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Depois de mexer com o mercado de venture capital latino investindo em empresas em fase de desenvolvimento mais avançado, o growth, a SoftBank agora vai chacoalhar (e inflacionar?) também a base da pirâmide.

O Startups apurou que a companhia colocou de pé um fundo de US$ 300 milhões para investir em companhias em fase inicial, o chamado early stage. A proposta é fazer desde rodadas seed até as séries B, com cheques que podem chegar a US$ 30 milhões. Procurada, a SoftBank não comentou.

Mas pra que isso, gente?

Desde que lançou seu fundo de US$ 5 bilhões com capital próprio para LATAM, em 2019, a SoftBank vinha atuando indiretamente em early stage com investimentos em outros fundos. Isso lhe dava uma visão do que estava vindo e do que poderia ser alvo de investimentos seus mais à frente. Agora, com uma atuação direta, ela garante para si a possibilidade de ganhos mais elevados em seus aportes, uma vez que poderá acompanhar as companhias em todas as suas etapas de desenvolvimento.

Se bem que ela não tem muito do que reclamar do que fez até agora por aqui. No balanço do 2º trimestre ela anunciou que os US$ 3,5 bilhões investidos na região até aqui já valem US$ 6,9 bilhões.

Ex-Redpoint à frente

A incursão no early stage será tocada por Rodrigo Baer, que deixou a Redpoint eventures em junho, e por Marco Camhaji que estava na Amazon, mas que também já foi Redpoint. Os dois, que se juntaram à SoftBank como sócios, ficarão sediados no Brasil e vão responder a Marcelo Claure, o homem de muitos cargos – diretor corporativo, vice-presidente executivo e COO do SoftBank, diretor executivo da SoftBank Group International, diretor executivo da SoftBank Latin America Advisers e presidente do conselho do WeWork.

O Startups apurou que Rodrigo tinha saído da Redpoint para montar sua própria gestora, a GoBold Ventures. A ideia era levantar US$ 100 milhões exatamente para fazer investimentos em early stage. A captação estava em estágio avançado quando a SoftBank propôs que ele fosse fazer isso dentro da sua estrutura.

Dinheiro “infinito”

O novo fundo chega no momento que a SoftBank prepara o lançamento de seu 2º fundo para a América Latina. A ideia é que ela direcione mais US$ 5 bilhões para novos investimentos na região. A investida também acontece no momento que gigantes do mundo dos investimentos como Tiger Global, Andreessen Horowitz e Sequoia Capital voltam suas atenções para a América Latina de olho em companhias desde os estágios iniciais até o IPO.

Curiosamente, esse movimento foi motivado, em grande medida, pela atuação da própria SoftBank. Nos últimos 2 anos, ela fez 48 investimentos, sendo que 11 atingiram o status de unicórnio (valendo mais de US$ 1 bilhão). Dentre eles estão Rappi, Gympass, VTEX, Mercado Bitcoin, Kavak e Creditas.

Isso apetite mexeu com o mercado e fez com que de 4 ou 5 nomes existentes até ali, a manada passasse a ter 29, colocando a região de vez no radar da inovação. E a lista de candidatas ao posto é extensa. A expectativa é que pelo menos 3 novos unicórnios venham ao mundo nas próximas semanas.

A crítica recorrente é que o dinheiro “infinito” da SoftBank inflacionou o mercado de growth. E o receio é que a investida no early stage possa ter o mesmo efeito. Mas pelo jeito como a coisa anda, se isso acontecer, dessa vez ela não poderá ser considerada a única culpada.

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