Diretamente da Bélgica, a fintech Credix recebeu um cheque de R$ 60 milhões em sua série A. Com o caixa reforçado, a startup, um marketplace baseado em blockchain que conecta investidores institucionais globais com originadores de empréstimos em mercados emergentes, pretende expandir o negócio e atingir mais de US$ 100 milhões em ativos sob gestão.
A startup foi fundada em novembro de 2021 como uma alternativa de financiamento às fintechs de crédito junto a investidores globais. Todos os negócios da plataforma, como empréstimos para as fintechs, são previamente examinados pela equipe local da empresa. O investidor tem acesso a todas as informações para tomar uma decisão de investimento. Já as fintechs obtêm as stablecoins em sua carteira de criptomoedas e as convertem em moeda local antes de desembolsar empréstimos para seus usuários finais.
Um mês depois do lançamento, a empresa desembarcou no Brasil graças a um investimento seed de R$ 14,2 milhões liderado por DRW Cumberland e ParaFi. Hoje a Credix tem mais de 25 fundos utilizando seu serviço ativamente e possui negócios com empresas brasileiras como a55, Provi, Tecredi, Descontanet, Divibank e Adiante. Esses originadores de empréstimos receberam mais de US$ 20 milhões em financiamento por meio da plataforma.
A decisão de escolher o Brasil para encabeçar os negócios na América Latina envolveu alguns fatores estratégicos. “É um país onde o crédito é muito caro e o custo de captação financeira das fintechs é ainda é alto. “Além disso, há uma concentração grande de bancos e muitos intermediários que não são tão necessários mais para essas novas tecnologias”, afirma Chaim Finizola, cofundador e diretor de growth da Credix, em entrevista ao Startups. Ele cita também a grande quantidade de fintechs de crédito no país e o movimento crescente que elas fazem de olhar para captação financeira de forma alternativa, mais rápida, barata e digital.
Rodada e use of proceeds
A série A da Credix foi coliderada pelos fundos norte-americanos Motive Partners e ParaFi, acompanhados de Valor Capital, Victory Park Capital, MGG Investment Group, Circle Ventures, Abra, Fuse Capital e investidores privados como Marcelo Claure (ex-diretor de operações SoftBank) e Ricardo Villela Marino (presidente do Itaú América Latina).
Com o investimento, a fintech pretende aumentar a equipe dos 14 para mais de 25 pessoas até o fim do ano. O time fica espalhado em Nova York, Antuérpia e São Paulo, mas a companhia olha para talentos globais. O aumento na equipe apoiará o desenvolvimento de novos produtos e recursos.
A startup também tem planos de expandir para o México e a Colômbia conectando-se com mais investidores institucionais e originadores de empréstimos, a fim de atingir mais de US$ 100 milhões em ativos sob gestão até o fim do ano. “Já temos alguns parceiros nesses países, tanto fintechs quanto investidores, além de pessoas no time que falam espanhol. Além disso, a operação das fintechs no Brasil não é tão diferente da operação nessas regiões”, explica Chaim.
Apostando no cripto
Os empreendedores não parecem muito nervosos de trabalhar com criptomoedas durante o inverno do setor, que se intensificou nos últimos meses com a queda no valor das principais moedas. “Até hoje não tivemos nenhum probelma nas nossas operações. Continuamos avançando e crescendo rapidamente”, afirma Chaim. Ele atribui isso a uma boa tecnologia e um forte ecossistema tanto da parte dos investidores quando das fintechs. A startup reforça que cada vez mais investidores estão apostando em criptomoedas e stablecoins.
“Vemos um potencial significativo na aplicação dos princípios de tecnologia desenvolvidos em todo o ecossistema cripto para resolver desafios do mundo real”, pontua Thomas Harris, Vice-Presidente do fundo Motive Partners, em nota. “A Credix é uma das primeiras a impulsionar essa ambição, fornecendo aos credores de fintech acesso rápido e mais flexível ao capital global, além de oferecer aos investidores uma exposição diversificada a oportunidades de crédito atraentes que, de outra forma, seriam difíceis de acessar e subscrever de forma eficiente”, completa.
Para o Valor Capital Group, o blockchain e o DeFi têm o potencial de criar uma infraestrutura de mercados financeiros mais escalável, eficiente e barata. “Fazer a ponte com os mercados tradicionais é um componente-chave de nossa tese de cripto e estamos felizes em ser um parceiro chave para a Credix nesta jornada”, diz Michael Nicklas, sócio-gerente do fundo, em comunicado.
Chaim Finizola, diretor de growth da Credix, destaca como diferenciais da plataforma a tecnologia. “Estamos muito desenvolvidos na parte tecnológica, mas também temos o lado de negócios. As operações e os deals são bem estruturados, tem muita garantia para que os investidores se sintam confortáveis”, considera.