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*A cobertura especial do Startups no Gramado Summit tem apoio da Sólides.

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A mensagem geral para quem quer levantar dinheiro este ano é: esqueça 2021. Pelo menos, é o que diz Rafael Campos, venture capital principal na gestora VOX Capital, especializada em investimentos de impacto. “Era muito fácil captar. A velocidade das transações era grande e startups faziam várias rodadas no mesmo ano. Mas esse foi um ponto fora da curva, um hype exagerado e um volume muito alto de novos entrantes no mercado, com a taxa de juros baixa”, completa.

Ele analisou o cenário atual do ecossistema no painel State of Venture, durante o 2º dia do Gramado Summit. Sediado na serra gaúcha, o evento promete reunir 10 mil pessoas ao longo de três dias de conteúdos sobre inovação, negócios e empreendedorismo, entre 12 e 14 de abril. Ao lado de Rafael Campos, o  sócio-diretor e head de Emerging Giants da KPMG Brasil, Diogo Garcia, e a tech manager no Itaú BBA, Júlia De Luca, debateram o momento dos investimentos em startups, como está o racional dos investidores e o que esperar para os próximos meses.

Os especialistas ressaltam que o volume de investimentos do 1º trimestre está na faixa do que era antes do boom de 2021. “A maioria da queda acontece em estágios mais avançados. No early-stage, o volume caiu, mas muito menos. Os fundos seguem ativos e com dinheiro para investir”, pontua Rafael. No entanto, o processo até o aporte mudou, com investidores mais criteriosos e maior tempo de negociação. 

“A forma de lidar com as rodadas de investimento voltou a ser mais saudável. A diligência está mais apurada e a negociação, mais completa. É importante encontrar o investidor certo para a startup certa, desenvolvendo uma relação sadia desde o começo”, diz Rafael. Segundo o executivo, a VOX Capital é bastante fundamentalista, e agora tem a oportunidade de seguir o que acredita ser a forma ideal para a atuação um VC, com um olhar exigente para avaliar as oportunidades e escolher as melhores.

Mercados promissores

Diogo Garcia, da KPMG, enxerga grande potencial para energytechs, cleantechs e startups de inteligência artificial. “Esse é o momento para as startups provarem seus negócios e focar no que trás mais receita, e apostar nisso para os investidores se sentirem mais seguros e confortáveis”, afirma. Ele acrescenta que o mercado de VC é de longo prazo, e é natural que haja momentos de desafios, e que é supor um crescimento no VC acima do que ocorreu em 2021 é irreal.

“O poder de barganha com investidores é menor. Eles estão mais seletivos e o founder tem que trazer elementos e indicadores consistentes para mostrar que consegue cumprir com o que está prometendo, e se preparar para perguntas mais difíceis e aprofundadas para o investidor entender como funciona o negócio”, observa Diogo.

Com o mercado mais restrito para captações, a tendência é que, quem não conseguir levantar investimento coloque o negócio à venda, e quem tiver caixa sobrando aproveite para adquirir concorrentes e potenciais parceiros. “Veremos M&As necessários e menos oportunísticos para que as startups não morram”, analisa Diogo. 

Recentemente, a healthtech Pipo Saúde comprou a corretora da HRTech Convenia e a Betterfly, unicórnio chileno do segmento de recursos humanos e benefícios corporativos, comprou a brasileira SeuVale para complementar o portfólio de serviços oferecidos aos RHs das empresas. E a HRTech Gupy adquiriu a Pulses, plataforma catarinense de gestão de pessoas, para complementar o seu portfólio.

Para Julia De Luca, do Itaú BBA, umas das características mais importantes para sobreviver à conjuntura atual é adaptabilidade. “Saber aprender e desaprender, porque tudo muda e é preciso encontrar formas mais inteligentes de fazer algo”, explica. Ela destaca que a falta de liquidez leva a uma maior responsabilidade por parte das startups “Não vai ser fácil levantar dinheiro, então não dá para queimar caixa de forma irresponsável”, conclui.

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