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Facebook muda de nome para Meta e quer construir metaverso junto com pessoas, outras empresas e reguladores

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Em uma apresentação de pouco mais de 1 hora ambientada quase que inteiramente em ambientes virtuais e repleta de palavras de esperança e boas intenções, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, apresentou os novos planos e o novo nome corporativo que ela vai adotar. A partir de agora, o negócio passa a se chamar Meta, com aplicativos como o Facebook, Instagram, WhatsApp e outras iniciativas debaixo de seu guarda-chuva. Um movimento semelhante ao que o Google fez quando criou a holding Alphabet.

A palavra grega que significa “além”, representa a intenção da companhia de mostrar que é mais do que os aplicativos que compõem o seu portfólio, e também é uma versão mais curta de metaverso, que é o ambiente virtual para onde o negócio está caminhando.

“Nossa estrela guia passa a ser o metaverso. De agora em diante, teremos o metaverso como prioridade. Não o Facebook. O que significa que você poderá usar o metaverso mesmo fora do aplicativo”, disse Zuckerberg. A mudança de nome tinha sido adiantada pelo site The Verge na semana passada.

O já virou alvo de uma série de piadas e memes e faz a ação da companhia na Nasdaq subir mais de 4% no momento. O que é pouco para recuperar o tombo de mais de 8% da última semana. No ano, o papel na Nasdaq acumula alta de quase 21%.

Alta pressão

O novo direcionamento chega no momento em que denúncias de ex-funcionários sobre ações – e muitas vezes a falta de ação – da companhia influenciaram a divulgação e a proliferação de informações falsas têm aparecido com mais frequência, o que está aumentando a pressão de governos sobre a companhia.

Talvez por isso mesmo, durante a apresentação, Zuckerberg reforçou, diversas vezes, que a construção da visão do Facebook… ops, da Meta, para o metaverso será feita com a sociedade e reguladores, tendo a segurança, a privacidade e seus efeitos sociais bem avaliados. Em um determinado ponto da apresentação, ele até trouxe para conversar Henry Moniz, o 1º executivo a ocupar o cargo de chief compliance officer, contratado em janeiro.

Segundo ele, o que aconteceu até aqui foi que muitas vezes, regulação e inovação caminharam fora de compasso porque reguladores não conseguiram acompanhar o ritmo das novidades, ou porque os criadores de novidades tomaram uma atitude de fazer primeiro e perguntar depois. Agora, a situação é outra. “Temos anos até que esta visão se concretize. Este é o começo de uma jornada, não o fim”, disse Moritz.

Entre as possibilidades estão interações em jogos, atividades físicas e até em reuniões de trabalho. Um dos exemplos dados foi o de uma pessoa no Japão indo virtualmente a um show nos EUA e interagindo com uma amiga presente no local. Depois, as duas ainda foram a uma festa “afterparty”, onde ainda puderam comprar vários itens da sua banda favorita.

A ideia é que nada disso esteja atrelado a uma plataforma específica e que possa haver interoperabilidade entre diferentes desenvolvedores – uma outra resposta a críticas ao que a companhia tem feito até hoje, que é criar um muro fechado em torno dos seus serviços. “Na próxima década o metaverso será usado por 1 bilhão de pessoas, vai movimentar bilhões e criar empregos para milhões de criadores de conteúdo”, cravou Zuckerberg.

Não é para amanhã

Na avaliação do executivo, o que foi apresentado hoje levará cerca de uma década para estar construído e vai exigir bilhões e bilhões de dólares de investimento. Além da criação de novas tecnologias como óculos de realidade virtual mais potentes – como uma nova versão do aparelho da Oculus, o Projeto Cambria, que será lançado ano que vem – e também compactos – como a evolução do modelo Stories desenvolvido com a Ray Ban – há o desafio da criação de conteúdo. Neste sentido, a Meta anunciou diversos acordos com estúdios de jogos e desenvolvedores de outros programas, além de um fundo de US$ 150 milhões para estimular a criação de conteúdo educadional para o metaverso.       

O movimento da Meta para o mundo da realidade virtual não é exatamente uma novidade. A caminhada começou em 2014 quando a companhia comprou a novata Oculus por US$ 2 bilhões. Depois disso, Zuckerberg passou a usar com frequência um gráfico de linha do tempo em que apresentava de um lado o momento atual da companhia, com o Facebook como principal produto, Instagram e WhatsApp como estrelas em ascensão e a Oculus no extremo como o futuro do negócio.

Quem acredita?

Assistir à apresentação foi, sem dúvidas, o sonho de qualquer nerd pela expectativa de materialização de desejos antigos e da percepção e um potencial incrível de negócios na mistura entre real e virtual. Mas a animação também se mistura com o dejá vú de tentativas anteriores e frustradas de ir nesse caminho, como o Second Life. Se hoje a tecnologia está muito mais avançada e as pessoas também estão mais acostumadas com ela e ávidas por novos usos e aplicações, a questão que surge é até que ponto é realmente necessário ter esse amalgama entre os dois mundos a todo momento.

O que foi apresentado parece interessante, mas é difícil enxergar um uso massivo e em tempo integral disso tudo. A tendência é que alguns casos de uso prevaleçam – entretenimento e reuniões de trabalho parecem boas apostas.

Daí também, há uma década, quem diria que viveríamos com as cabeças abaixadas olhando a tela do celular o tempo todo? Ou que estaríamos trancados em casa trabalhando em frente ao computador quase 24 horas por dia por conta de uma pandemia. A ver como Zucekerberg colocará em prática seu novo plano e como internautas, reguladores e outras empresas vão comprar a ideia. Ainda mais levando em consideração o histórico recente de polêmicas da companhia, quem vai acreditar em tanta boa vontade?

  

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