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Como a Yoobe ajuda empresas a enviar mimos para seus colaboradores

Através de automatização e curadoria, a startup atende departamentos de RH que investem em novas formas de engajamento

Como a Yoobe ajuda empresas a enviar mimos para seus colaboradores

Com foco em apoiar a experiência de colaboradores em um contexto remoto, a Yoobe se posiciona como parceira de departamentos de recursos humanos com a automatização dos chamados “swags”. Especializada na produção, entrega e gerenciamento dos mimos e equipamentos enviados por empresas para seus funcionários, a startup paranaense busca uma nova rodada para aperfeiçoar sua tecnologia e expandir sua base de clientes e fornecedores.

Criada em 2018 por Genau Lopes Junior, que tem a startup de produtos personalizados Joox em seu histórico como empreendedor, a Yoobe ganhou corpo em uma imersão de seis meses no Founder Institute, em São Francisco. A ideia da startup foi aprimorada com a admissão do fundador no programa, que é notoriamente rigoroso – só 30% dos inscritos são chamados e menos de 30% dos que são aceitos conseguem se graduar. A Yoobe foi a segunda startup brasileira a concluir o programa – a primeira foi a Bluezup, finada startup de “test-drive” de produtos eletrônicos de Diogo Ruiz, hoje fundador da The Crypto Players, que incentivou Genau a participar.

Munido dos aprendizados no Vale do Silício, em que precisou provar a viabilidade do negócio e construir um MVP, o empreendedor pivotou a ideia. Até antes do programa, a Yoobe tinha um foco B2C, com venda de merchandise para criadores de conteúdo e celebridades. De volta ao Brasil, a startup passou a atender empresas que querem enviar presentes personalizados para apoiar campanhas de endomarketing, hackathons, premiações e ativação de ações de engajamento, além de processos de contratação e também quando o colaborador se desliga da empresa.

“Atualmente, os funcionários estão mais longe das empresas, mas, ao mesmo tempo, as empresas precisam mantê-los perto de alguma forma. Esse engajamento que é buscado por empregadores passa pelo envio do swag, pelo bom onboarding feito no momento da contratação e por este constante processo de engajamento da empresa com o colaborador”, diz Genau, em entrevista ao Startups.

Além disso, o empreendedor nota que a explosão no trabalho remoto também dificulta esta aproximação por meio de itens físicos. “Vemos situações em que uma empresa brasileira contrata na China sem ter sede lá, uma empresa chilena que contrata no Brasil sem ser baseada aqui, por exemplo. Isso acaba dificultando o envio de itens para as empresas que contratam fora: como temos uma atuação global, conseguimos ajudar,” aponta o fundador.

Desde sua fundação, a Yoobe já trabalhou com mais de 90 empresas, em sua maioria startups com grandes bases de colaboradores, como a Olist, Contabilizei, Pipefy e Madeira Madeira, além de unicórnios internacionais, como a canadense Loadsmart e a alemã SumUp. A carteira também inclui nomes tradicionais, como o Banco do Brasil. A empresa, que tem Gabriela Davis como co-fundadora, já orquestrou mais de 500 campanhas de envios em 15 meses de operação, com cerca de 30 mil itens enviados pela plataforma.

Além dos mimos: a proposta de valor da Yoobe

A Yoobe seleciona fornecedores de swags, e acompanha a produção e envio dos itens através de sua plataforma. As campanhas podem ser automatizadas para disparar o envio dos itens nas datas agendadas, com um dashboard para acompanhamento dos gestores. “Ajudamos a resolver o inferno na vida do RH, que é ter que compor, acompanhar, cotar, produzir, receber, etiquetar, entregar e ainda gerenciar a expectativa de quem manda e de quem recebe”, explica Genau.

Atualmente, a startup conta com uma base de 40 clientes que mantém uma recorrência de pedidos. Os envios podem ser diários, semanais ou mensais, e a Yoobe lida com mais de 12 mil funcionários na plataforma. No ano passado, a startup faturou R$ 1,2 milhão. A expectativa é dobrar o faturamento e atender 400 clientes em 2022.

O cofundador e CEO da Yoobe, Genau Lopes Junior

O mercado em que a startup opera é promissor, graças ao aumento na adoção do trabalho remoto desde o surgimento da Covid-19. Com este movimento, surgem fenômenos como a emergência dos chamados Baby Zoomers, membros da Geração Z que começaram a trabalhar nos últimos dois anos, mas remotamente. Além disso, empresas de uma forma geral se mostram mais adaptadas ao home office: cerca de 70% da força de trabalho global deve trabalhar remotamente pelo menos cinco dias por mês até 2025, segundo a Global Workplace Analytics.

Neste contexto, empresas se deparam com a necessidade de “cuidarem” mais de seus colaboradores, criando proximidade através do envio de presentes que incluem os chamados kits de onboarding – com itens como as famosas garrafinhas térmicas, canecas, camisetas da “firma” e ferramentas para o trabalho como monitores e computadores – e toda sorte de mimos para apoiar estratégias de marca empregadora. Isso pode incluir itens digitais como vales presente, ou perecíveis, como cestas de café da manhã em aniversários ou quando uma meta é atingida, por exemplo. Através da plataforma de software as a service (SaaS) da startup, empresas podem comprar, customizar, armazenar e enviar os mimos destinados a seus funcionários.

Mas o serviço da Yoobe não se trata só do envio de brindes. Segundo Genau, a competição por talentos faz com que empresas busquem agradar seus colaboradores com itens físicos como parte de estratégias de retenção. “Muitas empresas, especialmente as que tem o híbrido e remoto como formato de trabalho, estão abertas a novas formas de relacionamento, de pensar a cultura corporativa e o engajamento não só com seus colaboradores”, pontua o fundador, acrescentando que a mesma lógica vale para parceiros e outros stakeholders da empresa.

Para ilustrar a relevância de swags no processo de engajamento, Genau cita sua própria experiência ao receber o kit que ele próprio recebeu do Black Founders Fund, quando a Yoobe foi selecionada para o programa. Ao mostrar a caixa que continha os presentes do Google (que incluíram itens como café, um poster e um notebook) o fundador diz que se sentiu acolhido. “Para a pessoa que está de fora, [o envio de swags] pode não parecer tão relevante, mas me senti muito especial. E é essa experiência que buscamos oferecer, ao entregar produtos e uma experiência de qualidade e ao mesmo tempo tirar gargalos do processo para o RH”, pontua.

Nova rodada no horizonte

Para atingir suas metas de crescimento, a Yoobe vai buscar um novo investimento. Desde o aporte inicial ainda no estágio de MVP nos Estados Unidos, a empresa recebeu pequenos cheques de anjos no Brasil desde o pivô, que serviram para validar a ideia e proposta de valor. Além disso, a empresa recebeu o apoio do Black Founders Fund. Com a plataforma consolidada e quase alcançando o break-even, a Yoobe pretende levantar até R$ 2 milhões em uma rodada pré-seed ainda em 2022.

A cofundadora e CBO da Yoobe, Gabriela Davis

Segundo Genau, o capital será investido no aprimoramento da plataforma automatizada, e na integração com os sistemas de gestão de clientes (CRM) e de gestão empresarial (ERP) utilizados por empresas, movimentos que devem contribuir para o aumento na base de clientes. A startup também planeja aumentar o time de 11 pessoas com mais oito contratações nas áreas de tecnologia, comercial e de produto.

Além disso, a startup planeja trazer produtores locais, artesãos e artistas de fora dos grandes centros urbanos que ainda não possuem acesso à campanhas corporativas. Este arranjo visa reforçar o compromisso com responsabilidade social da startup junto aos clientes e fazer o conceito reverberar até o consumidor final, ou seja, o colaborador que recebe um swag feito por um produtor local.

Apesar da atual correção em curso no mercado de venture capital, Genau diz que o novo panorama preocupa, mas não chega a tirar o sono. “Pelo menos no nosso nicho, as empresas vão continuar contratando e vão continuar demitindo. [As startups] as empresas vão continuar a busca por crescimento e profissionais para impulsionar esse processo”, ressalta.

“Acho que não é hora do empreendedor brasileiro ficar desesperado. Agora, é hora de entender melhor qual é o desafio em manter a empresa aberta, continuar com ela crescendo, e indo atrás das alternativas que todo brasileiro consegue buscar quando está empreendendo”, frisa. O fundador acrescenta que o maior desafio em liderar uma empresa em meio às atuais circunstâncias é manter uma atitude positiva: “É preciso estar em paz consigo mesmo para atravessar as dificuldades do mundo, e os desafios que o Brasil impõe aos empreendedores.”

Em um horizonte de um ano, Genau espera estar se preparando para uma Série A, e ter conseguido expandir significativamente a base de clientes com as melhorias na plataforma. Para além de todos os objetivos da Yoobe, o empreendedor espera contribuir para o ecossistema com o aprendizado que teve antes e depois do seu negócio atual. “Poder retribuir, para mim, será a prova do sucesso do negócio. Mas também é algo que a gente gosta muito de exercitar: a gratidão em forma de ação”, conclui.