Uma das corretoras de cripto mais antigas do Brasil, a Foxbit fechou uma captação de série A de R$ 110 milhões. O aporte chega 6 anos depois de a Foxbit ter feito uma rodada seed e acontece no momento em que a corrida para criar o “Coinbase da América Latina” está a todo vapor.
O investimento em uma fatia minoritária foi integralmente feito pelo OK Group, dono da corretora OKX, a 2ª maior do mundo em termos de volume transacionado, atrás apenas de sua conterrânea chinesa Binance, segundo o CoinGecko.
Com o aporte, a Foxbit quer avançar no plano de ser mais do que uma corretora de criptomoedas, mas uma plataforma com diferentes produtos e serviços na área de cripto. Hoje a companhia atua na compra e venda de 50 moedas, tem negócios como uma operação de emissão de tokens, um gateway de pagamentos em criptomoedas e uma oferta de cripto-como-serviço para empresas que queiram montar suas próprias corretoras. Em 2021, ela movimentou mais de R$ 10 bilhões, um volume superior aos 6 anos anteriores somados.
De acordo com Ricardo Dantas, co-presidente da Foxbit, está nos planos o lançamento de novas iniciativas em áreas como NFT e DeFi ao longo dos próximos 6 meses. Mas ele não dá detalhes do que está no cardápio. “Estamos olhando para tudo que cripto e blockchain podem fazer. O mercado financeiro abraçou o tema e tem muitas oportunidades a serem exploradas. O processo de tangibilização desse mercado mal começou a acontecer”, completa.
De acordo com João Canhada, cofundador e co-presidente da Foxbit, é nesse sentido que a aproximação com o OK Group traz vantagens para a companhia. O acordo vai muito além do aporte de recursos, e tem um caráter estratégico de troca de tecnologias e experiências. “Outras empresas terão que ralar para fazer as coisas que nós passamos a ter acesso com uma ligação de distância. Isso nos traz um grande diferencial em relação a outros players regionais”, diz ele.
Na avaliação de Ricardo, receber um investimento de uma empresa que atua no mercado é um reconhecimento importante para a companhia. “Não se trata de um fundo fazendo uma diligência. É um cara que conhece do negócio, que sabe onde dói, onde pode ter problema e que falou ‘vamos juntos’. É algo muito bom para a gente até como profissional”, reforça.
6 anos?
Em uma conversa com João uns 5 ou 6 anos atrás, ele estava em Cayman acertando a papelada da abertura de uma entidade jurídica internacional para a Foxbit de olho em um aporte. Mas o tempo passou e a rodada nunca chegou.
De acordo com ele, a Foxbit sempre teve uma operação geradora de caixa e rentável, por isso se manteve com recursos próprios até agora. Mas com o aumento do interesse pelo tema de cripto e da concorrência, chegou o momento de acelerar os planos. O acordo com o OK Group também fez mais sentido para a companhia. “Recebemos muitas abordagens nos últimos tempos, mas não queríamos só o dinheiro pelo dinheiro. Esse não é o nosso negócio. Queríamos um parceiro”, diz João.
Perguntados sobre expectativas de crescimento, João e Ricardo não dão estimativas do porte que a Foxbit pretende atingir. Dizem que preferem “entregar primeiro e falar depois”. “Já passamos por todas as oscilações do mercado. Tivemos equipe maior e tivemos que reduzir. Queremos trabalhar com mais eficiência e automação”, diz João. Hoje a equipe é composta por 60 pessoas.
Sobre os planos de expansão os co-presidentes acrescentam que as aquisições estão no radar e que, apesar da ambição de ser um player regional, a Foxbit pretende se concentrar, no curto e médio prazo, nas oportunidades no Brasil.