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A fintech Trademaster, que atua com crédito para pequenos varejistas, fechou uma rodada de investimento de R$ 100 milhões com o banco BV. Com os recursos, a companhia pretende investir em novos produtos e serviços e na customização de suas ofertas.

Junto com o aporte, o BV – que está em processo de abertura de capital na B3 e tem dado vários passos para se aproximar do mundo das startups – liberou uma linha de crédito de R$ 500 milhões que a companhia poderá usar em suas operações – além de seu FIDC próprio. “Quando você fala em números na ordem de bilhões, é preciso ter um parceiro forte”, diz Francisco Pereira, co-fundador e presidente da Trademaster. Ele reassumiu o cargo em abril do ano passado com saída do ex-Santander Cassius Schymura, que passou a presidir o bureau de crédito Quod. Até o fim do ano a expectativa é contratar mais de 30 pessoas, chegando a uma equipe de 100.

O processo de captação foi liderado pela boutique de M&A IGC Partners. Segundo Pereira a Trademaster chegou a receber propostas de fundos de investimento, mas acabou fechando com o BV por “sinergia de propósito”.

De acordo com ele, o plano da companhia é chegar a uma carteira de crédito de R$ 10 bilhões no fim de 2021. Isso significa uma ampliação de 66% em relação aos R$ 6 bilhões que ela atingiu em 2020.

Com o a demanda por crédito em alta, mas com o enxugamento das linhas de crédito oferecidas pelos bancos por conta da alta do risco, opções de financiamento alternativas como as oferecidas pela Trademaster ganharam destaque em meio à pandemia. Diversos players se movimentaram para criar ou reforçar seu arsenal nesse segmento. A XP comprou a fintech Antecipa, o BTG lançou o BTG+ Business, o iFood passou a oferecer serviços financeiros para restaurantes, entre outros. “Vai ter uma super briga pelo pequeno, pela bancarização da pequena e média empresa”, diz Pereira. Na Trademaster, a originação dobrou em 2020 – saindo de R$ 3 bilhões para R$ 6 bilhões. “Ao invés de sermos engolidos, conseguimos surfar a onda que foi a pandemia”, diz Pereira.

Logo que a onda bateu, no entanto, a Trademaster sentiu o baque. Entre março e abril, a companhia demitiu quase 20% de seu time em antecipação ao que poderia acontecer nos meses seguintes. A partir de junho, no entanto, o cenário ficou mais tranquilo e a companhia voltou a contratar, fechando o ano com 40% mais gente do que em janeiro. Com o enxugamento inicial e o aumento na demanda, a companhia passou a ter uma geração de caixa positiva a partir do meio do ano.

Fundada em 2014 a Trademaster tem como clientes a indústria e distribuidores, que oferecem os serviços dela a seus compradores por meio de integração com seus sistemas de gestão. Atualmente a carteira tem 60 nomes que conectam a fintech a 450 mil lojistas. A maior parte deles está nos segmentos de alimentação, farma, e material de construção.

Antes do aporte do BV, a Trademaster tinha como investidores seus fundadores e o banco Sofisa, que comprou 40% da operação logo que ela foi lançada. A fatia comprada pelo BV foi minoritária, mas não teve o tamanho revelado. Assim como o valuation dado à fintech. Mas é possível fazer um paralelo entre a Trademaster e a Supplier – uma de suas principais concorrentes.

No fim de 2019, a Totvs comprou a companhia por R$ 455 milhões para integrar a oferta de crédito ao seu sistema de gestão – usado por mais de 30 mil empresas no Brasil. O múltiplo da operação foi de 2 vezes a receita projetada para aquele ano, de R$ 220 milhões – contra R$ 138 milhões em 2018. Na época, a companhia tinha originado R$ 6,5 bilhões em créditos.

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