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Fora da Movile, Maplink e Apontador querem chegar a R$ 100 mi de receita em 2021 (ou mais, se o câmbio ajudar)

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Depois de passar 2020 colocando a casa em ordem após a saída do guarda-chuva da Movile, a LBS Local, dona do Maplink e do Apontador, quer acelerar o ritmo em 2021. O objetivo é chegar a uma receita de R$ 100 milhões, o patamar mais alto da história do grupo.

A meta representa um crescimento de cerca de 20% em relação a 2020, quando as vendas ficarão perto de R$ 85 milhões. O desempenho foi impulsionado pela valorização do dólar, já que metade da receita da companhia vem de sua operação na América Latina (Argentina, Chile e México). E se o patamar do câmbio se mantiver, a expectativa é que a meta de 2021 seja até maior que os R$ 100 milhões previstos inicialmente. “E com lucratividade, sem necessidade de investidor externo”, diz Frederico Hohagen, cofundador e presidente do Maplink. De acordo com ele, o avanço regional será o principal foco em 2021.

Para atingir o objetivo, a companhia quer ampliar as vendas de tecnologias próprias desenvolvidas por ela. Hoje, o grosso da receita fora do Brasil (98%) vem dos serviços de pré e pós-venda relacionados ao Google Maps. No Brasil, as tecnologias próprias representam um quarto da receita.

Ao contrário da abordagem que tinha no passado, de desenvolver uma plataforma robusta, instalada nas empresas, a Maplink adotou um posicionamento mais leve, com foco em APIs. “Não preciso que o cara troque tudo o que ele tem em casa. Tiramos esse elefante da sala. Ele se conecta para consumir o que precisar e quiser. Hoje o cara de mil rotas e de 200 mil rotas tem o mesmo valor. O trabalho que nos dá é o mesmo. Saímos de uma obrigação que no passado nos custou caro”, avalia Hohagen. Segundo ele, o leque de atuação é amplo: transportadores rodoviárias, varejistas, grandes empresas de agronegócios, empresas de telecomunicações e também startups. Hoje são 800 clientes atendidos em toda a região

No Apontador, a estratégia continua sendo ter uma exposição ao mundo dos consumidores – hoje, muitos negócios só têm o site como presença no mundo virtual – mas a atuação ganhou um contorno mais corporativo, com a curadoria e fornecimento de dados para serviços de outras empresas, como os mapas da Apple e da Amazon.

O Maplink responde atualmente por 90% das vendas do grupo. Mesmo menor, entretanto, o Apontador tem rentabilidade de dois dígitos, o que deixa a LBS como uma operação lucrativa. A ideia, segundo Hohagen é se manter assim. “Não estamos preocupados em crescer 40%, 50% ao mês, dois dígitos por ano. O objetivo é ter rentabilidade no ano. Não temos mais capacidade de queimar caixa”, diz. Segundo ele, ter planejado uma operação mais enxuta e sustentável para 2020 deixou a companhia preparada para os percalços trazidos pela pandemia. “Saímos da Movile com bastante coisa para fazer, mas conseguimos organizar a casa mais rápido do que prevíamos”, diz, destacando a demanda inesperada por produtos como roteirização, trazida pelo aumento nas compras on-line.

Segundo ele, sem a necessidade de implantação do software, a companhia pode crescer sem que o número de funcionários tenha que acompanhar na mesma proporção.

Em julho do ano passado o Maplink tinha seis escritórios e 120 pessoas. Hoje, são 50 (sendo 20 fora do Brasil) em 4 unidades. No Apontador, são outras 10 pessoas. De acordo com Hohagen, o enxugamento não foi repentino nem passou por demissões em massa. No Apontador, a redução de um quarto na equipe foi sendo feita de forma gradual nos últimos anos, com a transferência de pessoas para a Movile. No Maplink, uma parte do pessoal (40) foi absorvido pela Movile e o restante (30) deixou a companhia com a venda da francesa Optilogistic, que tinha sido comprada em 2016 por R$ 20 milhões. “Era um risco tocar esse negócio sem ter um investidor por trás”, diz Hohagen.

A saída da Movile

Em 2013, a LBS estava procurando um investidor. No fim do processo, a companhia tinha duas ofertas na mesa: um fundo tradicional e a Movile. A opção foi pela segunda, pela perspectiva de crescimento dentro do grupo. O valor do negócio, não revelado à época, foi de US$ 15 milhões pelo controle da operação.

Com o apoio da Movile, o Maplink começou a trabalhar na expansão internacional, reforçando a atuação na América Latina e comprando a Optilogistic, na França. De 2014 a 2019, a operação quintuplicou de tamanho.

Já o Apontador começou um processo de criar um serviço de pedidos parecido com o que o Rappi faz hoje, usando entregas da Rapiddo (que deixou de operar em 2019).

Mas enquanto as operações caminhavam (com a Maplink indo melhor que o esperado e o Apontador patinando), um outro negócio ia tomando proporções muito grandes e atraindo mais e mais atenção do grupo: o iFood. Com um gigante crescendo internamente (e chegando hoje a um volume de vendas semelhante ao do Magalu), os sócios da LBS pensaram que talvez fosse melhor seguir o caminho de forma independente. “O negócio [iFood] tomou proporção muito grande, fica difícil pra qualquer um dentro do grupo. Como fundador do negócio, estando lá, esse é o meu negócio, a minha chance de acertar”, conta Hohagen.

Segundo ele, as conversas sobre a saída foram amigáveis e o acordo foi justo para todas as partes. O negócio, sacramentado em outubro de 2019, também envolveu a divisão do investimento feito na TruckPad em 2014, com Movile e LBS ficando como acionistas da companhia. Questionado, Hohagen não diz se o valor pago para recomprar o controle foi menor ou igual ao que a Movile pagou em 2014.

Hoje, a LBS tem como sócios os fundadores Hohagen, Moacir Kang e Rafael Siqueira (este último com uma fatia pequena e sem atuação no dia a dia desde 2016, quando foi para a a McKinsey). Alejandro Singer, que era sócio da Optilogistic, ficou na LBS e é o diretor financeiro, além de tocar os negócios fora do Brasil. “Estamos em paz com o tamanho e o crescimento que temos. Quando você está em uma dinâmica de investidor, a pressão é diferente, te coloca em uma ansiedade. Não é essa a dinâmica do mundo. Está sendo bacana sair dessa dinâmica”, diz.

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