fbpx
Compartilhe

No processo de financial deepening trazido pela queda nos juros no Brasil, até uma classe de ativos que sempre esteve numa espécie de Olimpo dos investimentos está se tornando mais acessível: o private equity.

A ida das gestoras Pátria e Vinci à bolsa, mesmo que nos EUA, já facilita o acesso por meio de BDRs ou investimento direto via serviços como a Avenue. Mas para quem não quer se expor ao exterior, a DXA Invest está colocando no ar uma nova plataforma que vai permitir aportes a partir de R$ 50 mil. “Queremos ser uma Warren para private equity, para que qualquer pessoa do Brasil e no mundo possa investir”, conta Oscar Decotelli, presidente da gestora.

A ideia não é funcionar como um crowdfunding, com as empresas se candidatando a campanhas de captação. A proposta é manter o perfil de buscar as oportunidades que se encaixem nas teses dos investidores.

O modelo é baseado na proposta da israelense Ourcrowd, de Jon Medved, que aceita investimentos de pessoas de qualquer parte do mundo a partir de US$ 10 mil. A diferença é que enquanto a Ourcrowd tem um perfil de investimento de venture capital, focado em empresas do mundo digital, a DXA pretende manter seu foco em ativos da economia real. “Tudo direta ou indiretamente relacionado a consumo é interessante. Saúde, educação, logística. O mercado pet e alimentação saudável são verticais que estamos olhando muito. Novos comportamentos do consumidor”, diz Decotelli. Ele avalia, no entanto, que a separação entre os mundos do venture capital e do private ficará cada vez mais difícil. “A fusão de tech e economia real veio pra ficar. SoftBank investindo na MadeiraMadeira é tech ou private equity?”, diz. No acumulado de janeiro a setembro de 2020, os investimentos em private equity no Brasil somaram R$ 6,2 bilhões, segundo a Abvcap. O valor foi quase a metade dos R$ 11 bilhões destinados ao venture capital.

Com o posicionamento de fintech, a DXA quer ampliar o número de investimentos que faz por ano, ficando entre 7 a 10, num total de R$ 100 milhões. O foco, segundo Decotelli, é a qualidade dos ativos, para manter uma taxa de retorno alta. O alvo é ter retornos de 4 a 6 vezes o valor investido. A DXA cobra 1,5% anualmente pela gestão dos ativos, com 15% de taxa de performance.

O cadastro direto pelo site estará disponível, mas a DXA não fará um trabalho tão ativo nessa captura. O foco será o trabalho junto a alocadores, consultores. Hoje ela tem 20 desses parceiros, em um programa chamada de DXA Partners.

Fundada em 2012, a DXA sempre teve uma atuação com empresas de menor porte, em fase inicial e em aceleração de crescimento (Ebitda de até R$ 5 milhões). Atualmente ela tem R$ 1,1 bilhão em ativos sob gestão e participação em empresas como Modern Logistics – empresa de logística focada em transporte aéreo do ex-Azul Gerald Lee, seu maior ativo no momento -, a rede de lojas de roupa infantil Bb Básico, a empresa de segurança digital Sikur e a Greenpeople, de sucos e alimentos saudáveis. A maior parte do capital é de estrangeiros – sendo um dos principais a família de um dos fundadores da gigante alemã dos softwares de gestão, a SAP.

Seu primeiro investimento, a Zee.dog, retornou 12,4 vezes o capital investido na saída feita em 2018. Ano passado a gestora teve outra saída com a venda da Pebmeb (do portfólio da 21212, da qual é sócia) para a Afya.

O MVP da nova operação foi feito em agosto com uma captação 100% digital para o aporte na Greenpeople. Em 30 dias, foram levantados R$ 10 milhões. Na época, a DXA baixou o tíquete mínimo de R$ 1 milhão para R$ 100 mil. “Quando entramos na Zee.dog eles tinham 15 investidores. Se tivesse 500, seriam 500 pessoas que poderiam ser clientes. O poder que os investidores/sócios podem trazer para a divulgação do produto e da marca é muito grande. É um novo valor agregado para o equity da empresa”, diz Decotelli.

LEIA MAIS