Quando estava grávida de gêmeos, em 2016, a mineira Milene Guerson deparou-se com as dificuldades de organizar o chá de bebê. Na hora de criar a lista de presentes, ela teve que sugerir as marcas, tamanhos e quantidade de fraldas que gostaria de ganhar – mas não fazia ideia de qual era a melhor opção.
No fim, ganhou uma quantidade muito grande de fraldas, que durante meses ficaram estocadas na casa da mãe e da sogra. Também recebeu vários itens tamanho P, mas os filhos Hugo e Murilo cresceram rápido – e muitos produtos foram desperdiçados. “Não existe uma resposta para qual é o melhor enxoval, porque os bebês são diferentes. A marca que é boa para um pode dar alergia no outro. O tamanho e o peso muda em cada caso. A melhor solução é comprar as fraldas a partir das necessidades do bebê”, diz Milene, em entrevista ao Startups.
Dois anos depois, ela decidiu criar a iFraldas, uma plataforma especializada na organização de chás de bebê, revelação ou de rifa. Com ela, os futuros pais podem criar um site com todos os detalhes da comemoração e compartilhar com amigos e familiares os convites, lista de presentes, agenda do evento. Os convidados podem acessar um álbum de fotos, blog de histórias, mural de recados e confirmar a presença no chá diretamente pelo site.
A proposta é parecida com um site de presentes de casamento. Os organizadores indicam os presentes que querem ganhar – fraldas, berços, mamadeiras, carrinhos, etc. Os convidados fazem a compra, mas os valores são revertidos em dinheiro para que os pais comprem o que quiserem, na loja de sua preferência e de acordo com as necessidades do bebê. A startup fica com 7,99% sobre o valor dos “produtos” comprados pela plataforma.
A criação do site é gratuita e dá 1 mês de acesso para os convidados. Recursos premium como proteção por senha, agradecimento pessoal, música no site e ter a plataforma no ar durante 9 meses são liberados por uma taxa única de R$ 29,90. Importante ressaltar que mesmo no plano gratuito os organizadores têm mais 6 meses de acesso ao painel de controle para resgatar seus presentes. O site deixa de estar disponível apenas para os convidados do evento.
A iFraldas nasceu em Juiz de Fora (MG) com um investimento inicial de R$ 40 mil. Para lançar a startup, Milene convidou o marido, João Schuery, e a irmã, Michelle Guerson. Os outros sócios – Wilson Nogueira, Carlos Eduardo Spineli e Rogério Mourão – são amigos da família há mais de 10 anos.
Hoje a companhia soma mais de 70 mil usuários, distribuídos pelo Brasil, Estados Unidos, Portugal, Canadá, Reino Unido e Austrália. No ano passado, transacionou R$ 5 milhões em presentes e faturou R$ 500 mil.
De mulher para mulher
Por mais que também se comunique com homens, a persona da iFraldas é feminina – assim como 95% de seus clientes. “As startups concorrentes [EuNeném e Lá Vem Bebê] são lideradas por homens. Já a iFraldas foi idealizada por mim, que passou por toda a experiência da gestação”, afirma Milene.
A empreendedora enxerga isso como um diferencial imporante. “Criei o espaço que eu queria ter tido na época da minha gravidez”, pontua. Ela ressalta o layout, com uma interface que estimula a interação com os convidados e permite que as futuras mães compartilhem fotos e histórias da gestação. “Eu não queria passar a impressão de que era uma vaquinha. A maternidade é cheia de novidades e com o blog a gestante pode compartihá-las.”
Outro diferencial, segundo Milene, é a humanização nas redes sociais. No Instagram, onde a iFraldas tem mais de 50 mil seguidores, os usuários podem ver o rosto da equipe e conhecer a empreendedora por trás do negócio, ao mesmo tempo em que leem dicas para a gestação, maternidade e interagem com memes.
Nos próximos meses
Até março de 2020, 80% dos chás de bebês da iFraldas eram presenciais. Com a Covid-19, o cenário mudou e em maio de 2021, 97% eram feitos de forma online. Com a retomada, o volume de festas presenciais organizadas aumentou e hoje representa 30% do total. Segundo Milena, a expectativa é que esse número continue crescendo e chegue a próximo de como era antes da pandemia.
“Crescemos muito nos últimos 2 anos, muita gente conheceu a iFraldas nesse período. Mas o evento presencial vai retomar com força e nosso desafio é mostrar que a plataforma também pode auxiliar as pessoas nas festas presenciais”, diz Milene.
Sem revelar números, a empreendedora conta que o volume bruto de mercadorias (GMV) da startup cresceu 67% do primeiro trimestre de 2021 para o de 2022 e que a perspectiva para o fim do ano é dobrar de tamanho. Milena diz que tem interesse em fechar uma captação para acelerar o crescimento da startup.
No entanto, ela diz que o aporte não necessário para a iFraldas seguir operando, uma vez que a empresa já gera caixa sem recursos externos. “O investimento não é uma prioridade, mas estamos sempre analisando oportunidades. É algo para acelerar o que estamos fazendo: investir em conteúdo original, aprimorar a plataforma e tornar o site mais intuitivo”, conclui Milene.