Negócios

Floki levanta R$ 50 mi para ser o Mercado Livre do foodservice

A plataforma usa inteligência artificial para automatizar as compras de pequenos bares e restaurantes

Carrinho de supermercado com um fundo amarelo - Startups

A Floki, plataforma que usa inteligência artificial para automatizar as compras de pequenos bares e restaurantes, fechou um aporte seed de R$ 50 milhões. O investimento foi liderado pelos fundos NFX e Valor Capital Group, com participação de Latitud e investidores-anjo como  Ralf Wenzel (fundador da JOKR) e Andres Bilbao (fundador da Rappi). A gestora Iporanga Ventures, que havia liderado o aporte de R$ 3,6 milhões em 2020, entrou na nova rodada com um follow-on.

Em operação desde março de 2020, a startup foi criada por Luigi Rodrigues e Marcelo Espiga, ex-especialistas da consultora norte-americana McKinsey. “Começamos a Floki como um sistema de compras para o restaurante, mas tínhamos na cabeça a criação de um marketplace para facilitar os 2 lados, comprador e fornecedor”, afirma Luigi, diretor-executivo da companhia.

Com uma assinatura mensal a partir de R$ 150, a plataforma conta com mais de 8 mil produtos. O foco são itens que restaurantes precisam comprar com uma frequência mensal, de alface a produtos de limpeza. O serviço atende algumas centenas de clientes, entre bares, restaurantes, dark kitchens e dark stores, localizados no Estado de São Paulo.

Segundo a companhia, os estabelecimentos no Brasil gastam cerca de 2 horas por dia em conversas e cotações com seus fornecedores, ou lidando com erros na entrega de pedidos. “É uma transação muito complexa, que envolve de 100 a 200 produtos a cada semana e 10 a 30 fornecedores. Tem que encontrar quem vende, no melhor preço e com qualidade de entrega e produto. São muitas variáveis que devem ser olhadas com cuidado”, explica Luigi.

A Floki afirma que sua solução reduz em até 30% o custo de mercadoria dos clientes, contribuindo para a saúde financeira dos restaurantes e de seus empreendedores. O objetivo, segundo os fundadores, é ser o Mercado Livre para a indústria B2B de foodservice. “Quanto mais a gente evolui, mais soluções criamos para facilitar tudo relacionado à transação, uma das principais dores dos estabelecimentos”, pontua o executivo. 

Luigi Rodrigues e Marcelo Espiga, cofundadores da Floki - Startups
Luigi Rodrigues e Marcelo Espiga, cofundadores da Floki

Planos de crescimento

Com o aporte, a foodtech vai acelerar os investimentos em produto, com a promessa de viabilizar novas transações e criar insights de comportamento de compra.  “No último ano, outros elos da cadeia nos procuraram – fornecedores, representantes de vendas e até startups do setor – perguntando quando começaríamos a olhar para eles. Fomos atrás de mais capital para colocar os projetos de pé”, comenta Marcelo.

Uma das iniciativas é a ferramenta que opera sob o conceito buy-now-pay-later, ou seja, o cliente compra para pagar posteriormente. Os testes foram finalizados recentemente e a solução deve entrar em prática neste ano. Outras funcionalidades devem ser lançadas nas áreas de cotação, conversas com o fornecedor e pagamentos. Em relação aos insights de compra, Marcelo explica que “tem um monte de coisa que a Floki consegue fazer com o uso de dados”.

Segundo o empreendedor, a plataforma permite entender a compra do cliente de forma profunda e dar dicas para o negócio. “Por exemplo, vemos que vários restaurantes de uma mesma região estão substituindo uma marca por outra, e isso pode servir para um de nossos clientes. Outra opção é sugerir que ele compre estoque para mais dias, para acessar um fornecedor mais barato”, afirma.

O time da Floki, em torno de 55 pessoas, também deve aumentar. A meta é fechar o ano com cerca de 100 colaboradores, com foco em tecnologia, produto e lideranças operacionais. Com todos os avanços, a startup, que cresceu 20 vezes em GMV (Volume Bruto de Mercadoria) no ano passado, espera repetir o feito em 2022 e virar o principal grupo de compras para varejistas e fornecedores do setor.

Os investidores terão papel-chave nesse processo. “A NFX é especialista em marketplace, especialmente B2B”, afirma Luigi. O fundo, com sede na Califórnia e atuação global, já investiu nos marketplaces Lyft, de mobilidade urbana, Doordash, de delivery de alimentos, e Trulia, um mercado imobiliário online. “Queríamos pessoas que entendem o modelo profundamente e podem trazer uma visão de fora. Acontece uma troca de experiências muito forte, que faz toda a diferença para o negócio”, pontua o cofundador.

Marcelo destaca o papel dos investidores-anjo no desenvolvimento da startup. Por serem empreendedores, os apoiadores da Floki conhecem bem as dores de tocar e escalar uma empresa. “Isso deixa o ciclo de aprendizagem muito mais rápido. Temos interesses alinhados e uma ótima visão de onde faz sentido focar nossas atenções”, conclui.