A Quero 2 Pay, fintech de meios de pagamentos por maquininhas de cartão, movimentou R$ 1 bilhão em transações nos primeiros 18 meses de operação. A startup de Franca, interior de São Paulo, está presente em 1.900 cidades brasileiras e mais de 20 mil estabelecimentos e nasceu para ajudar os pequenos e médios empreendedores no acesso a ferramentas tecnológicas e financeiras.
Apelidadas de Queridona Smart, as maquininhas cumprem a função tradicional de passar cartões de débito e crédito, mas também vão além. Com o aparelho, os lojistas podem pagar multas e IPVA, vender ingressos para eventos, fazer recargas de celular, transferências PIX e oferecer para os clientes a possibilidade de pegar empréstimos, parcelar boletos e fazer pagamentos por aproximação ou via biometria facial.
“As máquinas funcionam como um mini banco, para que os empreendedores tenham serviços completos e de qualidade a um preço justo, apenas 12x de R$ 9,90”, diz Gabriel Andrade, cofundador e diretor-executivo da Quero 2 Pay. “Por conseguirem fazer tudo que uma instituição financeira faz, os estabelecimentos comerciais funcionam como correspondentes bancários”, completa. O lojista ganha uma comissão por cada transação feita com a maquininha.
Segundo o executivo, a estratégia para alcançar o primeiro bilhão de transações foi apostar em diferentes tecnologias. Além das integrações da maquininha, a empresa conta com um bot no WhatsApp para suporte e investe no time de marketing digital para atrair novos clientes. Gabriel destaca, ainda, que parte importante dessa conquista veio graças ao programa de licenciamento com foco em microempreendedores.
Os licenciados
O programa de licenciados permite que donos de comércio atuem como representantes da marca Quero 2 Pay, credenciando estabelecimentos comerciais de sua cidade e administrando a carteira de lojistas que utilizam os serviços da Queridona Smart.
Segundo a companhia, um empreendedor parceiro consegue, em apenas 10 meses, gerar cerca de R$ 6 mil de faturamento mensal. “É uma oportunidade para ele aumentar a renda. Oferecemos a licença a partir de 12x de R$ 99 e não demora para o empreendedor ter o retorno sobre o investimento”, afirma Gabriel.
A startup já tem cerca de 150 licenciados em todo o Brasil, e atribui a rápida adesão ao contexto da pandemia. “Muitas pessoas perderam seus empregos e tiveram que buscar uma alternativa financeira.” Em 2022, a companhia pretende ampliar o programa de licenciados, chegando à marca dos 2.000 parceiros até o final do ano.
Para apoiar esse processo, a fintech oferece treinamento e acompanhamento semanal para os empreendedores, por meio da escola Q2 Academy. “Percebemos que em outras empresas a pessoa adquire a licença e fica abandonada. Nosso diferencial é carregar o empreendedor no colo.”
Os licenciados passam por uma capacitação de como vender melhor, atender os clientes, administrar a carteira e usar os produtos da Quero 2 Pay. Eles também recebem a ajuda de um gestor da startup para analisar o seu desempenho, esclarecer eventuais dúvidas e fazer a prospecção do negócio.
A remuneração é feita de 2 maneiras. A primeira é por credenciamento: o licenciado recebe por cada estabelecimento comercial que credenciar. Depois, ele ganha por recorrência, recebendo um valor por cada transação que o lojista fizer usando a maquininha.
Para a fintech, a vantagem do programa é a força de expansão. “O programa de licenciados é como uma franquia, mas em um formato mais ágil. Qualquer pessoa pode adquirir a licença no site e já começar o treinamento para trabalhar. No caso da franquia, o processo é mais lento e burocrático”, explica Gabriel.
Como tudo começou
Em 2013, Gabriel fundou a Quero 2 Ingressos, uma startup de compra e venda de ingressos para shows, festas, baladas e outros eventos. Segundo o empreendedor, os negócios iam bem, gerando de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por mês. “Assim que a pandemia foi decretada, vimos o faturamento zerar muito rapidamente e precisávamos achar uma solução para continuar trabalhando”, afirma.
A estratégia foi mudar completamente o modelo de negócio. Com o apoio de Eliézer Pimentel, cofundador e ex-diretor executivo da CloudWalk, fintech dona das máquinas InfinitePay que recentemente atingiu o status de unicórnio sendo avaliada em US$ 2,15 bilhões, Gabriel criou a Quero 2 Pay, que, segundo o empreendedor, movimenta R$ 100 milhões de volume total de pagamentos por mês.
“Começamos a nos familiarizar com o ecossistema de fintechs durante uma viagem para Portugal, durante a conferência Web Summit. Vimos que era uma grande oportunidade de negócio. Com a paralisação dos eventos, esse foi o momento ideal para investir na área”, diz o executivo.
A startup começou a operar em abril de 2020 com o objetivo de democratizar o acesso à tecnologia financeira e empoderar empreendedores ao redor do Brasil. Além das máquinas Queridona Smart, a companhia oferece o Q2 Lupa, uma ferramenta para conciliar, de forma automatizada, todas as vendas feitas com cartões, e o Q2 Link, que possibilita a venda pelas redes sociais.
Segundo Gabriel, a companhia vai lançar uma conta digital no primeiro semestre de 2022. “A vantagem é que o lojista não vai precisar abrir uma conta em outra instituição financeira para usar a maquininha”, explica. Para o empreendedor, um dos grandes diferenciais da Quero 2 Pay é eliminar a necessidade de vínculo com um banco. “Muitas vezes, a maquininha está integrada a um banco específico, e o cliente fica amarrado naquela instituição. No nosso caso, ele pode usar a Queridona com qualquer banco, tradicional ou digital.”
Em setembro de 2020, a Quero 2 Pay levantou um seed de R$ 3 milhões da 7Stars Ventures. O investimento foi usado para aumentar o time, que está na casa dos 200 colaboradores, e desenvolver o produto. A expectativa é que a fintech faça uma série A no ano que vem, intermediada pelo banco BR Partners, que recebeu o mandato de fazer o contato com os fundos de investimento.
Os recursos da nova captação serão usados para investir em marketing e tecnologia, expandir a equipe, com foco nos times de tech e comercial, e ampliar o programa de licenciados. Para 2022, a fintech quer ter 44 mil estabelecimentos comerciais usando seus serviços e, até 2026, multiplicar esse número para 500 mil.