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Há pouco mais de um ano, a fintech Robinhood estreava na Nasdaq com uma avaliação de cerca de US$ 32 bilhões depois de levantar US$ 2,1 bilhões na oferta inicial. Mas de lá para cá os ventos mudaram e a corretora digital precisou enxugar as operações para frear os custos. Nesta semana, a companhia confirmou que demitiu 23% funcionários em toda a empresa, especialmente nas áreas de operações, marketing e gerenciamento de programas.

No início do ano, a Reuters informou que a Robinhood tinha 3.400 funcionários. Em abril, a empresa fez um primeiro corte, desligando mais de 300 pessoas. “No início deste ano, anunciei que iríamos demitir 9% de nossa força de trabalho e focar em maior disciplina de custos em toda a organização. Isso não foi o suficiente”, escreveu o cofundador e presidente, Vlad Tenev, no blog da companhia.

O executivo afirma que a corretora sofreu os impactos do inverno cripto. “Desde então [do primeiro corte], vimos uma deterioração adicional do ambiente macro, com a inflação em máximas de 40 anos acompanhada por uma ampla queda no mercado de criptomoedas. Isso reduziu ainda mais a atividade de negociação de clientes e os ativos sob custódia”, disse o executivo.

Conforme reportado pelo jornal The New York Times, o preço do bitcoin caiu para cerca de US$ 23 mil, sendo que no ano passado chegou a superar US$ 66 mil. A crise no setor afetou outras gigantes como a Coinbase, que dispensou mais de mil colaboradores no primeiro semestre; a OpenSea, que cortou 20%, e a Gemini; que demitiu 10% em junho e outros 7% semanas depois.

Em nota, o CEO da Robinhood admitiu que a empresa julgou mal a economia. “No ano passado, contratamos muitas de nossas funções operacionais sob a suposição de que o maior envolvimento que vimos com os mercados de ações e criptomoedas persistiria até 2022. Nesse novo ambiente, estamos operando com mais funcionários do que o apropriado. Como CEO, aprovei e assumi a responsabilidade por nossa ambiciosa trajetória de pessoal – isso depende de mim”, escreveu.

Vlad Tenev afirmou que a companhia está reformulando sua estrutura organizacional. A Robinhood vai adotar um modelo de general manager, que assumirá “ampla responsabilidade por nossos negócios individuais”. Ele acrescenta que a mudança irá “nivelar hierarquias, reduzir dependências multifuncionais e remover funções e posições redundante”.

Suporte para os demitidos

A Robinhood lamenta os as demissões e afirma querer “reduzir o fardo dessa difícil transição o máximo possível”. A companhia informa que todos os funcionários receberão um email e uma mensagem do Slack (rede social corporativa) com seu status na empresa e “recursos e suportes” para quem estiver saindo.

Os funcionários desligados poderão seguir na empresa até 1º de outubro e receber seu pagamento e benefícios regulares (incluindo participação de equity). Segundo a fintech, eles também receberão indenização em dinheiro, pagamento do seguro médico, odontológico e oftalmológico, e apoio na busca de outro emprego. “Cada profissional impactado poderá agendar um horário com nossa equipe para discutir sua situação específica. Sabemos que esta notícia é difícil para todos e também estamos oferecendo suporte de bem-estar para quem quiser”, dizia o comunicado.

Momento delicado

A semana para a Robinhood está agitada. No mesmo dia que anunciou as demissões, a empresa divulgou seus resultados do segundo trimestre. Apesar do crescimento de 6% na receita líquida total, para US$ 318 milhões, as receitas baseadas em transações diminuíram 7%, para US$ 202 milhões. O número mensal de usuários ativos caiu 1,9 milhão em junho, chegando a 14 milhões. 

Também na terça-feira (2), a unidade de cripto da fintech foi multada em US$ 30 milhões pelo Departamento de Serviços Financeiros do estado de Nova York (NYDFS, na sigla em inglês). O órgão alega que a Robinhood violou regulações de segurança cibernética e antilavagem de dinheiro.

Segundo o Valor Econômico, é a empresa que perdeu mais de US$ 4 bilhões nos últimos cinco trimestres e viu suas ações derreterem 77% desde o IPO. A Robinhood foi fundada em 2013 por Vlad Tenev e Baiju Bhatt. A fintech entrou para o clube dos unicórnios cinco anos depois, graças a um aporte série C de US$ 110 milhões liderado por DST Global. Com participação de NEA, Index Ventures, Ribbit Capital, Thrive Capital e Greenoaks, a companhia foi avaliada em US$ 1,3 bilhão.

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