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Preparando as malas para voltar ao Brasil depois de 3 anos, o francês Frédéric Ollier está animado com as perspectivas para a operação da BlaBlaCar por aqui. “Não tenho dúvidas de que dá para voltar ao patamar de crescimento de 100% ao ano”, garante ele, fazendo referência ao ritmo de expansão que a companhia apresentava até antes da pandemia.

Em sua 2ª passagem pelo Brasil – ele já tinha morado aqui entre 2015 e 2018, quando ajudou a operação a ser estabelecida no país – Frédéric baseia sua confiança (excessiva?) em dois fatores: a retomada da demanda com a redução do isolamento e os investimentos da companhia para se tornar uma plataforma multimodal.

Em outubro/20 a companhia ampliou sua atuação no Brasil, adicionando a venda de passagens à oferta de caronas. Segundo Frédéric, hoje são oferecidas opções de 75 empresas e a meta é chegar a 150 até o fim do ano. “Antes disso, quase dois terços das buscas por destinos feitas na plataforma não tinham oferta”, diz.

Segundo ele, as empresas de transporte têm visto o marketplace como um canal adicional de vendas, não como um concorrente. Afinal a estimativa é que só 15% a 20% das vendas de passagens de ônibus no Brasil aconteçam online. Então tem muito espaço para melhoria. “Queremos nos posicionara para fomentar essa transição”, diz Frédéric.


Frédéric Ollier voltará a morar no Brasil no 4º trimestre depois de 3 anos

Começando a gerar receita

Com a venda de passagens, a BlaBlaCar começou a rentabilizar sua operação no Brasil. Pela intermediação, a companhia cobra uma comissão de quem vende e um diferencial de 10% no preço para quem compra – um percentual que segundo Frédéric é menor que o praticado no mercado.

Desde que a operação teve início foram R$ 6,8 milhões transacionados. A meta é chegar a R$ 10 milhões por mês em dezembro. Para o ano que vem a expectativa é começar a cobrar também uma comissão sobre as caronas.

A modalidade deve ganhar mais segurança jurídica com um projeto de lei que está em discussão na Câmara. A proposta é alterar o Código Civil e permitir que o transporte feito gratuitamente, por amizade ou cortesia (carona), possa ser feito por meio de um contrato.

No 1º semestre de 2021, a BlaBlaCar apresentou um crescimento de 15% em termos de caronas na comparação com 2019. Entre janeiro e junho de 2021, foram 2,6 milhões de assentos confirmados na plataforma.

A comparação com 2 anos atrás é considerada mais justa por conta da forte queda registrada no começo do ano passado com a pandemia. A avaliação de Frédéric é que a retomada mais forte deve vir a partir do 4º trimestre. “O transporte doméstico vai ter peso maior porque vai demandar mais para as viagens internacionais voltarem”, diz.

Segundo Frédéric, é a partir desse momento que a companhia pretende fazer um esforço mais forte de marketing para promover seus serviços – e dar uma forcinha no crescimento.

O investimento será apoiado pela rodada de US$ 115 milhões que a companhia recebeu em abril exatamente para reforçar sua operação em países emergentes como Rússia e Brasil.

O próprio Ministério do Turismo quer estimular o transporte rodoviário e tem estudado formas de fazer isso. “Estamos apoiando essas iniciativas”, diz Frédéric.

Venda de passagens

Não é só a companhia que está de olho no nicho de venda de passagens, obviamente. O segmento tem como principal representante a ClickBus, que praticamente inaugurou a categoria em 2013. Em março, a Buser também entrou na jogada.

Uma curiosidade: Frédéric assumiu o comando da operação no Brasil com a saída de Ricardo Leite, que tinha ficado à frente do negócio por 5 anos, e foi para a edtech indiana BYJU´S – que nesta semana anunciou sua chegada oficial ao Brasil – para trabalhar com Fernando Prado, fundador e ex-presidente da… ClickBus.

Perguntado sobre o aumento da competição, Frédéric mostrou que aproveitou bem os treinamentos da assessoria de imprensa (o famoso media training) e saiu com a clássica “é o caminho que a gente acredita, isso é parte de um movimento mais geral de inovação e da tendência de liberação do mercado”.

Sobre os movimentos de um outro concorrente, a também europeia Flixbus – que ensaia o início da operação no Brasil há 3 anos e agora promete isso para o fim do ano -, ele foi mais direto. “É difícil saber como vão entrar, faz tempo que estão aqui e não vimos uma movimentação muito forte. Não considero como uma ameaça muito importante”, avalia.

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