A estratégia de inovação do Einstein está fundamentada no conceito de open innovation, que é feito em colaboração com agentes externos, como startups, principalmente, e alianças com outras grandes organizações. Integra essa frente a Eretz.bio , a primeira incubadora de startups de saúde do Brasil, que foi criada pelo Einstein em 2017.
“O Einstein tem há oito anos uma vertical dedicada a trabalhar com o ecossistema de inovação em saúde, que vem crescendo e, durante a pandemia, ganhou novo impulso. Saltamos, por exemplo, de 39 projetos em andamento na Eretz.bio para mais de 100 ao final do ano passado. Esse ano já são 140 projetos”, informa Camila Hernandes, gerente de inovação responsável pela área de validação de novas tecnologias em saúde e parcerias com startups.
Parte do movimento de intensificação do movimento de open innovation é o recém-lançado braço focado em biotecnologia, com a criação de um Programa de Inovação em Biotecnologia e criação de uma nova unidade a Eretz.bio biotech, para apoio a startups e pesquisadores do setor de biotecnologia com foco em saúde.
O programa contribuirá para o desenvolvimento pioneiro de novos métodos de diagnósticos e terapêuticos, soluções digitais e medical devices com foco nessa área além do fomento a pesquisas. A sede do Programa ocupa um espaço no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecília e Abram Szajman, e permitirá ao Einstein ampliar sua rede de colaboração com importantes centros de pesquisa e grandes indústrias de saúde do mundo.
Com isso, Camila Hernandes, que estava à frente da Eretz.bio, assume o programa, enquanto Alexandre Mosquim – que já orquestrou inovação em organizações como Votorantim Cimentos e Vale, além de ser co-fundador do movimento Open Innovation Brasil e membro do conselho do Instituto Hélices, cujo foco é inovação colaborativa – é o novo gerente da Eretz.bio.
“Em outros lugares, precisei começar do zero e conscientizar as pessoas sobre o impacto e o poder da inovação aberta. A Eretz.bio, por outro lado, trabalhou na maturidade de produtos e serviços de inovação de uma forma muito forte e estratégica”, pontua o gerente de inovação da Eretz.bio, em entrevista ao Startups.
Apesar do histórico e tradição já estabelecidos no trabalho com startups early-stage, a Eretz.bio atualmente é “muito mais que uma incubadora”, diz o executivo.
“Trabalhamos em duas principais frentes quando se fala em inovação. A primeira é a mais conhecida: a incubação e o desenvolvimento de startups com soluções de saúde digital (como softwares e aplicativos). A outra, também muito importante, é a conexão com outras instituições do setor de saúde em busca de oportunidades e sinergias”, explica Alexandre.
De um lado, a Eretz acompanha e auxilia no desenvolvimento de novos produtos e serviços das startups da área da saúde, e promove a conexão das startups com diversas empresas consolidadas do setor, incluindo áreas internas do próprio Einstein. Do outro, o hub também apoia às empresas através da promoção de workshops para resolução de problemas a partir de metodologias de inovação (como o design thinking e o biodesign), datathons e hackathons.
“Apoiamos organizações na construção de produtos e processos, auxiliando grandes corporações em ganho de produtividade e criação de novos modelos de negócios. E muitas vezes a solução já existe no mercado, e pode ser ofertada por startups”, diz Alexandre.
Pelo fato de já haver um grande portfólio de produtos no mercado desenvolvido por startups, um dos carro-chefe das ações de inovação aberta da Eretz são os desafios de startups, uma chamada para identificar soluções com potencial de resolver uma dor enfrentada pelo setor da saúde ou especificamente pela empresa que o contratar. Já foram realizados desafios com temáticas como doenças raras, saúde mental e identificação de soluções que pudessem ser ofertadas como benefícios corporativos, entre outras.
“Além das incubadas, temos uma base com mais de 2.000 startups da área da saúde mapeadas, com curadoria tecnológica e de negócios e que é atualizada periodicamente conforme a evolução de cada uma delas”, explica o gerente da Eretz.bio. “Conseguimos ver primeiro o que está sendo desenvolvido pelas startups do setor. Isso é muito importante para as empresas, que confiam na nossa expertise de conseguir avaliar o que realmente é promissor e quem é capaz de entregar o prometido.”
Ao longo dos anos, a Eretz construiu uma prateleira de produtos junto às startups incubadas. Exemplos que passaram por lá incluem a MedRoom, Psicologia Viva, N2B, WeCancer e Escala.
O inverno das startups
Neste segundo semestre, outro foco da Eretz.bio está sendo preparar sua equipe para apoiar os empreendedores no que está sendo chamado de inverno das startups, um momento de menor liquidez no mercado, com muitos fundos de venture capital e investidores-anjo freando seus aportes.
O segundo semestre de 2022 e possivelmente o início de 2023 deverá ser um período muito duro para as startups do mundo inteiro, porque os recursos que levantaram em rodadas de investimento em anos anteriores deverão estar chegando ao fim, e as próximas rodadas podem ser feitas com valores menos atrativos para elas.
“Em novembro, a Eretz.bio vai completar cinco anos atuando como incubadora de startups da área da saúde. Nesse tempo, desenvolvemos diversas formas de apoio ao ecossistema empreendedor e do país e entendemos que, mais do que nunca, esse suporte será fundamental”, completa Mosquim.