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Com sede no Reino Unido, a Ernst & Young Global Limited (EY) atua em serviços de consultoria, assurance, estratégia, transações e finanças corporativas. Presente em mais de 150 países, incluindo o Brasil, a companhia é uma das 4 gigantes do mundo da auditoria (junto com PwC, KPMG e Deloitte) – e não é um nome muito familiar no mundo das startups – exceto pelos fundadores ou funcionários que passaram pelos seus quadros. Mas esse cenário pode mudar com um reforço da atuação nesse mercado por meio de parcerias e projetos que apoiam negócios e empreendedores de diversos segmentos.

Recentemente, a empresa anunciou o lançamento do seu próprio hub brasileiro de inovação, o EY Startup Hub, que visa conectar a EY e seus clientes com o ecossistema de startups e scale-ups brasileiras gerando oportunidades de inovação aberta. A unidade contará com programas de aceleração e mentorias, além de oportunidades para as startups atuarem junto com a EY no desenvolvimento de soluções para o mercado.

“Além do hub ser um catalisador, é um fomentador de parcerias com startups”, diz Luciana Detoni, head do EY Startup Hub, em entrevista ao Startups. Ela explica que a empresa tem que lidar com seus desafios internos, assim como os desafios dos seus clientes, e está intensificando o relacionamento com startups para endereçar essas questões. Embora a companhia ainda esteja mapeando os principais obstáculos, Luciana já cita trabalhos com agilidade, automação de processos, ganho de eficiência e desburocratização.

“Não vamos inventar uma inovação do zero, porque até ela ser criada, [testada e validada] já ficou obsoleta. Já fazemos parcerias com startups, mas queremos que isso aumente muito mais. Isso tem movido o hub”, pontua Luciana. Ela afirma que a EY está em fase de desenvolvimento de novos programas para startups para fomentar o relacionamento, gerar negócios e a proximidade com o ecossistema. No hub, a EY pretende olhar para um escopo amplo de segmentos e serviços, incluindo teses de saúde, consumo, financeiro, entre outros.

Embora tenha bastante autonomia para criar e tocar o hub, a EY Brasil optou por se aproximar de outros países onde atua para colher aprendizados. A ideia era entender o que as EYs de fora, que têm hubs estabelecidos fazem, pegar as melhores ideias e trazer para o Brasil, tropicalizando. “Falamos com muitas regiões, incluindo Estados Unidos, Europa, Israel e Austrália para encontrar o que tinha de melhor e adaptar à nossa realidade”, diz Luciana. Em Israel, 75% dos clientes da EY são startups. No Brasil, a maioria ainda são grandes empresas.

Luciana Detoni, head do EY Startup Hub
Luciana Detoni, head do EY Startup Hub
(Foto: Divulgação)

Como a EY trabalha com startups

Segundo Raquel Teixeira, sócia de EY Private e líder dos programas Empreendedor do Ano Brasil e Winning Women Brasil, a empresa tem feito muitas parcerias pro bono. Entre elas, estão os trabalhos com a Investe Favela, fundo de investimento para negócios e empreendedores das favelas, Assespro e Arena Hub, no Desafio Like a Woman, para startups fundadas por mulheres. “Muitas vezes entramos nessas parcerias com mentorias. Temos especialistas que doam suas horas para ajudar empreendedores no início de suas trajetórias”, diz Raquel.

Aportes a EY ainda não fez. “Por conta do nosso modelo de negócio, uma empresa de auditoria, a gente não pode fazer investimentos em startups”, explica a executiva. Mas aquisições já estão no radar. “No hub, temos feito um levantamento para entender quais são as melhores startups para entrar no nosso negócio”, diz Raquel.

A executiva diz que a empresa já tem o costume de conversar com startups para conhecer suas propostas, e que dificilmente não atende uma solicitação. Desde que Luciana entrou na empresa, no fim do ano passado, a EY saltou de 200 para cerca de 1.000 startups na sua base de dados, com as quais já teve algum tipo de relacionamento. As interessadas podem se registrar no site da empresa. “Queremos que cada vez mais startups tenham a oportunidade de se mostrar para a EY, porque o apoio será mútuo. A startup resolverá uma dor nossa ou do nosso cliente e, do outro lado, ela terá oportunidade de entrar em uma empresa global como EY”, afirma Raquel.

Como próximos projetos, as executivas dizem se inspirar bastante nas ações que a EY faz em outros países. “Identificando nossas dores, virão projetos gigantescos”, garante Raquel. Ela cita que na Alemanha, por exemplo, a organização tem uma universidade para startups. Em outros países, há programas de internacionalização e aceleração.  No entanto, no Brasil essas ações ainda não são a prioridade. Por aqui, o primeiro grande projeto da EY deve ser uma chamada pública em busca de startups que enderecem alguma dor identificada pela companhia. 

Raquel Teixeira, sócia de EY Private e líder dos programas Empreendedor do Ano Brasil e Winning Women Brasil
Raquel Teixeira, sócia de EY Private e líder dos programas Empreendedor do Ano Brasil e Winning Women Brasil
(Foto: Duda Bairros)

Apoiando empreendedores

Antes mesmo de criar o hub, a EY já tinha um trabalho ativo em ajudar e reconhecer empreendedores brasileiros. Desde 2012 a companhia realiza o programa Winning Women Brasil, um programa de mentoria com duração de um ano para mulheres empreendedoras que querem aperfeiçoar conhecimentos essenciais ao mundo dos negócios, como branding, liderança, gestão e relacionamento.

A companhia reúne mulheres executivas C-level e empreendedoras de sucesso, como Luiza Helena Trajano (Magalu), Sonia Hess (Dudalina, Grupo Mulheres do BrasilInstituto Mulheres do Brasil) e Chieko Aoki (Blue Tree Hotels), para fazer mentorias. O grupo também passa a participar de eventos e reuniões promovidas pela EY. “Fazemos um diagnóstico para entender o nível de maturidade que essa empreendedora está e onde ela quer chegar. Assim conseguimos dar um direcionamento de como ajudá-la nesse desafio”, diz Raquel. 

A EY também promove o Programa Empreendedor do Ano, que homenageia líderes empresariais de setores e mercados distintos que ajudam a transformar a realidade do país. Já passaram pelo programa Hélio Bruck Rotenberg (Positivo Tecnologia), como Pedro Bueno (Grupo Dasa), Cesar Gon (CI&T), Rodrigo Galindo (Kroton Educacional) e Rubens Menin (MRV).

“A importância desses programas para a EY é viver os nossos valores. Temos um propósito muito forte de construir um mundo melhor de negócios e acreditamos que toda transformação vem de empreendedorismo”, pontua Raquel. As iniciativas são gratuitas e o grupo de conselheiras e mentoras atuam de forma pro bono.

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