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A Dolado, plataforma que apoia pequenos lojistas na compra e venda de acessórios para celular e informática e na gestão de seus comércios, levantou uma série A de R$ 53 milhões. O aporte foi liderado pelo fundo norte-americano Valor Capital Group, com participação de Flourish, GFC, Clocktower Ventures, IDB e Endeavor.

Fundada em 2020, a empresa nasceu com a proposta de conectar fornecedores a comerciantes de bairros periféricos e pequenas cidades brasileiras. O negócio começou por um insight de Khalil Yassine, ex-investment banking do banco Citi. Nos fins de semana, ele tirava uma folga das finanças e acompanhava o pai na pequena loja em Lauzane Paulista, na Zona Norte de São Paulo.

“Uma das coisas que mais me chamou atenção é o tempo que levava para abastecer o comércio”, diz o diretor de operações da Dolado. “Duas vezes por semana, meu pai tinha que sair da loja, ir até o centro, comprar a mercadoria e voltar para encher as prateleiras”, afirma. Ele acrescenta que quanto mais longe do centro, mais árduo é o processo. “Quem não está [próximo do centro da] cidade tem que acordar de madrugada para voltar à loja a tempo e atender os clientes”, pontua.

Isso gera o que Khalil chama de ciclo vicioso de compra. O comerciante não tem tempo de pesquisar alternativas, analisar fornecedores e buscar outras opções de compra. Por isso, o processo se repete: vai até o centro, compra a mercadoria e volta na semana seguinte. “Além disso, como é um mercado informal, [comerciantes] só compram em locais como a como a 25 de Março [rua no centro da capital paulista] em dinheiro e não têm um poder de barganha muito grande”, diz o empreendedor.

Khalil decidiu criar uma solução customizada que resolvesse a vida dos pequenos comerciantes de regiões afastadas dos grandes centros urbanos. Os fornecedores, afirma Khalil, ganhariam mais capilaridade em regiões que não chegariam sem a plataforma. Do outro lado, os comerciantes teriam acesso a uma maior variedade de produtos a um preço mais acessível. O executivo foi atrás de especialistas para validar a ideia e deparou-se com 2 empreendedores que, na época, estudavam uma startup indiana com uma proposta semelhante.

Os fundadores em questão eram Marcelo Loureiro e Guilherme Freire, cofundadores da startup de mobilidade urbana Grow Mobility. Eles estavam de olho na Udaan, plataforma de comércio eletrônico B2B. “A empresa indiana tem um modelo voltado para a logística e o marketplace. Nosso foco é o comerciante”, explica Khalil. Juntos, os executivos cofundaram a Dolado.

A startup cria, gratuitamente, um catálogo digital dos produtos, com a promessa de ajudar o comerciante a vender online de forma segura e eficiente. A monetização acontece por um serviço facilitador de compras: um marketplace entre fornecedores e pequenos comerciantes para que os lojistas não percam tempo de deslocamento para abastecer o estoque. Com mais de 20 mil empreendedores impactados, a proposta fez com que a receita da startup aumentasse 19 vezes no último ano.

Marcelo Loureiro, Guilherme Freire e  Khalil Yassine, cofundadores da Dolado
(Foto: Paulo Vitale)
Marcelo Loureiro, Guilherme Freire e Khalil Yassine, cofundadores da Dolado
(Foto: Paulo Vitale)

Os planos da Dolado

O Valor Capital é parceiro da Dolado desde 2020, quando liderou um aporte de US$ 2,2 milhões com a participação de Global Founders Capital, Provence e Norte Capital, além de investidores-anjo de empresas como iFood, Stone, Olist, Viva Real, Paypal e sócios de fundos internacionais como Lightspeed Ventures e Expanding Capital.

No caso da série A, boa parte do dinheiro será usada para aumentar a equipe, que já tinha crescido de 20 para 100 pessoas em 2021. Agora, a meta é passar a marca de 200 colaboradores até o final do ano. “Queremos expandir de forma sustentável e, para isso, é preciso estruturar a empresa”, afirma Khalil.

Os novos funcionários vão reforçar o time de experiência do cliente e, principalmente, produtos e tecnologia. “Precisamos de pessoas capacitadas para lançar novos recursos”, completa o empreendedor. Quais recursos, exatamente? Isso ainda não está definido. O executivo diz que as soluções surgem a partir do relacionamento com o cliente.

“Temos uma base grande o suficiente para identificar qual é o comportamento dos lojistas, hábito de compra, saúde financeira e principais dores. Com isso, criamos novos produtos”, pontua. O objetivo é ser um ecossistema de soluções para o pequeno comerciante. As novas funcionalidades podem incluir inteligência de compra do estoque e gestão financeira do comércio, mas, segundo Khalil, ainda é cedo para afirmar com certeza.

“Quando lançamos a Dolado, já havia 1.000 soluções de gestão financeira e e-commerce para o lojista comprar mercadoria. A diferença é que nós criamos a startup baseada em insights dos comerciantes”, afirma o fundador. 

“Eles desenham o que precisam e nós criamos os produtos que suprem suas dores, não o que achamos ser mais interessante para nossa empresa. Por isso, a gente fala que está do lado dos comerciantes”, conclui o empreendedor.

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