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Criada em meados de 2020 para oferecer cursos online na área de tecnologia e artes, a edtech EBAC Online acaba de fechar uma rodada de série A de US$ 11 milhões.

O investimento foi feito pelo fundo russo Baring Vostok Capital Partners e contou com a participação dos também russos Begin Capital, Angels Deck e Sergey Solonin (fundador da fintech Qiwi). Os 3 últimos já tinham participado da rodada anterior, de US$ 1,5 milhão, que aconteceu em janeiro.

Com o investimento, a edtech quer chegar a uma receita anual de US$ 100 milhões em um prazo de 5 anos com alunos em toda a América Latina. Hoje ela faz R$ 6 milhões por mês com 20 mil alunos matriculados em 78 cursos – sendo 60 de menor duração, sobre um assunto específico (Photoshop, Illustrator, Figma, ediçãoo de vídeos etc.) e 18 profissionalizantes (analista e cientista de dados, UX/UI designer etc.), mais longos. Os preços variam entre R$ 1,5 mil e cerca de R$ 6 mil. Por mês, 10 novos cursos são adicionados. Na semana passada ela começou a operar no México. A equipe atualmente conta com 100 pessoas.

“Duplicar de tamanho todo ano nos próximos anos não será muito difícil, até porque ainda não tem um líder nessa área”, diz Rafael Steinhauser, presidente do conselho da edtech.

Entre os destinos dos recursos captados estão a ampliação da grade de cursos, a expansão na América Latina e aprimoramentos no sistema de gestão de ensino (Learning Management System, ou LMS) desenvolvido pela EBAC. A ideia é, por exemplo, usar inteligência artificial para detectar pontos de dificuldade de aprendizado de cada aluno, ou mesmo melhorias nos cursos. “Se todo mundo tem problema em um determinado ponto, será que não tem alguma questão ali?”, diz Rafael. Também estão sendo reforçados o relacionamento com a indústria e o suporte aos alunos em termos de possiblidades de carreira. Há ainda planos para uma atuação B2B.

Mudanças no ensino e no mercado de trabalho

“A universidade não será mais o único meio de você se capacitar, se habilitar para uma carreira profissional. Ela não vai acabar, mas,  mais e mais, vamos ver no mundo escolas que suplementem e deem escala que se precisa para a capacitação [upskilling] e recapacitação [reeskiling] da mão de obra”, avalia Rafael.

A estimativa do Fórum Econômico Mundial é que até 2030, 1 bilhão de pessoas no mundo terão que se recapacitar para atuar em áreas de atuação que não são as suas originais.

Essas mudanças no mundo do trabalho e da educação têm sido os motivadores de um forte crescimento nos aportes em startups da área de educação. Só no 1º trimestre no Brasil, o segmento, que nunca esteve na prioridade dos investidores, chegaram a US$ 222,5 milhões, um salto de quase 10 vezes na comparação com o mesmo período de 2020. Na lista estão 20 rodadas, como a série E de R$ 450 milhões recebida pelo Descomplica.

Segundo Rafael a EBAC Online traz como diferencial é a qualidade dos professores e o acompanhamento próximo dos alunos por meio de mentores que corrigem e avaliam os trabalhos que são entregues. Os trabalhos, aliás, são usados para montar o portfólio que pode ser usado para mostrar a experiência na área de estudo. “uma coisa é popularizar o ensino com vídeos online. Outra coisa é profissionalizar de verdade”, pondera.

EBAC Online

A EBAC Online foi criada por Rafael e pelos russos Alexander Avramov e Andrey Anischenko em junho do ano passado, quando a pandemia interrompeu as aulas presenciais.

O 1º teste foi feito em julho com apenas um curso oferecido pela Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia (EBAC), que está em operação há 5 anos e que tem Rafael e Alexander como sócios. Segundo Rafael, o resultado foi muito bom e motivou a criação do novo negócio. “Nunca imaginamos que estaríamos neste momento hoje”, diz Rafael.

Apesar do nome e dos dois sócios em comum, EBAC e EBAC Online operam de forma separada. De acordo com Rafael é possível que em algum momento seja criada alguma oferta híbrida, mas ainda não há nada planejado.

Multitarefa

Aos 62 anos, o ex-executivo da Qualcomm, Rafael ainda divide seu tempo com o SPAC Alpha Capital Acquisition Company, uma participação no conselho do fundo de internet das coisas do BNDES, que é gerido pela Indicator Capital, e diz que vai lançar uma nova iniciativa na área de tecnologia entre outubro e novembro. Mas não quis dar detalhes.

Ator profissional há uma década, ele pretende, em abril, estrear uma nova peça: Eros, com dramaturgia de Nilton Bonder e direção do Marcio Abreu. “Nunca é tarde para fazer coisas novas. Você sempre pode se reinventar. É muito bom se reengajar, assumir um compromisso novo com a vida”, filosofa.

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