Pela primeira vez, um terço dos aportes feitos na América Latina foram destinados a startups lideradas por mulheres – ou com, pelo menos, uma no conselho. O volume investido nessas empresas saltou de 16% em 2019 para 31% em 2022, segundo o estudo LAVCA VC & Tech Mid-Year Trends na América Latina, feito pela Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital (LAVCA) em parceria com a Microsoft e a Bertha Capital.
“A lacuna de diversidade no mercado de venture capital é um reflexo da nossa sociedade e do mercado de tecnologia como um todo”, analisa Franklin Luzes, vice-presidente de Inovação, Transformação e Startups em fase de crescimento acelerado na Microsoft Brasil, em nota. “Precisamos ter um olhar intencional para o setor e buscar mais diversidade quando se trata de direcionar investimentos”, complexa o executivo.
Além de serem minoria ao receber investimento, o número de mulheres assinando os cheques ainda é pequeno em relação aos homens. Em 2021, a LAVCA liberou o ranking Top Women Investors in Latin America Tech, destacando 117 investidoras na América Latina. Do total, pouco mais de um terço está baseada no Brasil, incluindo Monica Saggioro e Lemann, da Maya Capital.
“Tentamos criar um processo de seleção mais neutro possível, fazendo as mesmas perguntas para todo mundo”, disse Monica em uma conversa com o Startups no ano passado. O portfólio da Maya conta com empresas como a Gupy, liderada por Mariana Dias, e a SafeSpace, da Rafaela Frankenthal, Giovanna Sasso e Natalie Zarzur.
Quem já representa
O avanço do empreendedorismo feminino na região foi refletido no ecossistema brasileiro. Por aqui, investimentos em startups fundadas por mulheres passaram de 15% para 30% no mesmo período. Um dos principais aportes do ano foi para a Gupy. Em janeiro, a hrtech fechou uma rodada de R$ 500 milhões – uma das maiores não só no mercado em que ela atua, mas também para uma startup criada por mulheres na América Latina.
Também no setor de recursos humanos, a Sólides levantou R$ 530 milhões em uma rodada Série B com a gestora de private equity Warburg Pincus. A startup foi fundada por Monica Hauck, que também assume a cadeira de presidente da companhia. Já a hrtech Intera, cofundada por Paula Morais, recebeu um cheque de R$ 9,85 milhões da empresa de capital de risco Citrino Ventures, por meio do fundo CV Idexo, e investidores-anjo.
Recentemente, o Startups noticiou que a Herself, startup de impacto que desenvolve calcinhas e biquinis absorventes e reutilizáveis para o ciclo menstrual, recebeu o primeiro aporte da sua história. A empresa, fundada por Raíssa Assmann Kist, captou um pré-seed de valor não revelado feito pelo fundo Sororitê, rede de investidoras focada em apoiar empresas fundadas por mulheres.