido duramente atingido à tendência global de queda nos preços das ações de companhias do setor devido a crescentes preocupações com a recessão econômica impulsionada pela inflação galopante e aumento das taxas de juros.

“O mercado e o mundo estão confusos”, disse Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank, durante a apresentação dos resultados. O investidor já tinha dito que a empresa entraria em modo de “defesa” depois de registrar um prejuízo de US$ 13,2 bilhões no ano fiscal encerrado em março passado.

A redução nos investimentos é evidente nos recursos aprovados pelo Vision Fund no primeiro trimestre: o fundo liberou somente US$ 600 milhões no período, comparado com US$ 20,6 bilhões no mesmo trimestre de 2021.

Na América Latina, os deals liderados pelo fundo tem despencado. O total de investimentos do SoftBank em empresas latinas chegou a US$ 1,57 bilhão no segundo trimestre deste ano, comparado com os US$ 4,31 bilhões investidos nos dois trimestres anteriores, de acordo com o Pitchbook.

Na conta dos unicórnios

Masa também previu um inverno de investimentos mais longo do que se estima, e colocou esse prolongamento das condições atuais na conta de fundadores de empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão. O investidor disse que alguns empreendedores à frente de unicórnios estão batendo o pé e insistindo em não reduzir seus valores de mercado ao buscar mais capital sem muito espaço de runway – ou seja, a quantidade de dinheiro que a startup ainda possui até a necessidade de entrada de novos recursos.

A previsão vem em um momento em que startups enfrentam dificuldades em levantar novas rodadas, e quando conseguem, precisam aceitar enormes reduções em valuation – como é o caso da fintech sueca Klarna, que fechou um aporte no mês passado. A startup precisou aceitar um ‘downround’ dramático para conseguir levantar recursos, e reduziu a sua avaliação de mercado de US$ 46 bilhões para US$ 6,5 bilhões.

“Líderes de unicórnios ainda acreditam em seus valuations e não aceitariam a possibilidade de ter que ver seus valores de mercado mais baixos do que imaginam,” disse o CEO do SoftBank. Ele acrescentou que, até que o múltiplo das empresas de capital aberto seja menor do que o das empresas privadas, a ordem é esperar.

De animação para vergonha

Durante a apresentação, Masa Son admitiu que ficou super animado quando o mercado estava bombando no ano passado, mas que agora se sentia “envergonhado” com seu próprio comportamento. Ele também disse que suas emoções eram “muito fortes em relação a determinadas empresas”, mas que agora aprendeu a lição.

Ao reiterar que o fundo será ainda mais conservador em suas escolhas de investimentos, o SoftBank disse que viu um declínio nos preços das ações de uma ampla gama de empresas de seu portfólio. Além disso, o fundo também disse que vendeu posições em várias de suas empresas, como a Uber e a proptech Opendoor, gerando US$ 5,6 bilhões.

Além disso, o investidor disse que o SoftBank deve fazer uma “redução dramática” em seu quadro para gerar mais eficiências, em diversas unidades de negócio. O fundo já perdeu grandes aliados, como Rajeev Misra, que tocava o Vision Fund, depois de ter sofrido diversos desfalques com nomes como Marcelo Claure, que liderava as operações na América Latina e saiu em janeiro em meio a divergências sobre compensação, além de várias outras lideranças.