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Com R$ 142 milhões disponíveis para investimentos, o Fundo Anjo, gerido pela DOMO Invest, quer mais que dobrar seu portfólio de startups ao longo de 2021. O plano é fazer 25 novos aportes que irão se somar aos 18 feitos em 2020. Com isso a carteira terá 43 companhias. Em 5 anos (prazo médio de investimentos de um fundo de VC), o fundo que tem como investidor âncora o BNDES, quer fazer 150 investimentos.

“Depois de um ano, conseguimos quebrar o receio inicial de não ser rápido o suficiente para fazer os negócios com o BNDES junto para fazer as escolhas. Mas isso não acontece. Não temos comitê de investimento. Só precisamos de um outro investidor para fechar. Se tem um ente privado entrando junto, está avalizado”, diz Franco Pontillo, sócio da DOMO e responsável por liderar os investimentos do fundo, junto com Mario Letelier.

Ele cita o exemplo de uma companhia que teve um prazo de 23 dias entre a assinatura do term sheet e o depósito do dinheiro na conta. O caso foi bem particular por se tratar de uma empresa muito nova, que não exigiu uma diligência aprofundada. “Mas é um exemplo de que o processo pode ser rápido”, diz.

Tamanho dos cheques e regras do fundo

O fundo pode fazer cheques de até R$ 500 mil e precisa sempre ter algum anjo, ou mesmo uma aceleradora acompanhando. Por exemplo, se a rodada é de R$ 1 milhão, o fundo entra com no máximo R$ 500 mil e um ou mais investidores complementam os R$ 500 mil restantes.

Pelas regras do fundo, o aporte máximo por companhia é de R$ 4,5 milhões e ele não pode ter uma participação superior a 10%. Os negócios não precisam ter receita, mas devem ter um protótipo no ar para ser validado. Nas companhias que já têm vendas, o limite é de R$ 1 milhão de receita no ano anterior ao investimento. “Conseguimos trazer um aspecto institucional que dá credibilidade e ajuda em rodadas posteriores. Tem um lado educacional bem forte”, diz Letelier ao ser perguntado sobre os motivos para uma startup considerar o Fundo Anjo como investidor.

Quem vantagem o anjo leva?

Para os anjos, Pontillo destaca que a vantagem é poder aumentar a capacidade de investimento, guardando recursos para fazer novos aportes em estágios posteriores nas companhias que apresentem um bom desempenho. Segundo Pontillo, essa disponibilidade de recursos para novos aportes é um dos segredos para ter bons retornos no investimento anjo. “O anjo não ganha ao espalhar muito os investimentos, mas quando aposta no que dá certo”, diz

Segundo ele, durante um tempo, as conversas se concentraram em empresas que já traziam um anjo para a mesa. Mas a percepção foi que essa dinâmica fazia com que algumas oportunidades fossem perdidas. Assim, o processo passou a incluir o match entre startups e investidores.

Na lista de investimentos já feitos estão empresas como 100 Open Startups, FinX, Pin People, SpeedBird Aero e Arbo. No momento, 4 negócios estão sendo fechados e devem ser anunciados em breve. Em termos de segmentos, a busca está aberta. “No edital estamos habiliutados para investir em nanotecnologia, biotecnologia. Se acharmos um anjo com conhecimento de um setor muito específico, a gente investe”, diz Pontillo.

De acordo com ele, ao fim de 5 anos, o portfólio não deve ter 150 companhias já que muitas ficarão pelo caminho. “A gente já conta que a mortalidade é grande”, ressalta.

A origem do fundo

A criação do fundo foi proposta pelo BNDES em 2018. A ideia era ter um veículo que ajudasse a incentivar e a disseminar melhores práticas no nascente mercado de investimento anjo no país. Quem nunca ouviu histórias (ou passou pela experiência) de ter um investidor com participação de 30% ou mais em uma startup, ou agindo mais como um “demônio” do que como um anjo.

O banco se comprometeu a colocar R$ 40 milhões dos R$ 60 milhões previstos inicialmente para o fundo, com uma gestora ficando responsável por levantar os R$ 20 milhões restantes. A DOMO foi escolhida em uma disputa que envolveu 14 casas e acabou levantando R$ 82 milhões para fazer os investimentos.

O Fundo Anjo foi o 2º fundo da DOMO. Hoje a gestora tem 4 (Anjo, DOMO Ventures I e II e Enterprise), com R$ 475 milhões captados.

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