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Em junho deste ano, as startups Feel e Lilit anunciaram um movimento estratégico para se fortalecer no segmento de saúde sexual feminina, e anteciparam que uma das prioridades para o fim do ano seria levantar uma rodada pré-seed. Agora, o plano se concretizou: as empresas, que desde a fusão operam juntas sob a marca Feel, receberam R$ 750 mil em uma rodada liderada pelo Sororitê, rede com mais de 80 investidoras-anjo focada em apoiar empresas fundadas por mulheres.

Embora a meta de captação já tenha sido atingida, a startup pode colocar um pouco mais de gasolina no tanque nos próximos meses. “Estamos vendo oportunidades de aumentar [a rodada], mas com muita responsabilidade, não captando nada além do que vamos precisar para crescer de forma sustentável”, explica Marina Ratton, fundadora e CEO da Feel. Com 75% de capital comprometido, o round pode chegar a até R$ 1 milhão no início de 2023.

Os recursos serão utilizados para desenvolver o portfólio – o que não necessariamente significa ter uma gama gigantesca de produtos, e sim construir uma base estratégica com itens que façam sentido para atender às dores da comunidade. Segundo Marina Ratton, fundadora e CEO da Feel, a empresa tem cerca de 3 lançamentos previstos para o primeiro semestre de 2023.

Além disso, a companhia vai aumentar o time, saltando de 5 para cerca de 10 colaboradores no próximo ano, e investir em uma plataforma de conteúdo. “Para além do produto, a base educacional precisa ser muito forte. Não é só sobre comprar um vibrador ou um lubrificante; existe um universo de temas que complementam a jornada e usabilidade do produto”, explica Marina.

O fato da startup ter fundadoras femininas já fez com que ela se encaixe perfeitamente na tese do Sororitê. Mas segundo Erica Fridman Stul, cofundadora do grupo, outras razões fizeram o negócio ser ainda mais atraente. “Consideramos essa uma rodada icônica, porque a Feel & Lilit tem uma dor muito feminina, e é difícil que um investidor homem se conecte com ela”, pontua.

Além dos recursos financeiros, a companhia está em busca de know-how e otimização de recursos. “As investidoras têm um perfil muito próximo das nossas clientes, então conseguimos extrair informações muito importantes delas. Ao invés de ter um custo maior com pesquisa para o desenvolvimento dos produtos, a gente consegue facilmente analisar as percepções das investidoras.

Erica, do Sororitê, acrescenta que a rede poderá ajudar a startup com networking (de talentos, parceiros ou investidores) e com o suporte para próximas captações. “Desde apresentar a Marina para as pessoas certas a ajudá-la a construir um bom pitch e treinar a apresentação. No final do dia, o sucesso dela é o nosso. Estamos todas juntas e queremos aportar muito mais do que o capital”, pontua.

Cofundadoras do Sororitê Erica Fridman, Flávia Mello, Mariana Figueiras e Jaana Goeggel
Cofundadoras do Sororitê: Erica Fridman Stul, Flávia Mello, Mariana Figueiras e Jaana Goeggel (Foto: Gabi Amorim)

Feel + Lilit

Fundada há dois anos por Marina Ratton, a Feel desenvolve produtos íntimos naturais e veganos para potencializar a sexualidade e levar saúde e bem-estar à rotina das mulheres. A Lilit foi criada no mesmo ano por Marilia Ponte e desenvolve vibradores para apoiar a intimidade feminina. “Temos uma lógica de fazer produtos muito parecida, com a percepção de conectar sexualidade com saúde e educação e com foco na comunidade de mulheres para colocá-las no centro do desenvolvimento”, afirma Marina.

Começaram a juntar forças ainda em 2020. Parceiras em termos comerciais, por meio da venda de produtos em ambos os sites, ações com influenciadores e recomendação para clientes e varejistas, e também parceiras de sofrência empreendedoras, como diz a própria Marina. “Somos mulheres e solo founders falando de um assunto que é muito tabu. Essa solidão é muito desafiadora.”

Conforme as empresas cresciam, elas naturalmente tinham desafios cada vez maiores, e a troca de experiências virou uma aliada importante nesse processo. “Ter uma sócia como a Marilia traz muitos privilégios. Como ex-Endeavor, ela tem uma bagagem muito próxima do ambiente de inovação, das melhores práticas e metodologias para fazer a empresa crescer. Por outro lado, a Feel já tinha investidores e traz essa comunidade”, explica.

A Feel fez sua primeira rodada em 2021. Um crowdfunding por meio da Wishe Women Capital, plataforma de financiamento coletivo focada em startups lideradas por mulheres. A operação levantou R$ 550 mil, com um índice de 84% do financiamento realizado por investidoras. A companhia soma um crescimento anual superior a 70%, com um volume de produção 4 vezes maior desde janeiro de 2021. Já a Lilit faturou cerca de R$ 2 milhões apenas com a venda do vibrador bullet.

Juntas, já registraram um aumento de 20% nas vendas mensais e mais de 200% no número de mulheres que integram sua comunidade. Sem abrir dados de faturamento, Marina afirma que a startup dobrou de tamanho de 2021 para 2022 e pretende repetir o índice de crescimento no próximo ano. “Estamos em um bom momento não só na parte financeira, mas também para mostrar que o mercado de bem-estar sexual existe e tem muita demanda, recorrência e oportunidades de crescimento”, conclui.

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