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A partir de agora, a Voa Educação, startup focada na avaliação e acompanhamento do desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos, faz parte do ecossistema da Vivadí, plataforma de conteúdo para desenvolvimento de soft skills de crianças e jovens.

O namoro entre as empresas começou no 2º semestre do ano passado, com um empurrãozinho da MSW Capital. A gestora de capital de risco investiu R$ 800 mil na Voa em 2019, por meio do seu fundo BR Startups. “Sabíamos da proposta de valor da Voa e como a solução é relevante, e conhecemos a Vivadí, uma startup do mesmo segmento com soluções complementares”, explica Richard Zeiger, sócio da MSW.

Juntas, as companhias encerraram 2021 com R$ 1,5 milhão em receita. A projeção para 2022 é multiplicar esse número por 5, chegando a marca dos R$ 7,5 milhões em receita anual. O crescimento se dará, em partes, pela recuperação da economia como um todo, à medida que o país avança na flexibilização pós-pandemia. 

Outra aposta para o crescimento é a oferta gratuita dos produtos para as escolas – algo que as empresas começaram a adotar neste ano. “Os colégios precisam confirmar que a solução tem valor, impacto e funciona”, explica Pablo Doberti, fundador e diretor-executivo da Vivadí.

Segundo o executivo, as poucas experiências que a companhia teve já começaram a gerar resultado, com taxas de conversão acima dos 70%. “Também esperamos conquistar novos clientes, e a combinação desses fatores fará com que a a gente dê um salto relevante de receita”, completa o executivo.

Por que a fusão fez sentido

Segundo Pablo e Tiago Neves, fundador da Voa, a fusão é “um exemplo de negociação rápida e fluída”. “[Acordos desse tipo] não são simples, porque todo mundo tem a sua vaidade e acha que tem mais valor do que o outro. Mas, no nosso caso, encontramos modelos muito compatíveis”, afirma Pablo, que também é diretor-executivo da Vivadí.

Com mais de 20 anos de experiência no setor educacional, o argentino tem passagens pelo Grupo Santillana (dono da Editora Moderna no Brasil) e a Arco Educação. Ele criou a startup em 2018 para solucionar o desequilíbrio entre o investimento que as escolas faziam no desenvolvimento das habilidades cognitivas (hard skills) e brandas (soft skills) dos alunos.

“Cada vez mais a escola tem se tornado uma máquina de passar conhecimento, ao invés de uma instituição preparada para desenvolver integralmente as pessoas. A sociedade começa a cobrar isso do sistema educacional, porque as pessoas não estão à altura  do mundo que geramos: perdem empregos, gastam dinheiros à toa e continuam fazendo guerras”, afirma o executivo, acrescentando que é o sistema educacional que tem os mecanismos necessários para solucionar esses problemas.

A companhia cria video experiências para desenvolver as habilidades socioemocionais de jovens e crianças. O storytelling foi construído a partir de pesquisas com jovens para avaliar a melhor linguagem para entreter o estudante e engajar o aluno ao longo das experiências. 

A fusão traz 2 grandes vantagens para a Vivadí: a solução em si, tanto da parte tecnológica quanto de acesso às soft skills, e o próprio Tiago e seu time de tech. “Ainda estávamos fracos em tecnologia, e fortalecer essa área na empresa gera uma potencialidade incrível para completar a plataforma educacional”, afirma Pablo.

Para o fundador da Voa, a operação é uma ótima oportunidade de fortalecer a entrega que as companhias já fazem para o setor. “A gente trabalhava com o monitoramento das soft skills, mas muitas escolas pediam para irmos além. Uma vez que você identifica quais são os gaps de aprendizagem do aluno, é preciso desenvolver essas habilidades, algo que ficava sob responsabilidade do colégio”, explica, afirmando que a Voa já estudava formas de dar o próximo passo, mas ainda não havia encontrado uma experiência digital e escalável, que despertasse o interesse do aluno.

“Ficou evidente que a Vivadí tinha um modelo claro de construir uma metodologia de desenvolvimento socioemocional e tinha uma execução muito boa de criação de conteúdo digital. E como Voa, percebemos que poderíamos agregar muito como time de tecnologia”, diz Tiago. “A cereja do bolo é que juntas, temos um produto totalmente diferenciado, que integra toda a parte de desenvolvimento das soft skills e de acompanhamento do que está sendo feito, o que faz muito mais sentido para as escolas”, completa.

Ex-desenvolvedor e líder do projeto inStore da Vtex, unicórnio brasileiro focado em SaaS para empresas e varejistas criarem seus e-commerces, Tiago lançou a Voa em 2017, e atende grandes instituições de ensino, como a rede de colégios PH e o colégio Embraer. A plataforma avalia as competências socioemocionais dos alunos e gera relatórios para a escola compartilhar com a família, além de reunir todas as informações em um painel digital para apoiar o trabalho da coordenação e do time pedagógico.

Próximos passos

As startups estão operando juntas desde o inicio do ano sob o guarda-chuva da Vivadí. “A empresa já era mais madura do que a Voa e tinha mais alcance, explica Richard, da MSW, acrescentando que Voa, com sede no Rio de Janeiro, estava muito nichada no estado carioca. A Vivadí nasceu em São Paulo e antes da fusão já estava presente em mais de 100 escolas em 14 estados brasileiros, impactando cerca de 30 mil alunos.

Pablo, fundador da Vivadí, segue como diretor-executivo e Tiago, da Voa, assume como diretor de tecnologia – embora em breve fique com o posto de diretor de produtos. A “nova fase” da Vivadí estreia com 31 colaboradores, muitos espalhados geograficamente e trabalhando de forma remota.

Como investidor na Voa, Richard ganha uma cadeira no conselho da Vivadí. “Antes de ser gestora de capital de risco, a MSW foi uma boutique de M&As, e usamos nossa expertise na área para promover o casamento das empresas”, diz o executivo. Sua missão, explica, será definir as prioridades do negócio, ajudar em governança e desenvolvimento da companhia e buscar uma rodada seed, a ser concluída no final do 1º semestre de 2022.

“A data [de fechamento] conversa com o ciclo de vendas escolas, que se intensifica no 2º semestre. É quando as escolas estão buscando soluções pedagógicas para o ano seguinte, e temos que estar prontos para acelerar”, pontua Pablo. O dinheiro da rodada será revertido em investimento em tecnologia, gestão comercial, estruturação geral da empresa e aumento da base de alunos.

“Tomamos uma decisão de não sair do Brasil neste momento. A estrutura do capital de risco nacional é suficientemente madura, ampla e interessante para levantarmos o dinheiro e crescer. [Buscar fundos] de fora é quase uma sofisticação desnecessária para o estágio em que estamos”, considera Pablo, ressaltando que o ecossistema de VC no Brasil, comparado a outros países na América Latina, está muito avançado.

Isso não impede, porém, que a startup busque investidores de fora que já invistam e estejam posicionados no Brasil. “Existem investidores estrangeiros tradicionais de educação que operam no Brasil e tem apetite para isso”, complementa Richard.

O time de tecnologia, encabeçado por Tiago, já começou a desenvolver uma nova plataforma para a Vivadí, integrando as 2 soluções. Com 510 videoexperiências no portfólio, a startup está desenvolvendo cerca de 40 novos conteúdos por mês. 

Entre eles, está uma unidade de desenvolvimento de soft skills para adultos. O protótipo está sendo finalizado para, em breve, partir para a etapa dos testes. “A potencialidade do trabalho é tanta, em termos pedagógicos e tecnológicos, que não acaba nos jovens e crianças. O mundo corporativo consome muito [esses conteúdos], e vamos entrar nesse jogo”, afirma Pablo.

Os executivos não descartam novas aquisições para o ecossistema Vivadí. “Vejo o mercado de edtechs exageradamente pulverizado – tem muitas empresas pequenas. Juntar negócios incipientes que se completam acelera o processo de geração de valor e potencialidade da companhia”, conclui Pablo.

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