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O Latitud, fundo de venture capital com foco na América Latina, se prepara para lançar uma ‘confraria’ de investidores-anjos como parte de sua visão de reduzir o atrito de investimentos em startups, captação de recursos e desenvolvimento de negócios.
A rede de anjos é o mais recente projeto da empresa fundada em 2020 pelos executivos de tecnologia Brian Requarth (fundador do Viva Real), Gina Gotthilf (ex-Duolingo) e Yuri Danilchenko (ex-Escale) para conectar fundadores latinos experientes a novos empreendedores, além de ajudá-los a criar ofertas de negócio relevantes e a levantar capital. Atualmente, a rede do Latitud envolve cerca de 700 agentes em toda a região, incluindo empresários e investidores – a empresa pretende aumentar esse número em cinco vezes em 2022.
Com seu primeiro grupo oficial de anjos previsto para ser lançado em 31 de janeiro, o Latitud pilotou o fellowship apenas para convidados com um grupo de investidores cujos negócios têm um valor combinado de aproximadamente US$ 25 bilhões. Os participantes desta primeira fase incluem nomes como Loreanne Garcia, cofundadora da autotech mexicana Kavak, e Paulo Veras, cofundador da empresa de mobilidade 99, o primeiro unicórnio brasileiro.
De acordo com Brian, em vez de visar um certo número de anjos na ‘confraria’, o projeto trata de reunir um grupo de indivíduos de alto calibre. “Se você olhar para os Estados Unidos ou alguns lugares na Europa, há um grande volume de [fundadores] reinvestindo no ecossistema agora. Então achamos que existem centenas, senão milhares, de futuros investidores anjos [na América Latina]”, diz o investidor em entrevista ao Startups.
Ainda segundo o executivo – que vendeu o Grupo ZAP, do qual o Viva Real faz parte, para a OLX por R$ 2,9 bilhões em 2020 e investiu pessoalmente em cerca de 80 startups latinas como anjo – a cena angelical da América Latina está prosperando. Ainda assim, as informações sobre potenciais oportunidades de investimento geralmente são limitadas a alguns grupos de fundadores do WhatsApp. “Alguém ainda não organizou isso”, observa.
Orientação e acesso
Assim que for lançado oficialmente, a ideia é que o grupo ofereça orientação e acesso ao fluxo de negócios. “Assim como ser um fundador, você tem dúvidas sobre seu investimento anjo, como: ‘Esta é a decisão certa? Como faço meus impostos? Como organizar uma pessoa jurídica? São questões que buscaremos responder”, afirma Brian.
A confraria de anjos vem para somar aos programas focados em fundadores da Latitud, onde empreendedores pagam uma taxa de US$ 1 mil para receber orientação e conselhos de negócios de fundadores de sucesso – o último programa, que começou esta semana, teve mais de 100 inscrições de fundadores em toda América Latina e EUA. No entanto, Brian diz que a taxa para o fellowship de anjos ainda não foi definida. “Sou experiente o suficiente para saber que você não precisa ter todas as respostas, você só precisa ter boas perguntas. E [como rentabilizar a rede dos anjos] é uma questão que ainda não respondi”, observa.
Ao pilotar a iniciativa, o fundo pôde aprender mais sobre o estado atual da “alfabetização dos anjos” na América Latina. “Descobrimos que mesmo os melhores fundadores das principais empresas da região ainda precisam aprender a investir como um anjo e ainda precisam de colegas para coinvestir. Por isso, queremos abordar esses pontos problemáticos e conectá-los aos nossos fundadores para ajudá-los a angariar fundos”, diz Tomas Roggio, head de ventures da Latitud.
Roadmap dos próximos passos
O roadmap da companhia para os próximos meses inclui ainda o lançamento de uma plataforma de produtos digitais que os fundadores poderão usar para acelerar seus negócios, juntamente com o desenvolvimento do Latitud Launch. Este marketplace estreou em dezembro para ajudar fundadores a mostrar suas ofertas a potenciais investidores e clientes.
“Em um futuro imediato, nos tornaremos referência para quem está iniciando uma empresa de tecnologia na América Latina. E também, se você for um investidor, seremos referência em termos de onde encontrar os melhores investimentos”, argumenta Brian, acrescentando que a visão da Latitud vai além da educação e que novas iniciativas são uma porta de entrada para sua próxima fase.
Mais para frente, a empresa pretende aumentar o pool de parceiros limitados para seu fundo, que atraiu US$ 10 milhões. Os apoiadores incluem nomes como Gabriel Braga, cofundador da proptech QuintoAndar, além de David Vélez, fundador e presidente do Nubank, além de Sergio Furio, fundador da fintech Creditas e Florian Hagenbuch e Mate Pencz, cofundadores da proptech Loft.
Além disso, o fundo possui gestores de fundos de VC globais entre seus investidores, com valores médios de cheque acima de US$ 100 mil. Segundo Brian, ainda é cedo para falar em retornos. Ainda assim, insights dos mais de 60 investimentos feitos pelo Latitud em menos de um ano – como a fintech Pomelo, de Buenos Aires, que o fundo investiu em sua fase de pré-seed e já levantou mais de US$ 45 milhões – dão uma noção do potencial.
Apesar da atual incerteza macroeconômica na América Latina, a equipe do Latitud está otimista com as perspectivas para 2022, segundo Tomas, com uma quantidade crescente de profissionais talentosos interessados em iniciar seus empreendimentos. “Muitas pessoas da nossa comunidade estão deixando empregos corporativos altamente remunerados em bancos e consultorias e dando o salto para o empreendedorismo em uma taxa muito maior do que há cinco anos. Por isso, queremos ser um catalisador que empodere esses fundadores emergentes”, destaca o investidor.
Com acesso a conexões e capital, o principal desafio da equipe Latitud, segundo Brian, é priorizar. “Vejo um mundo de oportunidades na América Latina e muitas vezes fico acordado até tarde pensando nas possibilidades”, diz. “Ainda é muito cedo, e estamos fazendo isso há pouco mais de um ano. E eu diria que começamos muito bem.”
(tradução por Fabiana Rolfini)