Elon Musk, simplesmente o homem mais rico do mundo, agora é dono do Twitter. O megabilionário colocou US$ 44 bilhões na mesa e agora detém a rede social do passarinho azul, com seus 217 milhões de usuários ativos – o que dá US$ 202,76 por usuário, nada mal!
Claro que a compra ainda precisa ser aprovada pelos órgãos regulatórios nos EUA, mas a notícia já colocou o mercado em polvorosa, especulando sobre quais serão os passos de Musk à frente da plataforma.
Em meio às dúvidas e expectativas, separamos 5 importantes questões que estão no ar após a compra do Twitter por Mr. Musk.
É business, ou tem algo mais envolvido?
Não vamos nos enganar: Elon Musk é um homem de negócios, e ele gosta de fazer dinheiro, o que claramente terá impacto sobre suas decisões à frente do Twitter.
Entretanto, o recado está dado. Ao deter o controle da rede social, Musk também se torna uma das figuras midiáticas mais poderosas do mundo. Não há como não pensar que também se trata de uma compra de vaidade, dada a excentricidade do sujeito.
Segundo uma análise da Bloomberg, a compra do Twitter se trata de algo além de uma aquisição econômica. Ela também é política, tanto que Musk chegou a afirmar abertamente que “não se importa” com as finanças do Twitter.
Para os analistas, o homem mais rico do mundo está de olho em um tipo diferente de poder: controlar um dos megafones mais poderosos da atualidade. Porém, diferentemente de quando Jeff Bezos prometeu não se envolver nas decisões editoriais do The Washington Post quando adquiriu o jornal em 2013, Musk quer fazer o contrário. Ele pretende botar a mão na massa e impor a sua visão libertária sobre expressão online.
Como ficará a liberdade de expressão na plataforma?
Em 2021, o Twitter foi alvo na calorosa discussão sobre liberdade de expressão e fake news nas redes sociais, especialmente após o banimento definitivo do ex-presidente Donald Trump da plataforma.
Elon Musk foi um dos críticos mais vocais contra os esforços das redes em controlar os tweets de usuários, questionando a postura de gatekeeper das plataformas e os cancelamentos que vieram no rastro disso.
Nos dias prévios à aquisição, ele se declarou um “absolutista da liberdade de expressão”, pretendendo levar esta filosofia ao Twitter. Musk inclusive foi mais longe desde então: disse que a compra do Twitter é algo “extremamente importante para o futuro da civilização”, pois a rede pauta as conversas do dia-a-dia.
O fato é que o bilionário quer que o Twitter seja mais aberto e com menos moderação nas suas discussões, embora não tenha dado detalhes sobre sua postura em relação a assuntos como fake news e discursos de ódio. Contudo, Musk tweetou nesta segunda (25) que espera que seus piores detratores permaneçam no Twitter, “pois isso é o que liberdade de expressão significa”.
Outra coisa: tem gente que acha que a compra abre a possibilidade de Trump ter a sua conta de Twitter reintegrada. Musk não comentou nada sobre o assunto, e nem o ex-presidente, que no momento está ocupado tentando fazer a sua própria rede social, a Truth, “pegar no tranco”.
Que mudanças práticas Elon Musk pode implementar?
O botão de editar tweet está cada vez mais perto de se tornar realidade. No início do mês, o perfil oficial do Twitter afirmou que a plataforma está desenvolvendo e testando a funcionalidade. O recurso já deu o que falar no passado: um pedido antigo de uma parcela dos usuários, mas que gera discussões a viralidade e imediatismo dos tweets.
Quem é contra argumenta, por exemplo, que um usuário poderia postar uma mensagem inofensiva e, quando viralizasse, mudar o conteúdo para algo preconceituoso. Do outro lado, quem é favor defende que o recurso vai facilitar o uso na rede social, já que hoje a única forma de corrigir algum conteúdo é apagando o tweet e publicando novamente.
De olho nessa movimentação, Elon Musk fez, recentemente, uma enquete questionando seus seguidores se eles gostariam de ver a ferramenta no ar. Dos mais de 4 milhões de respondentes, 73,6% responderam que sim, ante os 26,4% contrários à ferramenta.
Bastou apenas 1 dia para o Twitter se manifestar outra vez, confirmando que a opção está sendo desenvolvida. Embora tenha afirmado que “a ideia não veio de uma enquete”, não dá para negar que o bilionário agilizou o processo.
Também não será uma grande surpresa se o código da rede social passar a ser open source. Em uma conferência TED realizada em abril, Elon Musk compartilhou seus planos de mudar o algoritmo da plataforma.
A mudança deixaria o código disponível publicamente para qualquer pessoa ver, retrabalhar e usar para outros fins, além de mostrar como certas postagens surgiram em suas linhas do tempo. Segundo o empresário, a mudança vai “aumentar a confiança, derrotando os bots de spam e autenticando todos os humanos”.
Como ficarão os planos de Jack Dorsey (NFT e Cripto) para o Twitter?
O antigo diretor-executivo do Twitter, Jack Dorsey, é fã de carteira de criptomoedas de NFTs (tokens não fungíveis), e estava fazendo investimentos para implementar os recursos na rede social. No ano passado, a companhia começou a montar uma equipe focada em criptomoedas e descentralização. Quem lidera o time Twitter Crypto é Tess Rinearson, que já trabalhou em startups de criptoativos, como Interchain, Tendermint e Chain.
Pouco antes, a companhia anunciou a possibilidade de fazer doações em bitcoin por meio da plataforma. Em 2022, a plataforma liberou que usuários usem NFTs como fotos de perfil, por meio de uma integração com carteiras digitais da Coinbase e Open Sea. Com a mudança, as imagens de perfil ganham uma forma hexagonal, ao invés das tradicionais fotos circulares.
A pergunta que fica é: Elon Musk vai dar continuidade a esses investimentos? O bilionário não gostou nada da atualização que permite o uso de NFT na foto de perfil. “O Twitter está gastando recursos de engenharia nesta besteira, enquanto os golpistas de criptografia estão dando uma festa de spambot em todos os tópicos!?”, publicou na rede.
Em relação às criptomoedas, a relação do bilionário flutua. Em fevereiro de 2021, a Tesla anunciou que comprou US$ 1,5 bilhão em bitcoins para “ter mais flexibilidade para diversificar e maximizar o retorno sobre o caixa”. No mesmo período, a fabricante de carros elétricos passou a aceitar pagamentos com a moeda digital, mas, 2 meses depois, suspendeu a ideia.
Segundo Musk, a mudança ocorreu devido a preocupações com “o uso crescente e rápido de combustíveis fósseis” no sistema da criptomoeda. Mas alguns meses depois, o bilionário afirmou que a fabricante de carros elétricos provavelmente voltaria a aceitar a moeda digital como pagamento, já que a mineração de bitcoin está “mudando para a energia renovável”. Em março de 2022, o bilionário contou que não pretende vender seus bitcoins, ethereum e dogecoin.
O Twitter vai dar lucro, finalmente?
O Twitter está queimando caixa. A empresa acumulou prejuízo líquido de US$ 1,13 bilhão em 2020, seguido de US$ 221,4 milhões em 2021. Mesmo com um aumento de 37% na receita, a companhia reportou perdas de US$ 536,7 milhões no 3º trimestre de 2021, revertendo o lucro de US$ 28,6 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.
Seria a chegada – e a influência de peso – de Elon Musk a solução para a plataforma se tornar rentável depois de anos no vermelho? Já estamos acostumados a ver moedas digitais valorizarem ou desvalorizarem repentinamente em reação a alguma fala do líder da Tesla – o fenômeno é tão comum que ganhou o nome de Efeito Elon.
Ainda é cedo para dizer como a aquisição vai impactar o Twitter no longo prazo, mas os números já começaram a se manifestar. Após aceitar a proposta da compra, as ações do Twitter em Wall Street subiram 6% na tarde de segunda-feira (25). No fechamento do pregão, a companhia terminou o dia em alta de quase 5,7% – a Tesla, por outro lado, caiu 0,70%. Os três principais índices acionários de Wall Street também terminaram o dia em alta. A Nasdaq cresceu 1,29%, o Dow Jones, 0,70% e o S&P 500 subiu 0,57%.
O Twitter tem buscado variar suas formas de ganhar dinheiro. No 4º trimestre de 2021, 85% de sua receita veio de publicidade, e apenas 15% de licenciamentos, assinaturas e outras fontes. Até 2023, o passarinho azul projeta uma receita anual de US$ 7,5 bilhões, dos quais apenas 50% devem vir do mercado publicitário.