fbpx
Compartilhe

Especializada em soluções de arrecadação e de meios de pagamento para o segmento de “utilities”, como empresas de energia, água e saneamento, gás e telecom, a FlexPag agora quer facilitar o pagamento das contas de consumo por clientes de fintechs, bancos e carteiras digitais. A fintech pernambucana está lançando uma API para esses players integrarem esse tipo de serviço em seus aplicativos.

“Basicamente, a API permite que os clientes do banco digital, da fintech, de IPs em geral, tenham acesso às suas contas de utilities e possam fazer o pagamento sem ter que usar boleto. É uma espécie de ‘DDA’ digital e inteligente”, explica Luis Filipe Cavalcanti, Chief Operating Officer (COO) da FlexPag, para o Finsiders. “O cliente da fintech se cadastra no serviço e sempre que tiver uma nova fatura disponível em seu CPF, mandamos uma notificação.”

O executivo conta que a solução começou a ser desenvolvida no ano passado e neste momento a FlexPag está fazendo a integração com o primeiro cliente, uma fintech que não teve seu nome revelado por questões contratuais. Além dela, há negociação em estágio avançado com mais uma fintech e outros dois bancos, cita Luis Filipe, que enxerga esta nova plataforma como “revolucionária” para o setor, especialmente num momento em que os diferentes players buscam manter clientes ativos, engajados e recorrentes em seus aplicativos.

A iniciação de pagamentos é outro ingrediente nessa direção da melhoria da experiência do usuário nos apps de bancos e fintechs, no ambiente de e-commerces e marketplaces, e por que não no pagamento de contas de ‘utilities’, afinal o processo não é dos mais amigáveis. A própria FlexPag, conta Luis Filipe, aguarda autorização do Banco Central (BC) para se tornar uma instituição de pagamento (IP) regulada, nas modalidades de emissor de moeda eletrônica pré-paga e iniciadora de transação de pagamento (ITP). “A gente espera receber a licença em algum momento nos próximos seis meses”, acredita.

Na visão do executivo — que, além de COO da FlexPag, é coautor do livro “Payments 4.0, ao lado de Edson Santos —, o amadurecimento do Pix nos canais de varejo é um processo, e o ITP vai mudar substancialmente essa experiência de pagamento com Pix, tanto no mobile quanto nos e-commerces. “O próprio débito direto em conta tem uma plataforma complexa, do ponto de vista de integrações. O jogo é oferecer uma experiência única, a melhor possível, e mudar a ideia de frequência para recorrência”, exemplifica.

Plataforma de arrecadação

Fundada em 2012 no Porto Digital — tradicional polo de inovação e empreendedorismo em Recife (PE) —, a FlexPag nasceu como subadquirente com uma plataforma de tecnologia em pagamentos com foco em micro e pequenos empreendedores, um nicho de mercado que logo virou alvo de players como PagSeguroStone e outros até então novos entrantes. A forte concorrência fez a FlexPag pivotar, buscando outros segmentos de atuação.

De início, a empresa passou a prestar serviços de pagamento para públicos específicos, por exemplo, associações de classe. “Não faz sentido subcredenciador competir com credenciador. É preciso atuar em nichos em que a tecnologia seja diferencial porque senão é uma disputa por volume e preço. A grande decisão da FlexPag naquela época foi não ir para o oceano vermelho”, contextualiza Luís Filipe.

O divisor de águas do negócio, no entanto, viria em 2017, quando a fintech fechou um contrato com a Celpe, atual Neoenergia Pernambuco, o primeiro com uma companhia de “utilities”, concretizando a virada de chave da FlexPag para ser uma empresa com foco nesse segmento. “O projeto com a [então] Celpe começou com o recebimento de contas de luz atrasadas. Foi bem-sucedido e depois expandido para contas em dia, em todos os canais de arrecadação da distribuidora”, conta Luis Filipe.

FlexPag desenvolveu uma tecnologia com soluções digitais de pagamento para empresas de “utilities”, o que inclui diversos canais de cobrança e arrecadação, como cartão de crédito, débito, Pix, chatbot, maquininhas (POS), QR Code e totens de atendimento, assim como novidades em modalidades de pagamento, como recorrência de pagamento para valores variados. Mas reparou que não citei boleto? “Não precisamos de boleto para integrar. Pra gente, boleto não existe, by design”, diz o executivo.

A plataforma, que funciona no formato white-label, oferece um conjunto de soluções para facilitar a arrecadação e gestão dos pagamentos pelas empresas de ‘utilities’. “Estamos integrados a todos os canais das distribuidoras. Fazemos o processamento dos pagamentos, roteamento dinâmico e mandamos as transações diretamente, sem utilizar gateway. Também fazemos o processo de conciliação e temos integração direta com os ERPs”, explica Luis Filipe. Hoje, a FlexPag está conectada com cinco adquirentes, sendo RedeGetnet e Adiq as principais.

No total, a fintech atende hoje 64 clientes em 24 Estados brasileiros mais Distrito Federal, incluindo empresas de energia elétrica, água e saneamento, e gás, além de uma operação pequena com Detrans. “Estamos em conversas com companhias de telecom”, revela ele. Na carteira atual, estão nomes como a já citada Neoenergia, Light, Energisa, Enel, entre outras. Para se ter uma ideia, quando falou com o Finsiders há cerca de um ano, a FlexPag tinha um portfólio com 20 clientes.

Também naquela ocasião, a fintech somava mais de 60 milhões de unidades consumidoras, um número que se aproxima de 100 milhões, ou 99 milhões para ser mais exato. O volume total processado (TPV, na sigla em inglês) projetado para os próximos 12 meses é de R$ 2 bilhões/ano. “Crescemos, no mínimo, 10% ao mês”, cita Luis Filipe.

No futuro, a FlexPag almeja ampliar o portfólio de soluções financeiras e de pagamento com foco no ecossistema das empresas de ‘utilities’, incluindo seus fornecedores, consumidores e parceiros. Então, produtos e serviços como conta digital e marketplace de crédito estão no radar, revela o executivo, sem abrir detalhes sobre as iniciativas.

Mercado

O setor de ‘utilities’, pouco explorado por fintechs, começa a ser desbravado. Além da FlexPag, um nome que ganha força é o da Voltz, fintech criada dentro da Energisa e que tem buscado atrair outras companhias do segmento. Hoje, além dos consumidores, a Voltz atende fornecedores da Energisa e a própria distribuidora.

No começo do ano, a fintech colocou no ar três novos produtos: crédito para clientes das distribuidoras de energia inadimplentes, antecipação de recebíveis para fornecedores e crédito para operações estruturadas.

LEIA MAIS