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Todo 8 de março, quando é comemorado o Dia Internacional das Mulheres, é lembrada a importância da luta por equidade de gênero e sobre o papel da mulher na sociedade. Ao longo dos anos, as mulheres conseguiram avanços importantes, como o direito do voto, mas até hoje existem pautas que precisam ser debatidas para chegar-se a uma sociedade cada vez mais igualitária. A desigualdade de gênero no mercado de trabalho é uma delas.

Nas empresas, é necessário muito mais que apenas expor o problema. Criar mecanismos para implementar essa discussão é apenas o primeiro passo. E apesar da cultura sexista, os homens estão se movimentando nesse sentido, ainda que a passos lentos, incentivados por um movimento lançado pela ONU Mulheres em 2014: o ElesPorElas (HeForShe). A iniciativa é um convite aos homens para se identificarem com as questões da igualdade de gênero, reconhecendo o papel que eles podem desempenhar para acabar com a desigualdade enfrentada por mulheres e meninas em todo o mundo.

Para entender a quantas anda o HeForShe no ecossistema de startups no Brasil, o Startups conversou com três empreendedores/mentores engajados na equidade de gênero, que colocam sob a mesa alguns pontos que ainda precisam evoluir. É o caso da própria adesão ao movimento por parte das startups.

“Há uma política de palco, muitas empresas adotam o movimento apenas para prestar contas à sociedade”, opina Daniel Magalhães, presidente da Virgo, empresa de serviços e soluções financeiras para o mercado de capitais, e sócio no hub de inovação focado em mães empreendedoras B2Mamy. Segundo ele, a própria extrapolação da iniciativa gera uma cobrança social em cima de companhias que não estão prontas para isso. “Vejo isso em diversos movimentos, não só no HeForShe”, acrescenta.

Daniel Magalhães, presidente da Virgo e sócio na B2Mamy


Quando ‘refundou’ a Virgo no fim de 2019, Daniel pensou em uma persona representada pelo feminino. Com metade de sua força de trabalho composta por mulheres, a empresa ainda preza pela equidade salarial, principalmente no c-level, (são duas mulheres em uma equipe de seis executivos). Outras ações envolvem a abertura de vagas para mães de periferia, e a extensão da licença maternidade para 6 meses.

Na fintech Conta Black, o time foi se tornando mais feminino ao longo dos anos. Além do corpo diretivo ser composto por uma mulher, a sócia e diretora de operações Fernanda Ribeiro, a startup também investiu em uma nova coordenadora financeira, Dayana Souza, a qual inclusive está sendo preparada para assumir a diretoria financeira da empresa.

“Meu sonho é ter uma presidente mulher no comando da Conta Black, para que eu possa seguir outros caminhos”, revela Sergio ao Startups. O empreendedor quer criar uma plataforma de investimentos até a metade do ano.

“Já estou arrumando a casa e captando recursos para aumentar o time e fazer com que a engrenagem rode por si só”, acrescenta. Ainda segundo ele, a Conta Black deve fazer 20 contratações nos próximos seis meses, e metade dos novos funcionários devem ser mulheres.

Fernanda Ribeiro e Sergio All, cofundadores da Conta Black

A clientela feminina da fintech também está na mira dos próximos projetos. Sergio pretende lançar um cartão exclusivo para mulheres até a metade do ano. Por enquanto, a startup está fazendo uma pesquisa com suas clientes sobre o que elas gostariam de ter em um serviço financeiro, além do crédito.

Para Tiago Barra, fundador do hub Digital Forest e sócio da SproutFi, os homens têm um papel fundamental em desconstruir a mentalidade patriarcal. No ano passado, quando pensou em criar um grupo de mentoria para mulheres sobre carreira e comportamento, se auto boicotou pelo pensamento: “como um cara vai dizer para mulheres o que elas devem fazer?”. Com as ideias reorganizadas, Tiago, que também é investidor e mentor em algumas empresas, deve lançar o projeto neste semestre.

Enquanto isso não rola, a SproutFi e a B2Mamy lançam em abril o programa Elainvestidora. Seu principal objetivo é ajudar as mulheres nas suas jornadas de investimento no mercado financeiro, tanto as iniciantes como as mais experientes nessa modalidade. Segundo Tiago, as usuárias de ambas as plataformas terão benefícios exclusivos na iniciativa.

Tiago Barra, fundador do hub Digital Forest e sócio da SproutFi

O toque feminino

Existem características estritamente femininas que dão aquele toque a mais para diferenciar um negócio e potencializar seu sucesso. Na visão de Daniel, da Virgo, o feminino traz uma visão holística ao negócio, enxerga o todo e não um olhar apenas focado no resultado.

“As mulheres deixam o ambiente mais construtivo, leve e empático. Inclusive, acredito que se a Virgo tivesse a alma masculina, teria grandes chances de caminhar para a beira do precipício”, comenta.

Para Sergio All, da Conta Black, as mulheres têm a sensibilidade como uma forte aliada para enxergar além, fazer uma melhor leitura dos acontecimentos. “A mulher se atém mais aos processos, é mais pé no chão no sentido estratégico”, afirma.

Mulheres na liderança

Embora as empresas estejam contratando mais mulheres, a promoção das mesmas não é uma prioridade para a maioria das organizações globais. É o que mostra estudo feito pela IBM entre o fim de 2020 e início de 2021 com mais de 2.600 executivos de 10 setores e 9 regiões geográficas. Apenas 1 em cada 4 organizações tem a promoção de mulheres como uma das 10 principais prioridades. 

A pesquisa mostra, por outro lado, que empresas protagonistas que são comprometidas com a diversidade, chamadas de “first movers”, relatam uma taxa de crescimento de receita que chegam a ser até 61% maior que outras organizações do estudo.

Outra análise, feita pela McKinsey, também indica que empresas com mais mulheres em cargos superiores podem entregar, potencialmente, desempenho de ações e lucros próximos a 50% maiores do que aquelas com menos mulheres nesses mesmos cargos.

E a sua empresa, como tem tratado a equidade de gênero em suas ações estratégicas – e o que as lideranças masculinas estão fazendo para promover o protagonismo feminino no ambiente de trabalho? 

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