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* Claudio Ferreira, especial para o Startups

A startup de social commerce Facily compartilhou durante evento realizado ontem (13) alguns avanços na sua operação. Porém, contudo, entretanto, no mesmo dia soubemos de uma nova leva de demissões realizada no início desta semana. Lembrando que, em abril, a empresa já havia cortado mais de 260 pessoas de sua equipe. Segundo uma fonte que estaria na “lista” e nos revelou o fato, o novo contingente pode chegar a 100 colaboradores e envolver diversas áreas operacionais.

Questionada, a Facily confirma as demissões, mas não o número de desligados, como podemos concluir a partir do statement (curto) enviado pela sua assessoria: “A Facily explica que, como qualquer outra empresa, realiza desligamentos pontuais, ligados diretamente à performance de cada colaborador e repriorização de projetos. A empresa, a fim de preservar suas pessoas e processos internos, prefere não abrir o número de colaboradores desligados até então e reforça que trata o assunto de forma sigilosa e respeitosa”.

Por outro lado, a empresa exibiu números importantes no encontro com a imprensa. Como a redução de tempo nas entregas, que antes era de duas semanas para algo como seis ou sete dias. Ou o crescimento obtido de dezembro de 2020 para dezembro de 2021: “crescemos a nossa operação em 70 vezes neste período. E este ano vamos crescer em menor velocidade, mas na ordem de um dígito – sem querer revelar qual seria entre um e nove, nota deste jornalista – por mês”, apontou Diego Dzodan, CEO da companhia.

Diego Dzodan, CEO da Facily/Foto: Murillo Constantino

Para quem ainda não conhece o conceito de “social commerce” praticado pela Facily, sua filosofia é a de diminuir o número de intermediários entre produtores e fabricantes e os consumidores, com foco nas classes C, D e E – no caso ela é a única ponte entre eles. De olho na ideia de mitigar os custos e minimizar o efeito da inflação na ponta do cliente a empresa reformulou sua logística – a companhia opera em um galpão de um condomínio logístico localizado em Osasco – e investiu fortemente em pontos de retirada dos produtos e em uma frota de caminhões própria e adequada ao seu negócio.

“Vendemos alimentos para 7 milhões de pessoas em São Paulo. E a inovação é importante para chegar na ponta com produtos mais baratos, algo como 30 a 40%. O preço do ovo que comercializamos, por exemplo, é 250% menor. O Brasil voltou ao Mapa da Fome, um retrocesso inédito no mundo, e temos um papel e um compromisso de responsabilidade social”, argumentou Igor Cordeiro, diretor de policy da companhia.

Ainda neste sentido, Igor explicou que a Facily criou um “Conselho de Facilytadores”, composto por 12 pessoas e integrado também por parceiros que usam suas casas como pontos de retirada na última milha, para discutir pautas sociais. “Além disso, doamos mil toneladas de alimentos desde o início da pandemia e fizemos uma parceria com a CUFA (Central Única das Favelas) para atender 300 mil pessoas carentes”, completou.

Mais business que social

Mas, claro, a empresa visa o lucro e é considerada uma forte candidata a um IPO. “Acredito que faremos o IPO em 2 ou 3 anos. O interessante é que não precisamos mais de financiamento para nossa operação. O custo diminuiu em 1/3 se compararmos este ano com 2021 e estamos capitalizados. A conta fechou! Não somos uma startup que queima dinheiro”, assegurou Diego. 

Vale lembrar que a empresa, criada em 2018, se tornou unicórnio no fim do ano passado ao levantar um aporte de US$ 135 milhões, elevando seu valuation para o tão sonhado patamar de US$ 1 bilhão.

Hoje a Facily conta com operação na cidade de São Paulo, seu core business, e em outras localidades. Não existem planos de expansão, porém não é algo de se descartar. “Sabemos como é possível ser sustentável em outras praças no Brasil, em cidades de grande porte, e mesmo em outros países. Estamos vencendo os grandes desafios da velocidade nas entregas e o custo logístico”, admitiu o CEO.

A operação da companhia se baseia em alguns pilares: os milhares de fornecedores cadastrados – muitos deles de pequeno e médio porte, como alguns pequenos produtores rurais -, o seu Centro de Distribuição, sua frota de caminhões recém adquirida, e os pontos de retirada. “Esse último componente é importante porque muitos clientes não têm nem mesmo CEP nas suas casa para receber os produtos. Sabemos hoje que 72% dos nossos clientes estavam fora do e-commerce por diversas razões, entre elas o CEP”, pontua Igor.

Perguntamos se a empresa chegou ao status de unicórnio apenas pela sua operação em si ou também pelo cadastro de clientes, e, claro, como isso pode ser usado para gerar novos negócios. “Sim, o conhecimento do cliente é importante e traz novas possibilidades de negócios para esse público das classes C, D e E. Criamos, por exemplo, uma área de fintech, na qual oferecemos pequenos empréstimos. Está sendo um sucesso! Ainda é um MVP, mas tem evoluído. Para você ter uma ideia, mais da metade das pessoas que pegaram empréstimo conosco nunca tinha conseguido no mercado”, finalizou o CEO.

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